Pesquisar informação sobre doenças na Internet pode gerar preocupações desnecessárias
Profissionais estiveram na Biblioteca Gustavo Pinto Lopes, em Torres Novas, numa formação sobre cuidados a ter com crianças e jovens e manobras em casos de paragem cardio-respiratória.
Especialistas dizem que pesquisa de informações sobre saúde na Internet pode gerar preocupação desnecessária e comprometer prestação de cuidados nas unidades de saúde.
O excesso de informação disponível hoje em dia é uma preocupação para os profissionais de saúde. Ana Paulo e Beatriz Silva, internas de Pediatria no Hospital de Torres Novas, acreditam que a informação em excesso disponível à população em vez de ajudar confunde mais. As duas profissionais da Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo estiveram com o enfermeiro Bruno Carvalho na Biblioteca Municipal de Torres Novas para dar uma formação sobre cuidados a ter com crianças e jovens.
Bruno Carvalho é enfermeiro especializado em pediatria, estando há 15 anos nas urgências pediátricas do Hospital de Torres Novas. “Houve uma paragem após a pandemia e agora estamos a retomar. Fazemos formações em escolas e espaços públicos para pais, professores e técnicos, mas também para crianças e jovens dos quatro até aos 18 anos” diz o enfermeiro, explicando que o objectivo é transmitir conhecimentos de suporte básico de vida e reanimação. Os três profissionais de saúde acreditam que a população tem falta de conhecimentos e pouco acesso à informação correcta. “É, como se costuma dizer, casa assaltada trancas à porta. As pessoas não estão despertas para este tipo de conhecimentos porque acham que nunca vão precisar, mas é muito importante estarem prevenidas” alertam.
Ana Paulo, de 27 anos, e Beatriz Silva, de 26, estão no segundo ano de internato na urgência pediátrica do mesmo hospital e acreditam que é fundamental fazer chegar este tipo de conhecimentos através de cursos e formações por pessoas credíveis e especializadas. Para as duas profissionais a falta de informação correcta leva, muitas vezes, os pais a procurar as urgências em casos que não são realmente urgentes e que isso pode afectar a rapidez dos serviços. “Na nossa experiência, felizmente, não temos nenhum caso em concreto. A equipa no hospital é muito experiente e há uma boa triagem para se perceber, numa fase inicial, os casos realmente urgentes para serem devidamente tratados” explica Ana Paulo. Beatriz Silva acredita que o excesso de informação disponível na internet e nos meios de comunicação serve para propagar preocupação levando a associar sintomas simples de constipação a doenças mais graves. Defendem que o mais importante é os pais estarem atentos a alterações fora do comum e acompanhar a evolução, contactando um profissional de saúde antes de recorrer às urgências para saber os procedimentos a ter porque, como defendem, há casos que podem ser tratados e acompanhados em casa.
Durante a palestra foram abordados temas como os cuidados a ter em casos de asfixia e paragens cardio-respiratórias e ensinadas manobras de salvamento e reanimação. A forma como as informações são dadas às unidades de socorro foram também explicadas, devendo ser o mais detalhadas e concretas possíveis para permitir um socorro mais rápido e eficiente.