Tarifa de resíduos dispara em VFX com críticas da oposição
Proposta passou apenas com os votos do PS na Câmara de Vila Franca de Xira e graças à abstenção da coligação Nova Geração, que avisou que não apoiará novos aumentos no futuro. Chega diz que os aumentos são um escândalo.
O novo ano traz aumentos na factura dos habitantes do concelho de Vila Franca de Xira no que toca ao tarifário do serviço de gestão de resíduos urbano, com aumentos de 40% para os utilizadores domésticos e 70% para os consumidores não domésticos. A proposta foi aprovada em reunião de câmara apenas com os votos favoráveis do executivo PS, a abstenção da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT) e os votos contra da CDU e Chega.
O executivo justifica o aumento com a actualização da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) recomendada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, subidas nos custos com combustíveis e serviços associados à recolha e com o acréscimo de custos na frota do município, além de um reforço que está a ser feito no investimento. “A TGR é definida por lei e temos sempre de responder a esses custos de deposição na Valorsul e esse valor aumentará muito mais nos próximos anos”, lamentou o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS). Ainda assim, Vila Franca de Xira mantém-se no grupo de municípios da Área Metropolitana de Lisboa com as taxas mais baixas cobradas aos munícipes, algo que não convence a oposição.
“Estamos a falar de um aumento na TGR de 104% e de um aumento de 215% na tarifa de disponibilidade dos utilizadores não domésticos. O serviço de recolha em VFX é mal feito, deficiente e até recusaram propostas nossas de reforço de verbas para reparar viaturas e contratar trabalhadores. Não nos importávamos de pagar se o serviço fosse bem feito, o que não é o caso”, criticou o vereador Nuno Libório, da CDU, defendendo que a recolha de resíduos deveria ser feita durante o dia e não no período nocturno.
O presidente da câmara discorda. “O nosso serviço compara-se com qualquer outro em termos de qualidade. Mas não há sistemas perfeitos. É bom que tenhamos muitas reclamações porque é uma forma de melhorar o nosso serviço. Damos atenção a todas as reclamações e procuramos responder a todas. Mas estamos longe de ser dos piores sistemas de recolha”, afirmou Fernando Paulo Ferreira. O problema, atirou, é ainda alguma falta de civismo na hora de depositar os resíduos.
“Por via da indicação da entidade reguladora todos os sistemas devem ser sustentáveis. Se o Estado não entrar com a diminuição dos pagamentos recebidos nas tarifas ou a subsidiação aos sistemas multimunicipais terão de ser as câmaras a fazer essa cobertura e ela tem de ser feita pelos próprios utilizadores, os cidadãos”, lamentou Fernando Paulo Ferreira.
Do lado da coligação Nova Geração, David Pato Ferreira justificou a abstenção por ser “um ajuste que a câmara faz no âmbito da área metropolitana” e disse que nunca poderia votar a favor de um aumento desta natureza, avisando: “Aumentos destes no ano que vem não serão aprovados pela coligação”. Já Barreira Soares, do Chega, justificou o voto contra por considerar que o sistema de recolha está “muito longe de ser eficiente” e que o executivo socialista tem de cair na realidade. “Pode meter o dinheiro que quiser no sistema que não consegue resolver este problema grave. Já temos impostos a mais para os investimentos que quer fazer. É um escândalo aumentar as taxas. Não deve fazer dos munícipes um cartão de crédito com plafond ilimitado, porque os preços aumentam e os serviços mantêm-se iguais ou piores”, atirou.