Sociedade | 24-02-2024 21:00

Beatriz Amorim é de Pontével e estuda Física Nuclear na Alemanha

Beatriz Amorim é de Pontével e estuda Física Nuclear na Alemanha
Beatriz Amorim no centro de investigação GSI/FAIR, na Alemanha. fotoDR

Beatriz Amorim é estudante de Engenharia Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e aos 22 anos conquistou uma das bolsas Marie Sklodowska-Curie, estando na Alemanha a desenvolver investigação.

Tem orgulho em ser ribatejana e gosta das tradições locais, uma das razões para fazer parte do Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Pontével e da banda da Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense.

Beatriz Amorim, 22 anos, sempre teve fascínio por filmes de ficção-científica e sabia, na entrada para o ensino secundário, que o caminho a seguir seria a área das Ciências e Tecnologias. Recentemente ganhou uma bolsa Marie Sklodowska-Curie e está a viver uma experiência de seis meses na cidade de Darmstadt, na Alemanha, para identificar e estudar isótopos que provêm de núcleos pesados, como o Urânio-235, um trabalho que pode vir a ser importante, uma vez que há uma ilha de isótopos da Tabela Periódica ainda por descobrir. A jovem natural de Pontével, concelho do Cartaxo, conversou com O MIRANTE para assinalar o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, a 11 de Fevereiro.
Algo tão profundo como a origem do Universo despertou a curiosidade de Beatriz Amorim, que no ensino secundário estudava mesmo quando não precisava, principalmente nas disciplinas que a entusiasmavam mais, a Física e Química e a Matemática. O português era o seu tendão de Aquiles, confessa. Com um caminho linear, admite que para muitos jovens a transição para o secundário e a obrigação de escolherem uma vertente pode gerar muitas dúvidas. É filha do vereador da Câmara do Cartaxo, Fernando Amorim, e de Dina Lopes. A irmã, Catarina, seguiu a área da Economia como os pais.
Beatriz Amorim, estudante do último ano de mestrado em Engenharia Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é também membro do Grupo de Reações Nucleares, Instrumentação e Astrofísica (NUC-RIA) no LIP - Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas. A partir do Programa GET INvolved do FAIR - Facility for Antiproton and Ion Research, está a trabalhar em paralelo na sua tese de mestrado, que inclui a montagem de um detector, e equaciona realizar um doutoramento fora de Portugal, devido aos poucos recursos e institutos para fazer investigação na sua área, diz, explicando que o segredo está nas parcerias com outros países. Antes do doutoramento, quer candidatar-se a um estágio na Áustria. Conta que a Engenharia Nuclear tem vindo a ajudar nos instrumentos de cura do cancro e na investigação das células cancerígenas e é falada no âmbito das energias renováveis.

Orgulho em ser ribatejana
Beatriz Amorim tem orgulho em ser do Ribatejo e faz para manter as tradições locais. Dança no Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Pontével e toca trompete na banda da Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense. O último livro que leu, além dos de Física Nuclear para estar actualizada, foi durante o Verão e intitula-se “A Física do Impossível”, de Michio Kaku. O filme de ficção-científica que mais a marcou foi Interstellar, “pois relata uma situação que pode vir mesmo a acontecer”, e o último filme que viu foi Oppenheimer (2023), sobre o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer, o inventor da bomba atómica. O que sente mais falta é da família, do namorado e de qualquer comida confeccionada pela mãe. A maior aventura da sua vida é a que está a viver, porque é a primeira vez que está a morar num país sozinha. A temperatura é diferente e a maneira de ser das pessoas também.
As bolsas Marie Sklodowska-Curie, uma iniciativa da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), visam encorajar mulheres jovens a seguir uma carreira na área nuclear. A sua equipa de investigação na Alemanha é na sua maioria composta por homens, assim como a sua turma de faculdade, embora reconheça que a realidade está a mudar. Em 2022, havia quase 7,3 milhões de mulheres cientistas e engenheiras na União Europeia, mais 310 500 do que em 2021, representando 41% do emprego total na ciência e na engenharia. As mulheres que trabalhavam como cientistas e engenheiras operavam principalmente no sector dos serviços, compreendendo 46% dos cientistas e engenheiros deste sector, enquanto na indústria transformadora, apenas 22% dos empregados como cientistas e engenheiros eram mulheres, referem os dados da Eurostat. O que ambiciona no futuro, afirma, é ter sucesso na área e conseguir viver da investigação.

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