Sociedade | 17-02-2024 21:00

Jovem esfaqueado em Alverca tentou defender-se de oito agressores

Autoridades estão ainda a investigar o que realmente aconteceu para levar ao homicídio de um jovem em pleno dia no centro de Alverca. Polícia Judiciária não descarta ligações com tiroteio ocorrido na Malvarosa no final do ano. Presidente da junta diz-se alarmado com a recente onda de criminalidade violenta.

Foi uma luta sem saída para Pedro Ricardo, de 19 anos, o jovem que na tarde de 6 de Fevereiro foi assassinado à facada no centro da cidade de Alverca em pleno dia depois de se ver rodeado por oito outros jovens. Todos os cenários para poder justificar o crime estão, para já, em cima da mesa para as autoridades policiais. Há três suspeitos do crime detidos pelas autoridades. Têm 19, 22 e 24 anos e foram agarrados pela PSP enquanto tentavam fugir. O suspeito de ter sido o homicida já tinha ficha policial por outros crimes e vai aguardar julgamento em prisão preventiva, juntamente com outro agressor. Um terceiro detido saiu em liberdade com obrigação de apresentações periódicas nas autoridades.
Segundo apurou O MIRANTE junto de fonte ligada à familia, a vítima morava com o pai em Lisboa e tem um irmão gémeo que reside com a mãe. Saiu de casa e rumou a Alverca para ir ter com a ex-namorada, com quem mantinha uma relação tumultuosa há vários meses para reaver roupas e trocarem pertences. Combinaram encontrar-se no Jardim José Álvaro Vidal, no centro da cidade. Quando o jovem chegou ao jardim não encontrou a ex-namorada mas sim um grupo de oito jovens a fazerem-lhe uma espera, que rapidamente escalou para uma rixa que envolveu murros e pontapés e a vítima acabou esfaqueada com violência na zona do abdómen. Mesmo a esvair-se em sangue tentou fugir aos agressores para pedir ajuda mas acabou por tombar na berma do passeio da Nacional 10, para choque dos condutores, da comunidade e dos lojistas da zona. Tudo aconteceu em plena luz do dia numa das zonas mais movimentadas da cidade.
“Nunca tínhamos presenciado semelhante coisa. Pensávamos que éramos uma cidade pacata. Quando o miúdo caiu outros vieram atrás dele e ainda o pontapearam mas depois as pessoas começaram a ir de encontro a eles e alguns fugiram”, conta um lojista a O MIRANTE que teve receio de se identificar. Valeu um polícia que estava a passar perto e rapidamente perseguiu os agressores e alertou a esquadra.
O trânsito foi cortado temporariamente, os bombeiros chegaram de imediato e apesar dos esforços da Viatura Médica de Emergência e Reanimação não foi possível salvar o jovem. O corpo foi libertado pelo Instituto de Medicina Legal no final da semana passada e o funeral realizou-se a 10 de Fevereiro com o corpo a seguir para o crematório dos Olivais. O caso transitou da investigação criminal da PSP para a Polícia Judiciária, que está a tentar perceber até que ponto este caso poderá ter relação com um tiroteio ocorrido em Dezembro na urbanização da Malvarosa, em Alverca, que resultou em ferimentos graves num outro jovem, de 28 anos.

Três crimes em menos de um ano
Este foi o terceiro crime grave em menos de um ano a chocar a comunidade de Alverca. Em Março de 2023 um homem de 43 anos foi assassinado à facada na garagem do prédio onde estava ex-mulher, na Quinta da Ómnia. Depois, em Dezembro último, um tiroteio relacionado com tráfico de droga alarmou a urbanização da Malvarosa, quando jovens da zona de Sintra entre os 16 e os 28 anos se envolveram em desacatos. Encontraram-se na zona para realizar um negócio de estupefacientes que correu mal. Um foi baleado na cabeça e no peito e ficou no chão a esvair-se em sangue. Recebeu assistência hospitalar em VFX e foi depois enviado para uma unidade hospitalar em Lisboa, desconhecendo-se a sua evolução clínica.

O presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, Cláudio Lotra, confessa estar muito preocupado com os recentes casos de criminalidade violenta

Autarca pede polícia mais presente

O crime veio abalar a comunidade e deixar no ar a sensação que Alverca deixou de ser uma cidade segura. O presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, Cláudio Lotra, afasta essa ideia mas confessa a O MIRANTE estar muito preocupado com os recentes casos de criminalidade violenta que têm acontecido. “Já fizemos chegar essa preocupação à PSP e tentar que tomem medidas e que consigam ter uma presença mais regular nas ruas”, apela.
O autarca não deixa de notar a violência do crime, cometido durante o dia e numa das zonas mais frequentadas da cidade, sem que ninguém tivesse feito nada para o impedir. “Infelizmente começamos a sofrer dos males das grandes cidades. Se fôssemos um meio pequeno estas coisas não aconteceriam. Continuamos a ser uma cidade segura mas que infelizmente já começa a padecer destes problemas das grandes urbes e isso combate-se com maior policiamento de proximidade”, apela.

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