Sociedade | 16-01-2024 10:00

Dificuldades financeiras da Nersant originam ofensa a Pedro Ferreira

Dificuldades financeiras da Nersant originam ofensa a Pedro Ferreira
O edifício do CRIT apareceu grafitado no final da passada semana e Pedro Ferreira é o alvo embora o negócio com a Nersant esteja ainda longe de se concretizar. fotoDR

A Câmara de Torres Novas aceitou conversar com a Nersant sobre a possibilidade de comprar o antigo pavilhão de feiras que inclui um auditório e vários gabinetes.

Pedro Ferreira quer ajudar a associação a sair do sufoco financeiro mas já está a ser enxovalhado embora a negociação ainda esteja muito longe de estar concluída.

As dificuldades financeiras da Nersant Associação empresarial da Região de Santarém estão a comprometer o bom nome dos autarcas de Torres Novas nomeadamente do seu presidente, Pedro Ferreira. O prédio pichado, que é a ilustração deste texto, mostra como Pedro Ferreira está a ser enxovalhado de uma forma considerada inaceitável para uns e terrorista para outros. O prédio onde estas inscrições foram pichadas pertence ao CRT de Torres Novas e tem o nome de Pedro Ferreira desde 2021, numa homenagem da direcção da instituição ao presidente da câmara que é um dos fundadores da associação e ainda hoje membro da direcção.
A acusação baseia-se numa negociação que ainda decorre entre a câmara e a Nersant, que quer que a autarquia compre o seu pavilhão de exposições que está ao abandono. A Nersant pretende ainda com esta venda obter dinheiro para sair do sufoco financeiro em que a anterior direcção de Domingos Chambel deixou a associação. Recorde-se que Domingos Chambel geriu a Nersant durante um mandato, passou o tempo todo da sua gestão em guerras internas e a financiar a associação do seu próprio bolso. O resultado foi a saída do director executivo que se despediu com justa causa, a saída de vários elementos da direcção antes do fim do mandato, e a tentativa de apoucar alguns dos seus colegas de direcção, como foi o caso de José Coimeiro que era um dos principais sócios da Nersant Seguros e foi ignorado por Domingos Chambel na hora de escolher um novo presidente do conselho de administração.
José Coimeiro exerceu a sua importância como sócio investidor e Domingos Chambel ficou mal visto, assim como António Rodrigues, um dos vice-presidentes da direcção, que não terá percebido o convite envenenado do seu líder. Domingos Chambel passou ainda o seu mandato a desfazer o trabalho dos seus antecessores, José Eduardo Carvalho e Salomé Rafael, e não se recandidatou a novo mandato, mas ficou na nova direcção como presidente da assembleia-geral. O facto de depois das eleições já ter financiado a associação com o seu dinheiro, prova que o actual presidente, António Pedroso Leal, não se libertou da sua influência.

Pedro Ferreira sem nada na manga
O MIRANTE falou há cerca de dois meses com Pedro Ferreira que assumiu haver conversas com a direcção da Nersant, mas que os valores que estavam a ser pedidos eram muito acima daquilo que a câmara estaria disposta a negociar se o executivo assim o aprovasse. Reconheceu que a situação do pavilhão é uma vergonha para Torres Novas e lembrou que a autarquia tem cerca de 25 por cento do valor da venda do mesmo, o que facilitaria a negociação. À pergunta sobre um contencioso entre a Câmara de Torres Novas e a Nersant, que dura há décadas, relacionado com o pagamento da luz eléctrica que a associação fornece para uma feira realizada perto da sua sede, Pedro Ferreira afirmou que a compra do pavilhão, por preços razoáveis, era também um bom pretexto para encerrar esse contencioso. Lembrou ainda que a candidatura conjunta a um Centro Tecnológico para a Indústria poderá ser também uma boa razão para uma colaboração entre a autarquia e a associação empresarial. Pedro Ferreira reconheceu que a negociação sem o centro de tecnologia será mais difícil, o que poderá ser o caso agora, tendo em conta que o projecto foi chumbado em Lisboa, embora a Nersant tenha recorrido.

Opinião

Nersant deixou de ser uma associação de confiança

Domingos Chambel só precisou de um mandato para transformar a Nersant numa associação sem crédito bancário e à beira da ruptura. Já passaram quatro meses depois da eleição da nova direcção, mas é fácil perceber que Domingos Chambel domina a gestão e limita, ou controla, a acção dos novos dirigentes de que faz parte embora na assembleia-geral.

A Nersant foi durante muitos anos uma associação empresarial considerada modelo no país. Começou a ganhar visibilidade com a presidência de José Eduardo Marçal, mas foi durante os mandatos de José Eduardo Carvalho que a associação ganhou dimensão regional e aumentou o seu património. Não havia outra instituição que fosse um elo de união na região ribatejana, e um exemplo daquilo que pode ser conquistado com políticas que dêem importância à regionalização. Os empresários com problema com as Finanças, a Segurança Social, a desconfiança dos bancos, e as limitações para chegarem aos responsáveis pelos organismos do Estado, tinham na direcção da Nersant as pessoas certas e com influência que davam a cara por eles e ajudavam a resolver problemas. Foi assim até Domingos Chambel tomar de assalto a Nersant, e em menos de três anos deixar a associação em risco de fechar. O que se está a passar com a Nersant é um escândalo que já serve para ofender publicamente, de forma cobarde e lesando o património, e o presidente da Câmara de Torres Novas, que não é visto nem achado nas patifarias de Domingos Chambel e companhia como dirigentes associativos.
Pedro Ferreira faz bem em dar a mão à Nersant desde que não compre velho pelo valor do novo, e tenha a certeza que a associação não continua directa ou indirectamente a ser controlada pelo empresário de Abrantes, Domingos Chambel. Se tiver de ser a câmara de Torres Novas a salvar a Nersant, para Domingos Chambel recuperar o dinheiro próprio que meteu na associação, é uma decisão errada. A Nersant não pode continuar refém de um dirigente que está na origem deste enxovalho a Pedro Ferreira. O novo presidente da direcção, António Pedroso Leal, tem que dar provas de que não é uma marioneta de Domingos Chambel, e que não vai continuar a gerir a associação com o dinheiro do presidente da assembleia-geral. José Eduardo Carvalho e Salomé Rafael deixaram um património que não pode ser desbaratado: pelo contrário, deve ser respeitado e valorizado para que a associação deixe de ser a vergonha pública que está a ser, mesmo depois da nova direcção já ter tomado posse há mais de quatro meses.
Nota final: Domingos Chambel geriu a Nersant durante um mandato como os velhos comunistas dos tempos de Estaline. Chegou a proibir jornalistas de exercerem o seu trabalho, e boicota informações aos associados à maneira da antiga polícia dos tempos do fascismo. O facto de ter feito um assalto ao poder, e de ter financiado a tesouraria da Nersant, é uma prova da tentativa de tomar conta da associação e de limitar o trabalho dos seus dirigentes. A Nersant tem um património, e um nome respeitado e valorizado, que deveria ser levado em conta antes de qualquer dirigente se atrever a condicionar o futuro da associação. Só não vê esta realidade quem é igual a Domingos Chambel e pensa e age como ele.

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