Benagro de Benavente em estado insolvente por dívida a fornecedores
A cooperativa de agricultores de Benavente está numa situação difícil depois de pelo menos três anos de prejuízos e de uma gestão que levanta dúvidas à direcção.
Um fornecedor pediu a insolvência da Benagro que foi declarada pelo tribunal, numa altura em que se negociava a venda de um terreno avaliado em três milhões, que iria dar um fôlego à organização com quatro décadas para tentar dar a volta às dificuldades. Mas ainda há a esperança de o administrador de insolvência propor um plano de recuperação evitando para já o fecho.
A Benagro, uma das cooperativas agrícolas mais antigas da região, foi declarada insolvente pelo Juízo de Comércio do Tribunal de Santarém. A insolvência foi requerida por um fornecedor da cooperativa de Benavente. A situação ocorre numa altura em que a organização poderia beneficiar de alguns investimentos que fez, como a venda de um terreno de dez hectares avaliado em cerca de três milhões de euros quando a dívida é de cerca de quatro milhões. O presidente, Eusébio Domingos, reconhece que houve erros de gestão de que a direcção não se apercebeu por, devido às suas vidas profissionais, não estarem permanentemente na cooperativa.
A insolvência foi pedida por uma empresa de horticultura e comércio de produtos agrícolas de Salvaterra de Magos, a Braga e Zeferino, que é uma das 39 credoras da cooperativa fundada em 1980 e que reúne sobretudo produtores de arroz e de tomate. Entre os credores estão pessoas em nome individual, sociedades do sector, instituições bancárias como a Caixa Agrícola de Salvaterra de Magos, a Caixa Geral de Depósitos e o Banco Comercial Português, além das sociedades de garantia mútua Agrogarante e Garval. O Estado também é credor através da Autoridade Tributária e a Segurança Social.
O administrador de insolvência foi incumbido de elaborar um relatório do “estado da contabilidade do devedor e a sua opinião sobre os documentos de prestação de contas e de informação financeira juntos aos autos pelo devedor”. Mas pode haver ainda uma esperança porque o administrador de insolvência pode indicar “perspectivas de manutenção da empresa, no todo ou em parte, da conveniência de se aprovar um plano de insolvência, e das consequências decorrentes para os credores nos diversos cenários figuráveis”.
O presidente da cooperativa diz em declarações a O MIRANTE que as contas eram apresentadas nas assembleias-gerais e que estavam ratificadas pelo Revisor Oficial de Contas, sendo que, sublinha, não se previa que viesse a acontecer uma situação destas. Eusébio Domingos esclarece que se começou a perceber que a Benagro estava a dar prejuízo de há três, quatro anos a esta parte. Houve a perspectiva de se fazer uma unidade de secagem de arroz, que chegou a ter um financiamento aprovado de três milhões de euros, mas que não foi em frente por falta de garantias de os agricultores colocarem o arroz suficiente para o equipamento ter rentabilidade. “Ainda bem que o projecto não se concretizou porque agora o trambolhão era maior”, refere.
A Benagro passou por várias fases de crescimento como a fusão com a Coopermagos, que lhe deu mais área de tomate e aumentou a capacidade de negociação com a indústria. Esteve também na constituição da União de Cooperativas – Univegetal, com CADOVA, CDA e Agrocampreste. Segundo consta do Anuário do Sector Cooperativo, a cooperativa em 2007 tinha um volume de facturação de 7,2 milhões de euros e em 2011 estava em quase 13 milhões de euros ocupando a posição 35 no anuário das 100 maiores cooperativas.