Creche é o sonho da Misericórdia do Entroncamento
Construir uma creche com capacidade para cerca de 100 crianças é o principal objectivo da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento que celebrou 74 anos de vida. Na sessão comemorativa foram homenageados trabalhadores mais antigos da instituição.
A construção de uma creche com capacidade para cerca de uma centena de crianças é o sonho que a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento pretende concretizar o mais rápido possível. O projecto já foi aprovado na câmara municipal faltando lançar concurso e começar a obra. A creche será construída junto a um dos lares da instituição para haver interacção entre idosos e crianças. A informação foi dada a O MIRANTE pelo provedor Firmino Falcão, na cerimónia comemorativa do 74º aniversário da instituição, que decorreu no dia 9 de Fevereiro, no auditório da Unidade de Cuidados Continuados Integrados, no Entroncamento.
Firmino Falcão refere que também pretendem fazer obras num dos dois lares da instituição que tem cerca de 40 anos e já precisa de obras de remodelação. O responsável faz um balanço positivo de dois mandatos e considera ser mais fácil criar do que manter e desenvolver, que é a fase em que a instituição se encontra. O lar Fernando Eiró Gomes – que necessita de obras - e também o lar Santa Casa da Misericórdia têm capacidade para 200 utentes internos. Neste último têm ainda os serviços de apoio domiciliário e de dia. Quando avançarem as obras no lar, que vão ser candidatadas a financiamento comunitário, está previsto aumentar o número de camas de 54 para 90 reforçando a oferta num serviço que é sempre muito procurado.
Além disso, a instituição também tem o Hospital São João Baptista que dispõe de vários tipos de consultas, de diversas especialidades e também cirurgias. “A Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento é uma das mais importantes da região e queremos continuar assim. Olhamos para trás com orgulho, mas também com humildade, cientes de que há muito mais a ser feito. Somos, orgulhosamente, um pilar na área da saúde e na área social dando como exemplo o Hospital São João Baptista que, mais do que responder às necessidades do concelho, responde às necessidades da população de todo o país através de protocolos estabelecidos com entidades públicas”, sublinha o provedor.
Presente na cerimónia, o vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Carlos Andrade, elogiou a longevidade de instituições como as misericórdias – algumas com mais de 500 anos – e diz que isso só é possível por nunca terem parado no tempo em relação à sua forma de agir. Também marcaram presença na sessão de aniversário o presidente da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, Casimiro Ramos, e o bispo de Santarém, D. José Traquina, entre outras individualidades.
Funcionários elogiam reconhecimento de dedicação ao trabalho
Helena Raposo, 65 anos, é funcionária da Misericórdia do Entroncamento há 45 anos tendo sido o seu único emprego. Adora trabalhar com idosos, trata-os a todos pelo nome e já pensa que quando se reformar vai sentir muita falta do “seu” lar. Helena Raposo conta a história de um casal, a D. Sizita e do Sr. Domingos, ambos com mais de 80 anos e que sofrem de Alzheimer, que a tratam como uma filha. Como o senhor Domingos gosta muito de bolachas, Helena Raposo, sempre que pode, à noite, leva-lhe um pacotinho de bolachas. “Tem que ser às escondidas das colegas mas sei da perdição dele por bolachas e tratam-me tão bem que não lhes consigo dizer que não”, conta.
Helena Raposo diz que ser distinguida por 45 anos de trabalho ao serviço da Santa Casa do Entroncamento é um reconhecimento do seu trabalho, que nem sempre é fácil, tanto a nível físico como emocionalmente. “Sempre que perco algum utente custa-me muito e quando este casal partir sei que vou sentir muito a sua falta”, sublinha.
Manuela Nogueira, 55 anos, trabalha na instituição há 30 anos, onde é fisioterapeuta. Elogia a Misericórdia do Entroncamento por sempre lhes ter dado as melhores condições de trabalho possíveis. O melhor reconhecimento que pode ter é a satisfação da comunidade. “Actualmente sinto-me triste porque não conseguimos ter uma resposta efectiva em tempo útil a toda a comunidade que precisa dos nossos serviços. Gostaríamos de chegar a mais pessoas”, lamenta.
A fisioterapeuta recorda o utente, de 30 anos, casado e com uma filha, que teve um episódio neurológico e ficou com a fala muito afectada. Manuela Nogueira não esconde a satisfação por o utente ter tido uma evolução maior e mais rápida do que previam. “Superou todas as expectativas e também isso vale muito a pena. É para isso que trabalhamos todos os dias”, conclui.