António Louro renuncia ao cargo de vice-presidente de Mação para presidir a associação
António Louro era autarca desde 2001 e deixou o cargo de vice-presidente da Câmara de Mação para dirigir a Aflomação – Associação Florestal de Mação, já que as duas funções não são compatíveis. Diz que a associação precisava mais dele do que o município.
O vice-presidente da Câmara de Mação, António Louro (PSD), renunciou às funções autárquicas para dirigir a Aflomação – Associação Florestal de Mação, cargos que não são compatíveis. A informação foi dada pelo próprio na sua página da rede social Facebook na semana passada. António Louro explica a O MIRANTE que criou a Aflomação há cerca de 20 anos e que a associação cresceu tanto que não pode continuar a ser gerida como tem sido até agora, sem nenhum dirigente presente.
“Actualmente, a Aflomação, que foi um menino que criei, tem 20 funcionários e vêm aí muitas responsabilidades e não é possível continuar a trabalhar da mesma forma. Além disso, a Aflomação, como é uma associação sem fins lucrativos, estava muito condicionada na sua acção por isso criamos uma sociedade anónima, que é propriedade da associação e tem estatuto empresarial para fazer a gestão empresarial das AIGP [Áreas Integradas de Gestão da Paisagem] do concelho de Mação. Apercebi-me que os cargos não são compatíveis e sinto que faço muito mais falta à Aflomação do que na câmara. Andei 20 anos a defender este projecto e agora que ele vai arrancar não o poderia abandonar”, afirma em conversa com O MIRANTE.
Autarca desde 2001 António Louro tem sido vice-presidente dos mandatos presididos pelo social-democrata Vasco Estrela. Admite a O MIRANTE que tinha o sonho de ser presidente da Câmara de Mação mas defende que a Aflomação precisa mais de si. “Vão arrancar em breve vários projectos de grande dimensão relacionados com a AIGP com dinheiro do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] que vai remodelar a paisagem, torná-la mais sustentável e assim evitar mais incêndios”, sublinhou António Louro.
O agora ex-autarca, que deixou a Câmara de Mação a 11 de Janeiro, explica que os projectos incluem reequilibrar a paisagem, retirando alguma floresta, acrescentar alguma agricultura, criar áreas de descontinuidade e fazer uma gestão mais cuidada e agrupada da floresta. “Mação tem cerca de 80 mil pequenas propriedades, que já ninguém gere, e a sociedade anónima vai gerir o território, com as pessoas, numa gestão conjunta. É o projecto da minha vida e desta forma posso ajudar Mação de outra maneira”, realça.
Presidente da câmara apanhado de surpresa
Contactado por O MIRANTE, o actual presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, que não se pode recandidatar devido à lei de limitação de mandatos, diz que a decisão de António Louro é pessoal e tem que ser respeitada. “É uma decisão pessoal, eu não contava com ela, mas tem que ser respeitada. António Louro vai abraçar um novo projecto que também é muito importante para o concelho de Mação”, referiu, não tecendo comentários sobre quem será o seu sucessor no PSD como candidato à presidência da Câmara de Mação.
Questionado por O MIRANTE se seria opção para se candidatar ao cargo, Duarte Marques, ex-deputado do PSD à Assembleia da República, natural de Mação, limitou-se a dizer que o partido tem muitas alternativas para apresentar um bom candidato.
Nove Áreas Integradas de Gestão da Paisagem em Mação
Com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) o Governo alocou 270 milhões de euros para a constituição de 60 Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, o que resulta em cerca de 4,5 milhões de euros para cada uma. Para Mação representa cerca de 40 milhões de euros em cinco anos. As AIGP visam “uma abordagem territorial integrada para dar resposta à necessidade de ordenamento e gestão da paisagem”, ao passo que “procuram um aumento da área florestal gerida a uma escala que promova a resiliência aos incêndios, a valorização do capital natural e a promoção da economia rural”. Em Agosto de 2021 Mação assinou contratos-programa com o Governo para a criação de nove Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP). Quatro foram submetidas pelo município de Mação e cinco pela Aflomação.