Sociedade | 02-01-2024 07:00

Escolas de Almeirim fazem a sopa sem descascar os vegetais

Escolas de Almeirim fazem a sopa sem descascar os vegetais
Sopa com cascas está a ser cozinhada nas escolas de Almeirim

Durante um mês os alunos de todas as escolas do concelho de Almeirim andaram a comer nos refeitórios sopa com cascas misturadas sem saberem. Ninguém deu pela diferença e o desafio estava ganho.

Quando as crianças e adolescentes foram informados, ficaram a saber que a sopa com cascas de batatas, cenouras, abóboras, curgete e talos de alface e couve são mais ricas e poupam quatro toneladas de desperdícios.

Os alunos das escolas do concelho de Almeirim andam a comer cascas na sopa e não notaram qualquer diferença. Nem os pais que vão às escolas comer com os filhos, numa iniciativa do município para que os encarregados de educação saibam o que se come, e só no mês de Novembro foram 126. Está a fazer um ano que as sopas são feitas com batatas, cenouras, curgetes e abóboras com casca. Os purés de fruta das crianças da creche também são feitos com cascas. A alimentação fica mais rica com mais nutrientes e poupa-se no tempo e no desperdício. Com esta medida já se aproveitaram quatro toneladas de desperdícios que iriam para o lixo.
A medida começou a ganhar forma em Janeiro de 2023 num desafio colocado pela própria empresa que tem a concessão das refeições, a Gertal. Fez-se a experiência, deu-se as sopas aos adultos da comunidade escolar e a ideia ganhou forma. Seguiram-se as análises microbiológicas feitas pela empresa e a confecção avançou para os pratos dos alunos desde a creche ao secundário. Primeiro andaram um mês a comer as novas sopas, que também levam talos de alface e de couve, sem saberem. O segredo tinha o objectivo de se perceber se as crianças e adolescentes notavam alguma diferença ou se percebiam que a sopa tinha cascas. Ninguém se manifestou e só ao fim de um mês é que a inovação foi divulgada nas escolas.
A nutricionista municipal Débora Marcelino entusiasmou-se de tal forma com a ideia que agora em casa também usa cascas nas sopas. O que mais lhe fazia confusão no início era a casca de abóbora, por ser mais dura e estava céptica quanto ao conseguir-se usar na sopa. Mas as experiências iniciais mostraram que afinal a casca ficava cozida como os outros ingredientes. A “doutora da comida”, como lhe chamam nas escolas, explica que o sabor não se altera e nem se nota que a sopa tem cascas.
Neste projecto foi dada formação às cozinheiras, que receberam bem a ideia conforme se constata na cozinha da Escola dos Charcos, que serve os refeitórios das escolas da cidade, onde O MIRANTE esteve a ver confecionar a sopa. As cozinheiras mexem as panelas fumegantes com o sorriso de quem está a fazer inovação. Dizem que se poupa trabalho, mas ainda não contabilizaram o tempo porque isso não é o mais importante. A abóbora era a que demorava mais a descascar, já que as batatas e as cenouras eram metidas num descascador eléctrico. O que se alterou foram as lavagens dos alimentos, que agora têm de passar por mais águas.
O presidente da câmara diz que este projecto vem ao encontro daquilo que são as preocupações com os desperdícios alimentares, que “não são só as quatro toneladas que deixamos de colocar no aterro sanitário, ou que deixamos de levar para compostagem, mas são também quatro toneladas que consumiram recursos ambientais, de solo, de água, de produtos e que depois eram deitados fora”. Pedro Ribeiro realça que a segurança alimentar e a qualidade nutricional estão garantidas, sublinhando que as cascas aumentam substancialmente o valor nutricional e por isso “está-se a fazer melhor, mais e com menos”.

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