Sociedade | 20-01-2024 07:00

Doenças atiram morador da Castanheira do Ribatejo para uma vida de dificuldades

Doenças atiram morador da Castanheira do Ribatejo para uma vida de dificuldades
Paulo Fortunato trabalhou boa parte da vida em armazéns de logística e na Câmara de Sintra até um conjunto de doenças o terem atirado para um quadro de dificuldades

Paulo Fortunato, natural de Castanheira do Ribatejo, desde cedo começou a trabalhar para ajudar os pais e ser autónomo.

A doença bateu-lhe à porta, ficou sem emprego, sem rendimentos, sem subsídios e foi-lhe negada a reforma por invalidez. Está à espera de uma cirurgia e, enquanto a operação não chega, gostava de arranjar trabalho.

Não há quem valha a Paulo Alexandre Fortunato, que, aos 54 anos, tem problemas de saúde, está à espera para ser operado e não recebe apoio financeiro da Segurança Social. A sua história de vida é marcada por sacrifício: nasceu na rua do cemitério em Castanheira do Ribatejo e desde a adolescência que começou a trabalhar para ajudar os pais.
Trabalhou em armazéns de logística de uma transportadora de Azambuja, onde fazia de tudo um pouco, desde acartar paletes a despachar encomendas. Quando se separou da primeira mulher encontrou emprego na Câmara de Sintra mas quando o contrato acabou mandaram-no embora. Voltou à logística e aos armazéns. “Sempre pagando os impostos e mantendo tudo em dia”, conta a O MIRANTE.
Há 30 anos foi operado pela primeira vez à coluna. “Como era novo recuperei rápido e segui para a frente”, explica. Há três anos a vida começou a piorar com problemas de saúde que o têm feito arrastar-se nos hospitais. “As coisas caíam-me das mãos sem eu perceber porquê. Fui ao médico e disse-me que tinha de parar para ser operado aos tendões das duas mãos”, conta. Durante todo esse tempo foi recebendo da baixa e pouco depois voltou a ser operado, dessa vez para remover quistos na cabeça. Entretanto aguarda que o chamem para ser operado a um ombro.
Sem baixa nem rendimento mínimo foi dito a Paulo Fortunato para ir a uma junta médica e tentar a reforma por invalidez. Segundo o próprio, foi-lhe negada a reforma e disseram-lhe para se inscrever no centro de emprego e procurar novo trabalho. Foi o que fez: Está inscrito no centro de emprego mas não consegue arranjar um trabalho porque a qualquer momento pode ser chamado para ser operado novamente e ficar afastado durante algum tempo. Por esse motivo vai vivendo do ordenado da mulher, que ganha o ordenado mínimo, e de um abono do enteado.
“Fiquei sem baixa e sem rendimentos, nem o mínimo tenho. Vou ajudando um amigo aqui e ali para conseguir ganhar algum para comer mas à noite nem me consigo mexer”, conta Paulo Fortunato, que vive numa habitação social da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira em Castanheira do Ribatejo. O morador, que recebe apoio alimentar, pede ajuda à comunidade no sentido de alguém poder ter disponível um trabalho com contrato onde possa ter de faltar quando o hospital o chamar para ser operado. Tem uma filha com 14 anos e o pai acamado. “Sempre tive uma vida de sacrifício e agora que fiquei sem baixa mandam-me trabalhar. E para onde?”, lamenta.

Segurança Social e município no jogo do empurra
Contactada por O MIRANTE, a Segurança Social explica ao nosso jornal que o certificado de incapacidade temporária é emitido pelo Serviço Nacional de Saúde e que a incapacidade permanente é determinada por decisão médica, mediante avaliação da situação clínica do utente. “A Segurança Social procede ao pagamento de prestações compensatórias decorrentes daquelas decisões das autoridades de saúde e, no caso em apreço, o beneficiário recebeu subsídio por doença até ao limite legal de duração da concessão, em Abril de 2023”, explica. A Segurança Social acrescenta que Paulo Fortunato pode, a qualquer momento, recorrer a medidas de apoio e acompanhamento social que são asseguradas pela Câmara de Vila Franca de Xira, no âmbito da descentralização de competências da Acção Social.
Já o município de Vila Franca de Xira diz acompanhar de perto o caso de Paulo Fortunato e do seu agregado através dos serviços de acção social, confirmando ter obtido a informação da suspensão da pensão de invalidez e consulta de junta médica do utente, lembrando que são questões da competência do Instituto de Segurança Social, assim como qualquer recebimento de prestações sociais. O município garante, no entanto, ter já disponibilizado uma data para realizar um atendimento social com Paulo Fortunato.

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