Maria Pereira é a vendedora de castanhas mais conhecida de Santarém
Em pleno centro histórico de Santarém está montado o assador de castanhas de Maria Pereira, escalabitana de 63 anos, que é um dos rostos mais conhecidos da cidade. Durante o dia muitas são as pessoas que a procuram, também para pôr a conversa em dia.
Maria Pereira, 63 anos, é natural de Santarém e vende castanhas há mais de quatro décadas. Há vários anos que tem a sua banca de venda localizada no centro histórico de Santarém, na Rua Capelo e Ivens. A sua simpatia e boa-disposição são a imagem de marca de uma comerciante que se tornou um dos rostos conhecidos da cidade e que também é procurada por quem gosta apenas de “pôr a conversa em dia”.
Maria Pereira vem de uma família ligada à venda de castanhas e afirma que houve uma queda de produção motivada pelas alterações climáticas. O pai, que trabalhava como carpinteiro, e a mãe, que se dedicava a cuidar do lar, já eram vendedores na cidade. Desde sempre que olha para o ofício como “uma forma de ganhar a vida”, sendo que normalmente trabalha de Outubro a Dezembro. Maria Pereira costumava fazer a campanha da vindima nos Cadafais, freguesia do município de Alenquer.
Sobre o centro histórico de Santarém, a comerciante tem uma opinião bem-formada: “O nosso centro histórico tem cada vez menos pessoas. É uma realidade muito difícil para quem trabalha e tem negócios nesta zona nobre da cidade. As vendas têm caído de ano para ano”, lamenta. A redução do número de estabelecimentos e a degradação do centro histórico são alguns dos problemas apontados pela experiente assadora de castanhas, que recorda com nostalgia o dinamismo do espaço nos tempos da sua juventude. A expansão da cidade e a deslocação de serviços para outros pontos levou também, no seu entender, a uma perda de visitantes e consequentemente ao desinvestimento no centro histórico. “Está mal conservado e sem beleza”, salienta.
Maria Pereira já colocou várias vezes a hipótese de pôr um ponto final no negócio, mas confessa que ainda não “arrumou as botas” porque os seus amigos e clientes habituais a têm motivado a continuar. “Até agora ainda não tive prejuízo, mas vivo perto do limite”, sublinha a O MIRANTE, acrescentando que em muitas ocasiões vende fiado aos clientes que não têm possibilidade de pagar na hora. “Temos que ser generosos para algumas pessoas”, vinca.