Clube de Astronomia de Coruche participa em projecto da NASA
O Clube de Astronomia do Agrupamento de Escolas de Coruche foi criado há cerca de duas décadas pelo professor Jacinto Castanho, um apaixonado por astronomia.
Todas as quartas-feiras os alunos reúnem-se numa das salas da Escola Armando Lizardo para, com telescópios, estudarem e observarem estrelas e planetas. Participam num projecto da NASA que pretende caracterizar a cintura de asteróide existente entre Marte e Júpiter. Todos os anos realizam o AstroCoruche em que reúnem astrónomos e entusiastas de todo o país.
Sempre que pode e a meteorologia permite, Diogo Fonseca, de 12 anos, adora ir para o quintal da sua casa em Santana do Mato e observar o céu para tentar descobrir novas estrelas. O aluno da Escola EB 2,3 Armando Lizardo, em Coruche, foi o vencedor da última edição das Olímpiadas Júnior da Astronomia. O jovem admite que não esperava ganhar mas estava confiante em obter um bom lugar. Desde os quatro anos que gosta de tudo o que é ciência. Sonha ser astrónomo e quer voltar a participar na competição.
Diogo Fonseca é um dos alunos do Clube de Astronomia, criado há cerca de 20 anos pelo professor Jacinto Castanho, de 59 anos, que dá aulas de Físico-Química no Agrupamento de Escolas de Coruche há 25 anos. A paixão do docente pela astronomia surgiu por acaso. Na altura dava aulas em Azeitão e vivia no Barreiro [distrito de Setúbal] e ao fazer esse percurso de noite olhava para as estrelas e tinha curiosidade em perceber como tudo funcionava. Quando já dava aulas em Coruche começou a pedir aos alunos para observarem as estrelas no céu perto de suas casas e desenhassem a Ursa Maior ou a Ursa Menor.
“Percebi que os alunos tinham dificuldade em desenhá-las e decidi ir aos locais fazer uma sessão de astronomia com os alunos. Comprámos um telescópio, com o apoio da Câmara de Coruche, ia às várias freguesias e ensinava como é que se viam as constelações através do telescópio. Foi assim que nasceu a ideia de criar um Clube de Astronomia para os alunos que se interessavam por esta área”, explica Jacinto Castanho a O MIRANTE.
Quando apareceu um estudante que percebia mais de Astronomia do que o professor de Físico-Química, Jacinto Castanho decidiu ir aprender para conseguir acompanhar minimamente os alunos. Tirou o curso de Astronomia na Universidade do Porto e dinamizou o Clube de Astronomia que actualmente integra cerca de uma dúzia de alunos do 7º ao 12º ano. Os alunos reúnem-se às quartas-feiras à tarde numa das salas da escola.
Actualmente estão inseridos numa campanha de caça aos asteróides através de um projecto da NASA que pretende caracterizar a cintura de asteroide existente entre Marte e Júpiter. A agência espacial norte-americana está a fazer um esforço no sentido de caracterizar o maior número possível de asteroides. Existem dois telescópios no Havai a fotografar sistematicamente a zona na cintura de asteroides. Depois é preciso analisar as milhares de fotos. Em Portugal existem escolas que aderiram a este projecto e a de Coruche foi uma delas.
“Depois de termos as fotografias é relativamente fácil analisá-las e conseguimos aprender os movimentos dos asteroides através de imagens reais. Se encontrarmos asteroides que já foram caracterizados vamos ajudar a caracterizar a órbita desse asteroide. É um trabalho de muita minúcia e paciência. O sonho maior era descobrir um asteroide nunca visto mas é muito difícil”, sublinha Jacinto Castanho, acrescentando ser gratificante ver a cara dos alunos enquanto observam os anéis de Saturno ou as crateras da lua.
Não é fácil atrair jovens para a astronomia
Jacinto Castanho lamenta não ser fácil chamar mais jovens para o Clube de Astronomia por não ser um espectáculo de massas. Mas mesmo assim vão surgindo sempre novos interessados. Rui Costa tem 18 anos e frequenta o 12º ano. É dos mais velhos no Clube de Astronomia e ajuda o professor a ensinar os mais novos. Frequenta o clube desde o 10º ano e confessa que prefere a parte da Matemática e Física por trás da interacção entre os corpos, estrelas e galáxias do que ficar a olhar o céu. Está indeciso entre Engenharia Aeroespacial ou Física Tecnológica.
Mariana Rodrigues, 12 anos, conta a O MIRANTE que desde pequena olhava para o céu tinha curiosidade e queria saber mais sobre as estrelas. Como o seu irmão estava sempre a falar no assunto resolveu ir para o Clube de Astronomia da escola para descobrir mais sobre o que está acima das nossas cabeças.
AstroCoruche é ponto de encontro de entusiastas da astronomia
O Clube de Astronomia dispõe de cinco telescópios incluindo um para observar o sol. Neste momento três telescópios estão em casa de alunos para poderem observar o céu a partir das próprias casas. O Clube de Astronomia realiza um encontro por ano a que deram o nome AstroCoruche onde saem da escola. Vêm astrónomos de todo o país e já chegaram a vir de Espanha. É um momento para confraternizar com outros amantes da astronomia e trocar ideias e conhecimentos.
O professor gosta de fazer observações à noite com os alunos, embora não façam tantas como gostaria. Vão para o campo de jogos da escola secundária. É mais fácil observar o céu quando está lua nova ou em quarto minguante. Com lua cheia é difícil por haver muita luz. O céu do concelho de Coruche é considerado bom para observar as estrelas. Com os telescópios da escola conseguem ver algumas estrelas, constelações, galáxias, as luas de Júpiter e as nebulosas.