Sociedade | 04-01-2024 10:00

Quando os genes nos roubam a visão e nos obrigam a reaprender a viver

Quando os genes nos roubam a visão e nos obrigam a reaprender a viver

O Forte da Casa é uma armadilha para quem não consegue ver, com carros nos passeios, pilaretes, buracos mal assinalados e floreiras no caminho de quem é cego. Hoje assinala-se o Dia Mundial do Braille e O MIRANTE partilha a história de Humberto Baptista, pasteleiro, que perdeu a visão pouco depois dos 30 anos e teve de reaprender a viver.

Ficar cego não é uma sentença para a vida e o importante é que a pessoa nunca desista nem se deixe abater pela inevitabilidade, diz Humberto Baptista, 66 anos, morador do Forte da Casa que cegou pouco depois dos 30 anos.

Deixar de ver foi uma descida ao inferno para Humberto Baptista. Primeiro não aceitou a doença, refugiou-se no álcool para superar uma depressão - o que ainda foi pior - e depois isolou-se do mundo. Só ao fim de uns anos, motivado por uma cunhada que lhe ofereceu uma bengala, começou a sair de casa. Primeiro durante poucos minutos e depois gradualmente andando e caindo nas ruas do Forte da Casa, que diz serem um inferno para quem é cego.

Natural de Miragaia, concelho da Lourinhã, Humberto Baptista viveu quase toda a vida no concelho de Vila Franca de Xira e trabalhava como pasteleiro em Lisboa. Aos poucos começou a ver uma neblina que pensava ser provocada pelos óculos e os vapores dos fornos. Afinal era mesmo uma doença genética sem cura chamada retinose pigmentar, um grupo de distúrbios genéticos raros que afectam a capacidade da retina em processar a luz, resultando numa perda gradual da visão. A nível mundial a doença afecta uma em cada 40 mil pessoas e os primeiros sintomas são a dificuldade em ver à noite e na visão periférica (dos lados). A maioria dos doentes com retinose pigmentar perde a maior parte da visão quando são jovens adultos e aos 40 anos são já muitas vezes considerados cegos.


* Notícia desenvolvida na edição impressa de O MIRANTE

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