Sociedade | 07-02-2024 15:00

Lei da rolha no Hospital e Centros de Saúde de VFX preocupa autarcas e sindicatos

Lei da rolha no Hospital e Centros de Saúde de VFX preocupa autarcas e sindicatos
Com toldo ou sem toldo no Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria conseguir uma consulta de recurso com um médico só esperando horas na fila

Relatos de pressões junto de alguns profissionais dos centros de saúde e Hospital de Vila Franca de Xira para que não se queixem das suas condições de trabalho vieram a lume recentemente. Autarca e sindicato alertaram para mordaça imposta por administração da nova Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo liderada por Carlos Andrade Costa.

A liberdade de expressão ainda não chegou aos profissionais dos centros de saúde que, desde Janeiro, são geridos pela Unidade Local de Saúde (ULS) do Estuário do Tejo, liderada por Carlos Andrade Costa, que passou a tutelar o Hospital de Vila Franca de Xira e os centros de saúde da sua área de abrangência. O alerta foi deixado, nestas mesmas palavras, em reunião de câmara pelo vereador do Chega, Barreira Soares, que não poupou nas críticas depois de ter ido visitar o Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria e onde disse ter ficado impressionado com a forma como os utentes são tratados, com desprezo e frieza, disse.
“Não podiam manifestar a sua opinião devido a uma hierarquia em que supostamente teriam de ficar calados. Estive num centro de saúde onde a lei da rolha impera. A democracia e liberdade é uma luta à qual me dedico; e como teimoso é o meu nome do meio lá fui questionando a informação a saca-rolhas”, criticou. O autarca vincou que ninguém resolve os problemas de saúde sem ouvir os profissionais que trabalham nestes centros de saúde e condenou os baixos salários pagos às chefias administrativas.
“Há doentes oncológicos que precisam de consulta e como não têm medico têm de ir às 05h00 para o centro de saúde para ter uma vaga. É inadmissível e desumano. Porque colocam as pessoas no Centro de Saúde da Póvoa debaixo de um toldo ao frio? Não consigo compreender por que é que estando o centro de saúde aberto elas têm de ficar na rua”, apontou.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, também admitiu que uma das suas grandes preocupações é a qualidade actual do atendimento no Serviço Nacional de Saúde no concelho e também criticou a forma como os utentes têm de esperar na Póvoa de Santa Iria. “Não faz sentido que as pessoas não possam aguardar dentro do centro de saúde. Na pandemia, em que as pessoas não podiam estar dentro do edifício, foram criadas essas condições no exterior para aguardarem antes de entrar. O toldo tinha essa função e foi criado num contexto muito particular. Não há hoje nenhuma razão para as pessoas não esperarem lá dentro. Já levantei essa questão junto dos responsáveis e continuarei a fazê-lo”, condenou.
Sindicatos preocupados
Contactado por O MIRANTE, Marco Aniceto, dirigente sindical do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), diz que no Hospital de VFX na actividade sindical nunca sentiu directamente bloqueios ou pressões da administração. “Mas conheço algumas situações de pessoas que foram pressionadas quando tomaram posição sobre alguns assuntos. Em enfermagem houve alguns casos”, admite. Para o dirigente, o assunto merece reflexão e uma análise mais aprofundada no futuro.
Também contactado pelo nosso jornal, Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, diz que é obrigação dos trabalhadores não denegrir a empresa onde trabalham e garante que sempre que chegam ao sindicato situações que merecem repúdio ou alerta em VFX que tem “o dever deontológico” de comunicar esses casos. “Sempre que houver denúncias vamos confirmá-las e denunciamos”, garante o responsável do sindicato, lembrando que no Hospital de VFX não há nada de novo face ao que disseram o ano passado. “Especialmente no que diz respeito às equipas que estão depauperadas. O Dezembro foi calamitoso naquele hospital”, avisa.
O dirigente fala num acumular de doentes em observação e de uma enfermaria lotada onde, alerta, há “grandes dificuldades” em garantir equipas para as urgências externas, algo que o hospital já negara no passado. O MIRANTE contactou a ULS sobre este assunto mas não recebeu qualquer resposta até ao fecho desta edição.

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