Sociedade | 10-12-2023 07:00

Renova anuncia medidas para tornar mais acessível a nascente do rio Almonda

Renova anuncia medidas para tornar mais acessível a nascente do rio Almonda
Autarcas e a comunidade continuam a defender o acesso livre à nascente do rio Almonda

Empresa de Torres Novas garante estar a trabalhar num caminho para “garantir visita segura ao espaço” da nascente do Almonda e desenvolver um estudo paisagístico para a área envolvente, onde tem instaladas vedações que impedem o acesso.

A Renova - Fábrica de Papel do Almonda, sediada na freguesia da Zibreira, concelho de Torres Novas, enviou uma comunicação aos presidentes da Câmara e Assembleia Municipal de Torres Novas, a informar que está a avançar com um conjunto de trabalhos para melhorar o acesso ao local onde brotam as águas da nascente do rio Almonda, que se encontra vedado por decisão da empresa, que alega motivos de segurança. A informação, partilhada na última sessão pelo presidente da assembleia municipal, José Trincão Marques, surge ano e meio depois de ter sido entregue àquele órgão deliberativo uma petição assinada por 900 pessoas a exigir um plano de requalificação da zona envolvente à nascente do rio e a retirada da vedação metálica, que há anos impede o livre acesso aos visitantes.
“Temos vindo a trabalhar para que a nascente do Almonda seja mais acessível. É com grande satisfação que anunciamos que o caminho que permitirá fazer essa visita está prestes a ser concluído. Esta nova estrutura, integrada harmoniosamente no contexto do edificado preexistente, vai garantir aos cidadãos uma visita segura ao espaço”, refere a comunicação assinada pelo CEO da Renova, Paulo Pereira da Silva, que não especifica se as visitas poderão ser feitas com livre acesso ou apenas com marcação prévia, através da Renova. O MIRANTE procurou esclarecer esta questão junto da empresa mas sem sucesso até à data de fecho desta edição.
Segundo a mesma missiva, a Renova está ainda a “desenvolver um estudo paisagístico para a área envolvente, nomeadamente no que respeita às vedações”. Um estudo, refere Paulo Pereira da Silva, que “visa a harmonização do espaço respeitando a sua fragilidade, importância histórica, geológica, biológica e a propriedade, observando simultaneamente as normas de segurança existentes”. O CEO acrescenta, por último, que estão “confiantes de que esta iniciativa irá dar um grande realce à beleza natural e à importância cultural da nascente do Almonda”.
Visitas são possíveis
mas só com marcação prévia
Tratando-se de uma assembleia extraordinária, após a leitura da comunicação da Renova os eleitos não puderam pronunciar-se acerca da mesma. No entanto é sabido que algumas forças políticas com assento naquela assembleia municipal, nomeadamente CDU e Bloco de Esquerda, se têm pronunciado contra a interdição do livre acesso à nascente do rio pela Renova. “A APA [Agência Portuguesa do Ambiente] já deu razão a quem quer tirar dali a rede. A câmara municipal é que tem de dizer o que é seguro ou inseguro, não cabe a uma empresa vedar o acesso à água que é do domínio público. A água é de todos”, disse a O MIRANTE, em Agosto deste ano, o eleito da CDU, Júlio Costa, a propósito da demora em se fazer cumprir a recomendação aprovada em assembleia municipal, em Julho de 2022, que derivou da petição com nove centenas de subscritores.
A própria APA, recorde-se, numa resposta enviada à assembleia municipal, deixou claro que a água do rio Almonda é “pública e não particular” e que a instalação de uma vedação no local exigiria uma licença que a Renova não possui.
Por sua vez, a Renova entende estar no direito de vedar o acesso à nascente por questões de segurança e por se tratar de propriedade privada. Em Outubro deste ano, veio a público que a empresa apresentou queixa contra um grupo de pessoas que passaram o Dia da Espiga junto à nascente, alegando que transpuseram as vedações metálicas, ou seja, que na óptica da empresa invadiram propriedade privada. Na altura, o director de Marketing da Renova, Luís Saramago, sublinhou a O MIRANTE que quem quiser visitar a nascente “em segurança” o deve fazer junto da empresa, com marcação prévia.

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