Hermano Sousa vive com 300 euros por mês e vários problemas de saúde
Reformado por invalidez desde os 55 anos, Hermano Sousa sofre de diabetes e de vários problemas no pé esquerdo tendo já amputado um dedo. Sente-se revoltado e injustiçado por há mais de dez anos não ter um aumento na sua reforma de 310 euros.
Hermano Sousa nasceu no Entroncamento mas devido à sua profissão de vendedor sempre fez a sua vida fora do concelho. A vida de Hermano Sousa mudou há 17 anos quando espetou um prego no pé. As complicações do acidente obrigaram-no a reformar-se por invalidez. Com o inchaço constante e má circulação no pé descobriu que também tinha diabetes.
Hermano Sousa foi operado de urgência no mês passado ao pé esquerdo depois de muito tempo a lutar contra dores “horríveis”. O diagnóstico revelou que tinha gangrena no dedo mindinho, que teve de ser amputado. Vive com a esposa na casa que herdou dos pais e com 310 euros de reforma, não tendo aumentos há mais de uma década. Após a operação permaneceu três semanas no hospital tendo regressado a casa a 5 de Janeiro deste ano. Desde essa data é visitado diariamente por enfermeiros, para fazer curativos e controlar a ferida, prevendo-se que o procedimento dure até Abril. A esposa Beatriz Sousa é reformada, mas ainda trabalha na Casa do Artista e mesmo com todos os esforços e apoio não consegue estar em casa durante grande parte do dia.
Hermano Sousa desloca-se numa cadeira de rodas. Como não pode andar nem apoiar-se sobre o pé, passa grande parte dos dias sozinho em frente à televisão, algo que o revolta ainda mais. “Vejo os políticos na televisão a falar de aumentos e dá-me vontade de rir da desgraça. Passo muito tempo fechado a pensar na vida que tenho e por isso sinto-me mais revoltado e ansioso” explica.
Hermano Sousa viveu muitos anos em Coimbra e Lisboa por motivos profissionais. Com a pequena reforma foi obrigado a mudar-se para o Barreiro para viver com a mãe. “Quando o meu pai faleceu fui para junto da minha mãe para a ajudar com o negócio”, explica a O MIRANTE, acrescentando que a sapataria encerrou há dois anos após o falecimento da mãe. Além da esposa Beatriz Sousa, com quem vive, Hermano Sousa tem uma filha que reside em Palmela.
A casa onde reside no Entroncamento foi herdada dos pais. Tem tido a ajuda da autarquia nas despesas da água e da Segurança Social com a electricidade. Há três meses foram-lhe atribuídos 20 euros de pensão social de velhice. “Disseram-me que tinha uma vida acima da média. Com a minha reforma, se não tivesse herdado a casa dos meus pais, vivia na rua ou debaixo da ponte como muitos outros neste país”, lamenta.