Sociedade | 17-12-2023 21:00

Médica que dava consultas em Assentis abandona projecto Bata Branca por falta de pagamento

Comissão de utentes diz que profissional de saúde desistiu do projecto Bata Branca por falta de pagamento da Misericórdia e Câmara de Torres Novas. Provedor fala em atrasos no estabelecimento dos protocolos e adianta que já há uma nova médica para entrar ao serviço. Presidente do município diz que autarquia só pode pagar a sua parte quando receber a factura.

A única médica que estava desde Outubro último a prestar serviço, através do projecto Bata Branca, no Centro de Saúde de Assentis e no pólo de Casais de Igreja decidiu abandonar o projecto por falta de pagamento, denunciou em comunicado a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), que acusa a Misericórdia e a Câmara de Torres Novas de não terem cumprido com as suas responsabilidades.
“Nem a Câmara de Torres Novas nem a Santa Casa lhe pagaram qualquer valor pelo trabalho prestado, até ao momento, apesar da insistência da referida médica”, escreve a CUSMT, defendendo que a perda da médica justifica voltar às manifestações contra a falta de médicos de família. Indignado está também o presidente de Junta de Assentis, Leonel Santos, lamentando que tenham deixado escapar uma médica que estava a prestar um serviço essencial numa freguesia onde os utentes estavam sem médico de família desde o final de 2022.
Em contraponto, o provedor da Misericórdia de Torres Novas, António Gouveia, refere em declarações a O MIRANTE que esta instituição ainda se encontra a aguardar a assinatura do protocolo com a União das Misericórdias que, por sua vez, ainda não estabeleceu, devido a burocracias e a um erro num dos documentos, o respectivo protocolo com a Administração Central do Sistema de Saúde. Apesar disso, e como se tratava de “uma situação de urgência”, a Misericórdia de Torres Novas “saltou alguns passos” para que os utentes de Assentis e Chancelaria passassem a ter médicos.
O provedor diz que tanto a médica colocada em Assentis como o clínico que está afecto a Chancelaria sabiam do atraso na assinatura dos protocolos e que a Misericórdia fez um esforço e “adiantou valor aos médicos sem receber” da União das Misericórdias e da câmara municipal. Esta última só o poderá fazer assim que estiver estabelecido o protocolo entre ambas as entidades. António Gouveia diz ainda que a médica terá entendido não esperar que tudo se resolvesse e assegura que, “como é óbvio”, irá receber o valor em falta, que optou por não adiantar.
Também o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, rejeita as acusações da CUSMT, sublinhando que esta autarquia só poderá efectuar os pagamentos quando tiver as respectivas facturas. “Obviamente que quando a câmara receber a factura da Misericórdia irá pagar”, salienta o autarca, elogiando a instituição por ter assumido uma responsabilidade que não é da sua competência e ter acelerado os procedimentos quando podia ter optado por não o fazer.

Nova médica em vias de entrar ao serviço
O provedor da Misericórdia de Torres Novas adiantou ao nosso jornal que na tarde de segunda-feira, 11 de Dezembro, reuniu com a nova médica que, ao que tudo indica, irá, através do Bata Branca, substituir a anterior na freguesia de Assentis. Apesar de não adiantar uma data concreta para a entrada ao serviço da nova profissional de saúde, António Gouveia afirmou que será para breve, caso esta aceite as condições.
Os médicos afectos ao projecto Bata Branca no concelho de Torres Novas têm estabelecido um horário de 40 horas semanais. Ao município de Torres Novas cabe o pagamento de 17 euros à hora e à Administração Central do Sistema de Saúde de 25 euros por hora à Misericórdia de Torres Novas, que, por sua vez, pagará 40 euros/hora aos clínicos.

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