Direcção dos Bombeiros Torrejanos demite-se em bloco
Direcção da Associação dos Bombeiros Torrejanos anunciou esta segunda-feira a demissão em bloco.
Decisão surge a dias da realização de uma assembleia para votar a destituição da mesma. Dirigentes, que tornaram pública uma fraude fiscal de quase meio milhão de euros em direcções anteriores e suspenderam o comandante falam em clima de tensão e ameaças a bombeiros.
A direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Torrejanos apresenta, na noite desta segunda-feira, 12 de Fevereiro, por carta enviada ao presidente da mesa da assembleia-geral a demissão em bloco. O anúncio desta decisão foi feito pelo presidente da direcção, Nuno Cruz, à comunicação social em conferência de imprensa que decorreu esta tarde no quartel dos bombeiros, em Torres Novas.
Na origem da demissão está, acima de tudo, a convocatória por parte do presidente da assembleia-geral, Arnaldo Santos, para a realização de uma sessão extraordinária, a pedido de alguns sócios, para se discutir e votar a destituição da direcção. A reunião da assembleia-geral estava marcada para sábado, 17 de Fevereiro.
“O facto do nosso ego não nos permitir acatar instruções ou pelo menos tentar perceber o racional das decisões... causa-nos grande estranheza e dificuldade para levar para a frente as directrizes que temos estabelecidas e projectos e, por essa razão, hoje esta direção redigiu uma carta que será enviada ao presidente da mesa da assembleia ainda hoje. Esta direcçao, hoje, demite-se em bloco”, anunciou Nuno Cruz, depois de ter vincado que “a vontade individual não é mais forte que a vontade colectiva”.
O vice-presidente da associação, Gabriel Neves, acrescentou que a conjectura actual “não é compatível com aquilo que eram os projectos desta direção” que se recusa a compactuar com o alimentar de “egos pessoais de alguém que não respeita os superiores interesses da associação”.
“É importante e acima de tudo é a principal razão desta conferência de imprensa que os sócios, quando houver eleições participem. Todos devem participar acima de tudo esclarecidos da verdade”, afirmou o vice-presidente que lamentou o actual clima de tensão existente no corpo de bombeiros com constantes “ameaças” a bombeiros que se opõem à continuidade do comandante, José Pereira, que apesar de ter sido suspenso preventivamente pela direcção continua em funções como voluntário.
A direcção, recorde-se, já tinha referido em comunicado que a convocação daquela assembleia-geral era uma tentativa de “fazer ocultar uma eventual 'fraude fiscal' na ordem de meio milhão de euros, apurada pela actual direcção e alertada pelo concelho fiscal à anterior direcção desde há anos, que tinha como presidente da direcção, Arnaldo Santos”. Tal como O MIRANTE noticiou na edição de 8 de Fevereiro a alegada fraude, denunciada às entidades competentes, está relacionada com o pagamento de serviços a bombeiros e cobradores de cotas, sem que tenham sido comunicados à Autoridade Tributária.
Os elementos da direcção vão continuar em funções como comissão administrativa até à realização de novas eleições.
*Notícia desenvolvida na próxima edição semanal de O MIRANTE