Sociedade | 21-02-2024 12:00

Justiça deixa mãe de Vila Franca de Xira em desespero para reaver guarda dos filhos

Justiça deixa mãe de Vila Franca de Xira em desespero para reaver guarda dos filhos
Paula Filipa Mourão perdeu os filhos quando foi internada e desde então não conseguiu reaver a guarda dos menores

A vida de Paula Mourão não tem sido fácil. Depois de ser vítima de violência doméstica viu os seus filhos serem-lhe retirados enquanto esteve internada no hospital. Desde então tem estado em luta para reaver a guarda dos dois menores.

Há dois anos que o silêncio reina nos quartos da casa de Paula Filipa Mourão, em Vila Franca de Xira, onde os seus dois filhos costumavam habitar e brincar. A aflição na voz da mãe ouve-se enquanto partilha com O MIRANTE o desespero de estar há dois anos a tentar recuperar a guarda das crianças, sem sucesso.
As camas estão feitas e os brinquedos dispostos nos quartos à espera que as crianças regressem. A vida de Paula Mourão, de 28 anos, tem sido pautada pelo sacrifício. Foi criada no norte do país pelos seus avós e veio aos 14 anos viver com a mãe em Vila Franca de Xira numa casa de renda apoiada pelo município junto às piscinas da cidade, onde ainda hoje reside. A vizinhança diz ao nosso jornal que Paula Mourão é uma pessoa estimada no bairro.
Além de uma relação problemática de sete anos, em que foi vítima de violência doméstica, acumulou dois trabalhos para conseguir ganhar o suficiente para dar a melhor vida possível aos seus dois filhos: L. de 5 anos e M. de 4 anos. O excesso de trabalho e a pressão da relação deterioraram o estado de saúde mental de Paula Mourão, que sofreu um distúrbio bipolar e foi internada compulsivamente numa unidade psiquiátrica durante dez dias. Nesse período, como as crianças não podiam ficar com o pai, foram encaminhadas pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Franca de Xira para uma unidade de acolhimento em Lisboa e depois para o centro de acolhimento temporário da Fundação CEBI de Alverca. “Estive internada e sempre me foram dizendo que quando ficasse bem os meninos me seriam entregues novamente. Dois anos depois nada disso aconteceu”, lamenta.
Por ordem do Tribunal de Família e Menores a guarda das crianças foi entregue a acolhimento de familiares de Paula Mourão. “Ando numa luta constante para ter os meus filhos, especialmente numa altura em que estou equilibrada financeira e psicologicamente. Tenho casa e todas as condições para os ter de volta. No fim do ano um juiz de família e menores decidiu prorrogar durante mais seis meses a estadia dos menores junto da família de acolhimento. Mas não há motivo aparente para essa prorrogação. Quando fui ouvida pelo juiz nem tive oportunidade de falar nem tão pouco a minha advogada”, lamenta.
Paula Mourão trabalha num supermercado do Carregado onde está efectiva há um ano, está medicada e a ser acompanhada no hospital. As perícias médicas que mostra a O MIRANTE indicam que consegue exercer as funções parentais. O último relatório médico, emitido a 29 de Dezembro de 2023, revela que se encontra estável e motivada para continuar os tratamentos e acrescenta não haver indícios de consumos aditivos. “Mostrou preocupação com os filhos e a vontade de voltar a ter uma vida em conjunto”, lê-se.
O desespero da mãe acentua-se a cada dia que passa. “Sinto-me injustiçada pelo tribunal e pela Segurança Social. Não são capazes de ver o lado de uma mãe que ficou doente mas que já está a recuperar. Só falta ter os meus filhos de volta comigo para ter uma vida feliz”, lamenta. O MIRANTE questionou a Segurança Social sobre este assunto mas não recebeu resposta até à data de fecho desta edição.

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