Depois do fecho inesperado a Cabana dos Parodiantes em Salvaterra pode reabrir em breve
O MIRANTE conversou com a proprietária da Cabana dos Parodiantes, Sofia Andrade, para saber o futuro do emblemático espaço em Salvaterra de Magos que fechou este mês ao fim de 50 anos de actividade.
A Cabana dos Parodiantes, estabelecimento fundado em homenagem aos Parodiantes de Lisboa a 27 de Dezembro de 1973, fechou durante este mês de Fevereiro para surpresa da população de Salvaterra de Magos e de outros concelhos da região ribatejana. Na quinta-feira, 15 de Fevereiro, cerca de uma semana depois do fecho, a proprietária Sofia Andrade revelou a O MIRANTE que está em negociações para o espaço reabrir. Embora não tenha revelado os pormenores do negócio, garantiu que se tudo correr bem os famosos “Barretes” não vão acabar.
Era exclusivamente da Avenida Dr. Roberto Ferreira Fonseca, da Cabana dos Parodiantes, que saíam os pastéis de laranja, amêndoa, ovos e açúcar, vulgarmente conhecidos por “Barretes”. Os tios de Sofia, José e Rui Andrade, membros do grupo que animou a rádio durante 50 anos, remodelaram a pastelaria Sol da Lezíria, que era dos pais, e onde já se fabricavam os pastéis desde 1946, dando-lhe o nome “Cabana dos Parodiantes”. Os pastéis, esses, ficaram conhecidos por “Barretes”. Sofia Andrade deu continuidade ao negócio depois do seu irmão Fernando, conhecido por organizar várias tertúlias culturais onde reunia clientes e amigos, ter falecido em 2019, aos 54 anos.
Há meio ano que o negócio não andava bem, admite a proprietária: “tinha clientes diários, mas a maior parte vinha de fora”, afirma. Apesar de servirem refeições, “o café e o Barrete” eram o padrão de consumo. Sofia Andrade, que agora vai fazer uma pausa na vida profissional, recorda entusiasmada que por ali passaram figuras como Ruy de Carvalho, Paulo Gonzo e a falecida actriz e esposa de Mário Soares, Maria Barroso. Conta que o espaço significa a sua infância e adolescência, uma vez que o pai, Rafael, e a tia Julieta, eram quem geria o negócio na ausência dos irmãos José e Rui Andrade. Segundo o cronista de Salvaterra de Magos, José Gameiro, a primeira pastelaria da família foi na Rua Machado Santos, antiga Rua Direita, por volta de 1936/1937. Um papel colado no vidro indica que os últimos “Barretes” estão a ser vendidos numa loja de decoração ao lado.
Presidente confessa tristeza pelo encerramento
O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, pronunciou-se pela primeira vez sobre o fecho da Cabana dos Parodiantes no dia da apresentação do Mês da Enguia, a 15 de Fevereiro. Hélder Esménio afirmou que o município “teve a máxima atenção à Cabana”, incluindo-a como ponto de interesse nos projectos turísticos, aproveitando para dizer que era cliente assíduo, principalmente quando o irmão de Sofia assumia o negócio. “Ficamos tristes, mas o que aconteceu não é uma surpresa para ninguém, pelo menos para quem acompanhou a vida da Cabana dos Parodiantes, que acumulou dificuldades ao longo de muitos anos e não conseguiu dar a volta”, referiu acrescentando que “a expectativa é que seja possível algum empresário vir a utilizar o espaço para fim semelhante e que queira preservar a memória do espaço”.