Sociedade | 06-01-2024 13:01

Moita Flores está a ser julgado por corrupção e desvaloriza investigação

Moita Flores está a ser julgado por corrupção e desvaloriza investigação

Francisco Moita Flores começou a ser julgado em Santarém por corrupção e branqueamento, no tempo em que era presidente do município, num caso que envolve a empresa que construiu o parque subterrâneo e a empresa do filho. O escritor e ex-inspector da Judiciária diz que é vítima de um esquema e que o caso é uma “perversão judiciária”.

O julgamento de Francisco Moita Flores, acusado de corrupção e branqueamento quando era presidente da Câmara de Santarém, a fazer um autêntico discurso de duas horas em que por várias vezes desvalorizou a investigação da Polícia Judiciária e chamou depreciativamente aos inspectores da casa a que pertenceu “os rapazes”. Defendeu uma teoria da cabala, criticando a investigação e o Ministério Público. Na primeira pergunta feita por um dos advogados levantou-se uma questão de conflito de interesses por parte da inspectora coordenadora da investigação porque quando ela era miúda a brigada a que pertencia Moita Flores fez uma busca a casa do pai dela.

Na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Santarém, o ex-autarca, escritor e antigo inspector da Judiciária, disse que conhecia a inspectora Perpétua Cristino no âmbito do caso em que o pai dela e o irmão foram detidos, há muitos anos, mas que agora não a conhece. Foi requerida pelo advogado do empresário Gaspar Barbosa Borges, da ABB Construções, a suspensão do julgamento para se avaliar a questão da falta de imparcialidade e conflito de interesses, mas o colectivo de juízes não aceitou e deu um prazo de 10 dias para juntarem provas, tendo decidido continuar o julgamento.

Moita Flores considerou que primeiro o escolheram como criminoso e depois é que foram à procura das provas para o acusar, dando sempre a ideia de que foi tramado pelos actuais autarcas de Santarém, como o presidente Ricardo Gonçalves e o vereador João Leite, a quem chamou um serviçal do presidente e dizendo que ele vai ao tribunal mentir como já fez antes no processo. Moita Flores disse que é vítima de uma investigação inquinada com origem numa “perversão judiciária”.

Francisco Moita Flores foi pronunciado pelos crimes de corrupção e branqueamento, tendo a juíza de instrução criminal Ana Cristina Cardoso considerado existirem elementos suficientes de que o ex-autarca beneficiou a empresa ABB, que construiu o parque de estacionamento subterrâneo no centro da cidade, e que tirou vantagem disso. A juíza conformou a tese do Ministério Público de que Moita Flores recebeu 300 mil euros por intermédio de sociedades ligadas ao grupo ABB e ao filho.

O despacho de pronúncia realça que o cheque de 300 mil euros foi emitido em Braga, entrou numa conta da Introsys, do seu filho que também é arguido, na CGD de Almada, de onde saíram 250.813 euros para a sociedade Antinomia – Produções de Vídeo para uma conta do BES no Saldanha (Lisboa). Ana Margarida Fernandes disse estranhar que o valor tenha sido transferido para a Antinomia numa altura em que a Introsys estava em dificuldades financeiras e no mesmo ano em que foram tomadas as decisões que “beneficiaram a ABB”.

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