Vila Franca Centro continua sem solução à vista após nova reunião
Donos das lojas vão decidir depois do Natal se querem vender as suas fracções por 192 euros o metro quadrado mas já se sabe que o valor não reúne consensos e por isso uma solução para o espaço continua longe. Câmara está disponível para vender estacionamento que custou 200 mil euros ao erário público.
Da quarta reunião promovida entre a Câmara de Vila Franca de Xira e os donos das lojas do devoluto centro comercial Vila Franca Centro (VFC), no dia 14 de Dezembro, continua sem existir unanimidade na intenção de venda das fracções. Na reunião, que se realizou à porta fechada na Fábrica das Palavras e onde marcaram presença representantes de 75% da permilagem do VFC, foram apresentados os resultados das avaliações feitas por três entidades escolhidas pela comissão de proprietários, conforme tinha sido acordado na reunião anterior. Todas as avaliações colocam como possíveis usos futuros do Vila Franca Centro a sua manutenção como centro comercial, mudança e adaptação a edifício residencial, transformação em apartamentos de renda acessível ou em edifício de serviços.
A média encontrada pelas avaliações realizadas pelas empresas JLL, Prime Yield e o perito Vítor Mateus Soares apontam um valor global do imóvel de 3 milhões e 765 mil euros, do qual resulta um valor por metro quadrado de 192,87 euros. É agora, com base nesse valor, que os donos das lojas terão de decidir se querem vender as suas fracções. Se concordarem vender, a delegação de Vila Franca de Xira da Ordem dos Advogados vai ajudar na emissão de uma procuração comum de venda no início de 2024. A ideia, apurou O MIRANTE, é permitir ficar já com uma visão clara de quem efectivamente está disponível para vender as lojas e ajudar a resolver o problema. Quem não concordar terá depois de negociar a venda posteriormente mas, recorde-se, basta um proprietário recusar a venda da sua fracção para que a venda da totalidade do edifício se torne mais difícil de concretizar.
Um estacionamento que saiu caro
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, já veio dizer que se coloca do lado da solução para acabar com aquele problema de salubridade no centro da cidade e está disponível para vender o estacionamento do VFC que, em 2019, a câmara comprou por 200 mil euros. A acontecer a venda, será por um preço inferior ao que o município pagou há quatro anos. A câmara comprou o espaço mas não acautelou que o acesso pedonal ao estacionamento é feito apenas pelo interior do centro comercial e que, por não ser dona dos espaços comuns, nunca o conseguiria colocar ao serviço da comunidade enquanto o centro comercial permanecer encerrado e ao abandono. “É urgente criar condições para que alguém consiga desenvolver um novo projecto para aquele edifício. O pior cenário é ficar como está”, lamenta Fernando Paulo Ferreira.
O Vila Franca Centro foi edificado em 1994 e funcionou durante duas décadas. Ficou na história por ter sido o primeiro cinema do país a estrear a tecnologia de imagens de grandes dimensões (IMAX) mas foi sucessivamente definhando por causa do modelo de negócio adoptado – lojas vendidas a particulares ao invés de uma rotação de negócios como existe nos centros comerciais actuais – e em 2013 já só tinha duas dezenas de lojas abertas. A administração do centro, mergulhada em dívidas, abriu insolvência e o espaço fechou definitivamente em Outubro desse ano e manteve-se fechado até hoje.