Sociedade | 16-02-2024 10:00

O político que trabalhou como electricista e atrás de um balcão

O político que trabalhou como electricista e atrás de um balcão
Hugo Cristóvão sucedeu a Anabela Freitas em Outubro de 2023 ficando à frente dos destinos do município de Tomar

Hugo Cristóvão assumiu a presidência da Câmara de Tomar em Outubro de 2023. Nesta entrevista fala do seu percurso de vida e de como as suas origens são importantes para desempenhar o cargo que ocupa actualmente.

Hugo Cristóvão, 46 anos, passou de vice a presidente da Câmara Municipal de Tomar em Outubro de 2023, embora confesse que a única coisa que mudou no seu dia-a-dia foi o título do cargo que desempenha. Professor de vocação é autarca há quase duas décadas, sempre eleito pelo Partido Socialista, e tem em Mário Soares a sua grande referência e inspiração. Foi músico durante 15 anos na Sociedade Filarmónica Gualdim de Pais, onde também foi dirigente e funcionário. Exercer cidadania activa tem sido sempre uma das suas práticas desde os tempos em que ainda vivia na freguesia de Casais, de onde os pais são naturais e ainda vivem. Filho de um electricista e de uma empregada doméstica, fez-se homem a ajudar o pai no trabalho e, mais tarde, como empregado de mesa numa marisqueira em Tomar, passado para o qual olha com orgulho. “Se não fossem esses anos de trabalho e aprendizagem não seria o que sou hoje”, afirma.
Nesta conversa com O MIRANTE, Hugo Cristóvão demonstra ser uma pessoa de afectos e que gosta de conversar. A entrevista começa com um atraso de 20 minutos porque pelo caminho o presidente parou uma mão cheia de vezes para cumprimentar munícipes. A grande bandeira do município, revela, vai continuar a ser ligar a cidade ao universo templário, assim como a requalificação do património, o investimento na habitação, na educação, entre outros. Hugo Cristóvão fala nesta entrevista sobre a poluição no rio Nabão, o trabalho das entidades do Estado, as barracas do Flecheiro e as relações mais azedas com algumas chefias do município que lidera.

Que importância teve a família na sua ligação à política?
O meu pai participou em listas da Junta de Freguesia de Casais, onde os meus pais ainda residem e onde eu residi até há duas décadas, antes de ter comprado casa na cidade de Tomar. Não posso dizer que a minha família teve muita influência no meu percurso político. Tinha alguns hábitos em criança/adolescente, como por exemplo assistir aos debates na Assembleia da República. Aos 18 anos, por iniciativa própria, militei-me no Partido Socialista, onde reconheço a minha base de valores, e também muito inspirado por uma figura que continua a ser uma das minhas referências, o Mário Soares. Senti sempre muita necessidade de exercer cidadania e de estar ligado ao mundo associativo.
As associações ajudam a formar o carácter de um jovem?
Claro. Os 15 anos que passei como músico na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais foram essenciais para aquilo que sou hoje. Para além de músico filarmónico fui dirigente, cheguei a ser funcionário no bar, entre outras tarefas, como organizar acampamentos para os miúdos. Entretanto licenciei-me e fui professor de artes visuais alguns anos. Foi nessa altura que me convidaram para participar numa lista. Não comecei por pertencer à JS. Costumo dizer que fui do PS à JS e não ao contrário.
Tem orgulho nas suas origens?
As minhas origens fizeram de mim o que sou hoje. O meu primeiro salário foi numa marisqueira em Tomar, mas já trazia alguns anos de trabalho como electricista e outros biscates. O meu pai era electricista e a minha mãe empregada doméstica. Sempre tive de trabalhar para ajudar em casa. Há por aí muita vivenda com a electricidade instalada por mim. Depois trabalhei na restauração, mas também ia ganhando uns trocos na construção civil. Aos 21 anos, já licenciado, comecei a dar aulas. Pelo meio guardo a felicidade de outras experiências. Já fui sindicalista a tempo inteiro, delegado do IPDJ. Fui o último delegado do IPJ em Santarém.

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