Critérios da CTI contestados pelos promotores do aeroporto em Santarém
Estão a ser feitas alterações ao plano do projecto aeroportuário de Santarém para ir ao encontro das exigências da Comissão Técnica Independente que considerou Santarém uma solução inviável por razões de navegação aérea.
O promotor do projecto do aeroporto em Santarém, Carlos Brasão, defendeu que a análise da Comissão Técnica Independente (CTI) não “é conforme com as recomendações da União Europeia” no que diz respeito ao conceito da zona de influência.
“Uma das coisas que percebemos é que esta análise da CTI não é conforme com as recomendações da União Europeia. Ficámos surpreendidos porque há uma recomendação da União Europeia que diz que a zona de influência de um aeroporto é uma hora de carro ou de comboio a partir do aeroporto, ou 100 km. A Comissão Técnica Independente inventou um conceito restritivo que é 30 minutos de carro” disse Carlos Brasão.
O promotor do projecto ‘Magellan 500’ falava aos jornalistas após a sessão pública de apresentação do “Relatório Preliminar do Novo Aeroporto de Lisboa”, que decorreu no dia 18 de Janeiro em Santarém. Carlos Brasão acusou assim a CTI de “inventar um critério restritivo” e de não obedecer aos critérios definidos pela União Europeia. Essa questão foi também levantada por alguns elementos da plateia, como João Carvalho, da delegação de Santarém da Ordem dos Engenheiros, ou de Francisco Pombas, presidente da Associação de Moradores do Centro Histórico de Santarém.
Carlos Brasão disse ainda que a CTI não aplicou este critério de forma “uniforme” e pediu uma revisão do conceito de zona de influência. “Esse critério não é aplicado de forma uniforme. No caso de Benavente, são 55 km até à Amadora, atravessando Lisboa toda. Não se consegue atravessar o campo de tiro da Força Aérea e atravessar Lisboa toda até à Amadora em 30 minutos. Pedimos uma revisão de como essas zonas de influência foram definidas e calculadas”, referiu.
Também o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, disse, em declarações à Lusa, que a CTI utilizou critérios “que não beneficiaram Santarém”. O autarca continua a não concordar com algumas das considerações da CTI, referindo que a opção Santarém era “aquela que melhor aproveitava as acessibilidades já existentes” e que “promovia uma melhor coesão territorial”.
Os promotores do projecto aeroportuário de Santarém estão agora a alterar o plano para ir ao encontro das exigências da CTI, que excluiu Santarém como uma solução viável por razões de navegação aérea. Segundo Carlos Brasão, os promotores vão apresentar novas soluções para resolver os problemas de espaço aéreo referindo que estão “complemente confiantes” que Santarém é uma “boa solução para o país”.
A sessão realizada na manhã de quinta-feira, 18 de Janeiro, no salão nobre da Casa do Campino, em Santarém, contou com grande adesão. Uma dúzia de cidadãos, a título particular ou em representação de diversas entidades e associações, deixaram as suas considerações, críticas ou questões, que os elementos da Comissão Técnica Independente foram respondendo. Na plateia estiveram também autarcas de vários municípios e freguesias da região e muitas figuras da chamada sociedade civil. Pedro Machado, que liderou o Turismo do Centro até ao ano passado, teve a intervenção mais aplaudida pela vasta plateia.