Sociedade | 17-01-2024 12:00

Municípios querem aproveitar milhões do PRR para dar habitação condigna a milhares de pessoas

Municípios querem aproveitar milhões do PRR para dar habitação condigna a milhares de pessoas
Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e IHRU assinaram recentemente um protocolo para a construção de 368 fogos a preços acessíveis em sete municípios. FOTO Câmara de Santarém

Dezoito municípios do distrito de Santarém têm acordos celebrados no âmbito do programa 1.º Direito, para investimentos da ordem dos 137 milhões de euros, que visam responder às necessidades de cerca de 1.790 famílias e 4.700 pessoas que vivem em condições consideradas indignas. Há muitas obras em perspectiva nos próximos anos.

Dos 21 municípios do distrito de Santarém apenas quatro - Almeirim, Chamusca, Coruche e Entroncamento - não celebraram ainda protocolo com o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), no âmbito do programa 1º Direito, para construção ou reabilitação de fogos destinados a famílias que vivem em condições consideradas indignas. Os municípios de Almeirim e Coruche estão a trabalhar para formalizar os acordos com o IHRU no âmbito do 1º Direito, sendo que a Câmara da Chamusca também tem a sua Estratégia Local de Habitação aprovada desde Fevereiro de 2022. O Entroncamento fica de fora, já que a oposição chumbou a proposta.
Dos acordos celebrados até ao momento com o IHRU, Benavente é o que apresenta o projecto de maior dimensão no distrito, com um investimento previsto de 30,7 milhões de euros (ME), com 28 milhões assegurados pelo IHRU sendo parte a fundo perdido e outra a título de empréstimo bonificado. Em Benavente pretende-se disponibilizar habitação condigna a 357 agregados familiares (888 pessoas).
O interesse dos municípios da região em aproveitar este programa de habitação, financiado também pelos milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) através do IHRU, levou mesmo a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) a seleccionar 11 gabinetes projectistas e oito para revisão dos projectos de construção e reabilitação de habitações com o objectivo de acelerar procedimentos e permitir que os municípios possam aproveitar financiamentos no âmbito do PRR e executem as obras até 2026. Os acordos celebrados com o IHRU têm duração máxima de seis anos.
No caso de Benavente o município propõe-se adquirir terrenos para construção de habitações unifamiliares (39) e colectiva (128), bem como edifícios para reabilitação, tanto para habitação social colectiva (40) e familiar (24) como para moradias (15). No outro extremo, Mação é o município do distrito de Santarém com o projecto de menor valor, da ordem dos 607 mil euros, prevendo a disponibilização de habitação para dez agregados (14 pessoas) através de aquisição e reabilitação de edificado.

IHRU financia com mais de 100 milhões
Nos acordos de colaboração celebrados no distrito de Santarém a verba comparticipada pelo IHRU ronda os 107 ME, a fundo perdido e/ou em empréstimos bonificados sendo que os municípios podem ir buscar a verba que lhes cabe ao PRR. Alcanena foi o primeiro concelho do distrito a celebrar acordo com o IHRU, em Fevereiro de 2021, tendo o executivo entretanto eleito (nas autárquicas de Setembro desse ano) negociado um aditamento, de forma a substituir construção nova exclusivamente por reabilitação. Com o novo acordo, homologado em Setembro de 2022, o programa de Alcanena passou das 117 habitações previstas para 188, elevando o investimento dos oito para os 14 ME, exclusivamente para reabilitação.
A capital do distrito, Santarém, tem projectos para arrendamento, reabilitação, construção e aquisição, num investimento previsto de 18,9 ME, 15,3 milhões dos quais comparticipados pelo IHRU (8,8 ME não reembolsáveis e 6,5 ME em empréstimo bonificado), para responder a 288 agregados (655 pessoas) que vivem em condições habitacionais consideradas indignas.
Abrantes quer investir 9,3 ME (7,4 dos quais comparticipados pelo IHRU), para reabilitação, aquisição e construção de um total de 99 habitações (246 pessoas) e Alpiarça propõe-se investir em habitação social e reabilitação 5,2 ME, 4,2 milhões dos quais comparticipados pelo IHRU, para 44 agregados (83 pessoas).
No Cartaxo o programa de 4,2 ME (2,7 ME do IHRU) prevê investimentos em habitação municipal, aquisição e reabilitação de 41 fogos (96 pessoas), enquanto Constância prevê investir cerca de 1 ME para construção de seis habitações e reabilitação térmica em cerca de 20 fogos de habitação social municipal. Em Ferreira do Zêzere o investimento é de 2,5 ME (2,2 milhões comparticipados pelo IHRU), destinado a responder às necessidades de 27 agregados (62 pessoas).
O município da Golegã contratualizou 2,2 ME (2 milhões IHRU) para habitação social e construção (45 agregados – 115 pessoas), sendo o investimento de Rio Maior (9,3 ME, com 3,6 milhões do IHRU não reembolsáveis e 4,7 milhões de empréstimo bonificado) destinado a 88 habitações (314 pessoas). Ourém prevê investimentos superiores a 1,5 ME (1,3 milhões do IHRU), apenas para reabilitação, para responder às necessidades de 28 agregados familiares (50 pessoas).
Em Salvaterra de Magos o município espera investir 2,9 ME (totalmente assegurados pelo IHRU) em aquisição e construção de 24 habitações (91 pessoas) sendo o programa do Sardoal (2,5 ME, 2,3 milhões IHRU) para reabilitação de 52 habitações (156 pessoas). Em Vila Nova da Barquinha o plano abrange 53 agregados (137 pessoas) num investimento estimado de 3,1 ME (2,9 milhões IHRU) para reabilitação, construção e aquisição de terreno para construção.
Tomar quer responder às necessidades de 202 agregados (566 pessoas) com um investimento de 12,7 ME (11,6 do IHRU) em reabilitação, construção e aquisição, sendo o plano de Torres Novas, da ordem dos 4,4 ME, destinado a reabilitação (maioritariamente), construção e aquisição, num total de 40 fogos (114 pessoas), seis dos quais no centro histórico, aguardam aprovação, e dois beneficiários directos, residentes em duas aldeias do concelho, viram já as suas candidaturas aprovadas.

368 novas habitações com rendas acessíveis na Lezíria do Tejo

A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) assinaram, no dia 22 de Dezembro de 2023, um protocolo de cooperação para a construção de 368 fogos a colocar no mercado de arrendamento a preços acessíveis em sete municípios – Alpiarça, Azambuja, Chamusca, Coruche, Golegã, Salvaterra de Magos e Santarém. O acordo, que representa um investimento de 42,8 milhões de euros, é resultado de uma colaboração entre o IHRU e os municípios para permitir a fixação de jovens e famílias de classe média que têm enfrentado dificuldades para encontrar habitação, referiu a ministra da Habitação, Marina Gonçalves.
O IHRU e os municípios vão identificar os imóveis que necessitam de intervenção e vão gerir o património em conjunto. Embora nem todos os municípios da Lezíria do Tejo estejam actualmente incluídos neste programa, o presidente da CIMLT, Pedro Ribeiro, acredita que o acordo acabará por se estender a todos. As obras nos imóveis estão incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o tempo de execução das obras irá variar de acordo com a complexidade das intervenções. No entanto, Marina Gonçalves sublinhou a necessidade de identificar as situações mais urgentes para que estas possam ser enquadradas no PRR.

Oposição chumba plano no Entroncamento

O plano de habitação do Entroncamento previa um investimento de 12,2 milhões de euros (10,9 milhões assegurados pelo IHRU) em 184 habitações (444 pessoas) de bairros sociais e arrendadas. Destinava-se à reabilitação de fracções ou prédios habitacionais e à construção de prédios ou fracções destinados a habitação. A oposição no executivo camarário (PSD e Chega) chumbou essa proposta.

Azambuja e Vila Franca de Xira também na lista

Já fora do distrito de Santarém mas na área de abrangência de O MIRANTE, Azambuja tem um projecto de cerca de 5 milhões de euros, com o IHRU a dar o máximo de 4,4 ME, para contemplar 115 agregados. Em Vila Franca de Xira são 111 agregados e 284 pessoas com um investimento estimado de cerca de 9,5 milhões de euros tendo comparticipação de 8 ME do IHRU.

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