Sociedade | 11-02-2024 15:00

Clube de Astronomia de Coruche participa em projecto da NASA

Clube de Astronomia de Coruche participa em projecto da NASA
Clube de Astronomia do Agrupamento de Escolas de Coruche nasceu há 20 anos por iniciativa do professor Jacinto Castanho

O Clube de Astronomia do Agrupamento de Escolas de Coruche foi criado há cerca de duas décadas pelo professor Jacinto Castanho, um apaixonado por astronomia.

Todas as quartas-feiras os alunos reúnem-se numa das salas da Escola Armando Lizardo para, com telescópios, estudarem e observarem estrelas e planetas. Participam num projecto da NASA que pretende caracterizar a cintura de asteróide existente entre Marte e Júpiter. Todos os anos realizam o AstroCoruche em que reúnem astrónomos e entusiastas de todo o país.

Sempre que pode e a meteorologia permite, Diogo Fonseca, de 12 anos, adora ir para o quintal da sua casa em Santana do Mato e observar o céu para tentar descobrir novas estrelas. O aluno da Escola EB 2,3 Armando Lizardo, em Coruche, foi o vencedor da última edição das Olímpiadas Júnior da Astronomia. O jovem admite que não esperava ganhar mas estava confiante em obter um bom lugar. Desde os quatro anos que gosta de tudo o que é ciência. Sonha ser astrónomo e quer voltar a participar na competição.
Diogo Fonseca é um dos alunos do Clube de Astronomia, criado há cerca de 20 anos pelo professor Jacinto Castanho, de 59 anos, que dá aulas de Físico-Química no Agrupamento de Escolas de Coruche há 25 anos. A paixão do docente pela astronomia surgiu por acaso. Na altura dava aulas em Azeitão e vivia no Barreiro [distrito de Setúbal] e ao fazer esse percurso de noite olhava para as estrelas e tinha curiosidade em perceber como tudo funcionava. Quando já dava aulas em Coruche começou a pedir aos alunos para observarem as estrelas no céu perto de suas casas e desenhassem a Ursa Maior ou a Ursa Menor.
“Percebi que os alunos tinham dificuldade em desenhá-las e decidi ir aos locais fazer uma sessão de astronomia com os alunos. Comprámos um telescópio, com o apoio da Câmara de Coruche, ia às várias freguesias e ensinava como é que se viam as constelações através do telescópio. Foi assim que nasceu a ideia de criar um Clube de Astronomia para os alunos que se interessavam por esta área”, explica Jacinto Castanho a O MIRANTE.
Quando apareceu um estudante que percebia mais de Astronomia do que o professor de Físico-Química, Jacinto Castanho decidiu ir aprender para conseguir acompanhar minimamente os alunos. Tirou o curso de Astronomia na Universidade do Porto e dinamizou o Clube de Astronomia que actualmente integra cerca de uma dúzia de alunos do 7º ao 12º ano. Os alunos reúnem-se às quartas-feiras à tarde numa das salas da escola.
Actualmente estão inseridos numa campanha de caça aos asteróides através de um projecto da NASA que pretende caracterizar a cintura de asteroide existente entre Marte e Júpiter. A agência espacial norte-americana está a fazer um esforço no sentido de caracterizar o maior número possível de asteroides. Existem dois telescópios no Havai a fotografar sistematicamente a zona na cintura de asteroides. Depois é preciso analisar as milhares de fotos. Em Portugal existem escolas que aderiram a este projecto e a de Coruche foi uma delas.
“Depois de termos as fotografias é relativamente fácil analisá-las e conseguimos aprender os movimentos dos asteroides através de imagens reais. Se encontrarmos asteroides que já foram caracterizados vamos ajudar a caracterizar a órbita desse asteroide. É um trabalho de muita minúcia e paciência. O sonho maior era descobrir um asteroide nunca visto mas é muito difícil”, sublinha Jacinto Castanho, acrescentando ser gratificante ver a cara dos alunos enquanto observam os anéis de Saturno ou as crateras da lua.

Não é fácil atrair jovens para a astronomia
Jacinto Castanho lamenta não ser fácil chamar mais jovens para o Clube de Astronomia por não ser um espectáculo de massas. Mas mesmo assim vão surgindo sempre novos interessados. Rui Costa tem 18 anos e frequenta o 12º ano. É dos mais velhos no Clube de Astronomia e ajuda o professor a ensinar os mais novos. Frequenta o clube desde o 10º ano e confessa que prefere a parte da Matemática e Física por trás da interacção entre os corpos, estrelas e galáxias do que ficar a olhar o céu. Está indeciso entre Engenharia Aeroespacial ou Física Tecnológica.
Mariana Rodrigues, 12 anos, conta a O MIRANTE que desde pequena olhava para o céu tinha curiosidade e queria saber mais sobre as estrelas. Como o seu irmão estava sempre a falar no assunto resolveu ir para o Clube de Astronomia da escola para descobrir mais sobre o que está acima das nossas cabeças.

AstroCoruche é ponto de encontro de entusiastas da astronomia

O Clube de Astronomia dispõe de cinco telescópios incluindo um para observar o sol. Neste momento três telescópios estão em casa de alunos para poderem observar o céu a partir das próprias casas. O Clube de Astronomia realiza um encontro por ano a que deram o nome AstroCoruche onde saem da escola. Vêm astrónomos de todo o país e já chegaram a vir de Espanha. É um momento para confraternizar com outros amantes da astronomia e trocar ideias e conhecimentos.
O professor gosta de fazer observações à noite com os alunos, embora não façam tantas como gostaria. Vão para o campo de jogos da escola secundária. É mais fácil observar o céu quando está lua nova ou em quarto minguante. Com lua cheia é difícil por haver muita luz. O céu do concelho de Coruche é considerado bom para observar as estrelas. Com os telescópios da escola conseguem ver algumas estrelas, constelações, galáxias, as luas de Júpiter e as nebulosas.

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