Artelinho é uma cooperativa em Alcaravela que mantém vivas as tradições locais
Cooperativa Artelinho, em Alcaravela, tem à disposição da população um serviço de pastelaria, tecelagem, bordados, entre outros. Maria Alina Rodrigues é uma das fundadoras da associação e diz que o que mais a motiva é o amor pelos trabalhos manuais e a vontade de manter vivas as tradições locais.
Maria Alina Rodrigues é uma das fundadoras da Cooperativa Artelinho, em Alcaravela, no concelho do Sardoal. Em 1989 a cooperativa começou com um grupo de seis dezenas de mulheres com o objectivo de ajudar pessoas carenciadas. Em 1992, com o apoio de um engenheiro municipal, inauguram o espaço que é sede da associação. Os trabalhos, tal como os de hoje, estavam ligados ao vime, cesteiros, tecedeiras e bordados. Conta que foi com muito apoio, luta e esforço que conseguiram construir a cooperativa.
Maria Alina Rodrigues começou a tear aos 15 anos com a mãe e manteve a ocupação até aos dias de hoje. Desde 2019 que trabalhava sozinha na cooperativa até à chegada de Maria Graciosa Rodrigues, em 2022. Alina Rodrigues diz que a colega e amiga foi uma preciosa ajuda, que aprendeu rápido e “entrou com o pé direito”. As duas amigas contam a O MIRANTE que tem havido cada vez menos trabalho e que, por isso, só costumam estar na cooperativa no período da tarde. Mantas, naperons, colchas, toalhas de mesa e tapetes são alguns dos trabalhos que vão fazendo e que vendem a alguma clientela que já está fidelizada.
Além dos teares, a cooperativa conta com trabalho de bordados, onde colaboram três mulheres, e com uma pastelaria, com outros três cooperantes. Maria Graciosa Rodrigues que ajuda principalmente na tecelagem também dá uma mãozinha na pastelaria onde confecciona ferraduras, bolos secos, cavacas e suspiros. Por encomenda também é possível comprar tigeladas, tartes e queijadas. Os bolos são vendidos na cooperativa e podem ser encontrados em alguns cafés no concelho de Abrantes e numa bomba de combustível no Sardoal. Na época natalícia, altura em que foi realizada a conversa com o nosso jornal, a oferta aumenta com bolo-rei, sonhos, azevias, torta de laranja e tarte de amêndoa.
Maria Alina Rodrigues explica que as principais dificuldades da cooperativa são os poucos recursos humanos e a falta de interesse da população nos produtos tradicionais. “Ainda há quem dê valor, mas já são poucas pessoas. Dizem que é o trabalho das velhas. A tecelagem dá muito trabalho e leva muitas horas, monetariamente não conseguimos concorrer com as lojas que vendem os produtos muito mais baratos”, lamenta.