Residências de estudantes do Politécnico de Santarém em risco de fechar por falta de condições
O presidente do Instituto Politécnico de Santarém afirma a O MIRANTE serem necessárias obras urgentes de requalificação de três residências de estudantes na cidade e admite que, caso não haja financiamento, essas estruturas podem ter de encerrar. Mas também há boas notícias: três novas residências estão em construção em Santarém e Rio Maior.
Algumas residências de estudantes do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) estão a funcionar em condições bastante precárias e a necessitar de obras urgentes, que numa primeira candidatura não tiveram financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já que as candidaturas para esse fim foram indeferidas no concurso pela comissão de avaliação nomeada pelo Governo. Em causa estão a Residência São Pedro, que tem 103 camas, a Residência Andaluz com 153 camas e a Residência Pedro Álvares Cabral, com 25 camas, cujo funcionamento está em risco caso não haja uma intervenção de fundo em breve.
O alerta é deixado pelo presidente do IPS, João Moutão, em resposta a uma série de questões colocadas por O MIRANTE: “A situação limite em que estas residências se encontram é do conhecimento da tutela, assim como a iminência do seu encerramento caso não venham a encontrar-se soluções de financiamento, uma vez que não há disponibilidade financeira para desenvolver obras de melhoramento e adaptação dos espaços por parte dos Serviços de Acção Social do IPSantarém”.
Apesar do chumbo dessa candidatura ao PRR, o IPS não deitou a toalha ao chão. A situação das residências e incapacidade de manutenção de fundo das mesmas, levou a que o presidente e a administradora dos Serviços de Acção Social do Politécnico de Santarém tenham nas diversas reuniões com a tutela alertado para a necessidade de intervenção nas mesmas e salientado a importância da reprogramação das verbas do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). Até porque muitas das candidaturas inicialmente aprovadas não saíram do papel e algumas estão em localidades onde não há estudantes do ensino superior, refere João Moutão.
O reforço financeiro do programa para residências de estudantes já foi publicamente anunciado e o IPS espera, desta vez, ter mais sorte. Para adiantar serviço, o IPS decidiu avançar com a elaboração dos projectos de requalificação das três residências que não foram seleccionadas inicialmente para financiamento no âmbito do PNAES. “Já informámos a tutela que estamos em condições de lançar o concurso para as obras de requalificação destas residências, e de garantir a sua execução eficaz e atempada. Estamos apenas a aguardar a indicação da existência de verbas do PNAES”, vinca João Moutão, que reforça: “Uma vez que existem verbas para estas requalificações no PNAES por via do PRR, seria muito incompreensível para os nossos estudantes que as mesmas não fossem disponibilizadas para onde existem estudantes e necessidades emergentes de intervenção”.
“Estes desenvolvimentos, creio, demonstram o compromisso do Politécnico de Santarém em fornecer infraestruturas de qualidade e atender às necessidades de alojamento dos nossos estudantes”, conclui João Moutão.
Novas residências a caminho de Rio Maior e Santarém
Mas nem tudo são nuvens negras neste capítulo. A capacidade de alojamento de estudantes do IPS vai ser reforçada com a construção de novas residências de estudantes que, se tudo correr bem, devem entrar ao serviço no próximo ano lectivo. Já foi dado início às obras das duas residências de estudantes aprovadas no âmbito do PNAES, uma no edifício da Escola Superior de Educação de Santarém (com 38 camas) e outra no colégio dos regentes na Escola Superior Agrária de Santarém (74 camas). “Mantendo o ritmo de trabalho e o empenho das equipas envolvidas, prevemos a inauguração destas residências em Setembro de 2024”, diz João Moutão.
O presidente do IPS adianta ainda que a construção da residência de estudantes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, dotada de 100 camas, tem também avançado a passos largos. “Estamos optimistas e ansiosos pela data prevista da sua inauguração, que está marcada para o dia 6 de Junho de 2024”, revela.
PCP denuncia falta de condições das residências e interpela Governo
A concelhia de Santarém do Partido Comunista Português (PCP) emitiu recentemente um comunicado onde alerta para a falta de condições das residências estudantis do Politécnico de Santarém. “O PCP tomou conhecimento da denúncia do grave nível de degradação das residências estudantis do Instituto Politécnico de Santarém, demonstrando o grave nível de subfinanciamento no ensino superior. As instalações sofrem de infiltrações, portas partidas, cozinhas inoperacionais, bases de duche enferrujadas, entre outros problemas”, descreve o PCP. No mesmo comunicado, o PCP interpela o Governo para saber se está prevista alguma intervenção no sentido da melhoria das condições das infraestruturas existentes, de que tipo e para quando.
Segundo o presidente do Politécnico de Santarém, as actuais residências foram construídas em 1998, ainda sem recurso a legislação posterior, quer para o comportamento térmico (ainda caixilharia de vidro simples) quer para as acessibilidades (não têm elevador) só para dar dois exemplos. Necessitam de alterações de fundo, quer ao nível da melhoria dos materiais, quer, ainda, ao nível do ajuste da arquitectura para aumentar as áreas de salas, por exemplo. “Considerando que este tipo de edifícios tem uma vida útil de 60 anos (sem intervenções) constata-se que já decorreu mais de um terço da sua vida sem as necessárias intervenções, diz João Moutão.