Sociedade | 27-02-2024 10:00

Atravessar indevidamente passagem de nível em VFX já resultou em 50 multas

Atravessar indevidamente passagem de nível em VFX já resultou em 50 multas
Passagem de nível do cais de Vila Franca de Xira é uma das mais perigosas do país e já vitimou 31 pessoas, a última das quais a 17 de Dezembro último

Quando as cancelas estão para baixo é proibido atravessar a passagem de nível do cais de Vila Franca de Xira mas muita gente continua a arriscar e a fazer orelhas moucas às recomendações da polícia. Meia centena foi multada em dois anos e em 2023 um agente evitou uma tentativa de suicídio no local.

Desde que os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) passaram a realizar trabalho gratificado pago pela Infraestruturas de Portugal para vigiar a passagem de nível do cais, em Vila Franca de Xira, uma das mais perigosas do país, 50 pessoas já foram multadas por atravessarem a Linha do Norte quando as cancelas estavam fechadas, os atropelamentos ferroviários desceram e até já foi evitada uma tentativa de suicídio no local.
Os dados foram avançados a O MIRANTE pela PSP. Atravessar a linha com as cancelas fechadas não é apenas arriscado como infringe a lei 276/2003, que decreta que os cidadãos só podem atravessar ou circular sobre as linhas férreas quando os meios de sinalização acústica ou luminosa apresentem indicação permissiva ou os agentes ferroviários em serviço o autorizem. As coimas vão dos 250 aos três mil euros no caso de pessoa singular e de 750 a 20 mil euros no caso de pessoas colectivas.
Um dos últimos moradores da cidade multados naquela passagem de nível contou a sua história a O MIRANTE mas quis manter o anonimato. Reformado e sempre cumpridor da lei, no final do Verão passado atravessou a linha quando as cancelas desceram o que lhe valeu, além de uma advertência da polícia, uma multa de 250 euros. O seu relato é um aviso à comunidade para não facilitar.
A PSP iniciou os seus serviços remunerados naquela passagem de nível a 4 de Maio de 2021 numa tentativa da Infraestruturas de Portugal - a responsável pela Linha do Norte - de reduzir a sinistralidade naquela passagem de nível, onde em 14 anos 31 pessoas perderam a vida, a última das quais a 17 de Dezembro último. “Muitos atravessamentos indevidos são evitados devido à presença policial no local, embora, em alguns casos, tenha sido necessária a intervenção policial de modo a evitar o risco para o cidadão e a ocorrência de acidentes”, explica a PSP a O MIRANTE.
Telemóveis e auscultadores aumentam riscos
“Aos cidadãos que iniciam ou que demonstram a intenção de iniciar o atravessamento com a sinalização acústica e luminosa activa, é-lhes realizada, em primeira instância, uma advertência de que não o podem fazer e da coima que pode advir dessa acção consciente”, explica a polícia. Em certos casos, o atravessamento ocorre devido a desatenção do cidadão, que não se apercebe que os meios de sinalização estão activos, normalmente devido à utilização de telemóveis, tablets ou auscultadores. Muita gente nem olha para as cancelas ou para a linha. “Noutros casos o cidadão refere estar com pressa e não poder esperar”, nota a polícia.
Acontecem também situações em que os cidadãos iniciam o atravessamento nos momentos seguintes à activação da sinalização de impedimento quando a cancela começa a baixar ou a levantar. “Ainda que a sinalização permaneça activa mas como as cancelas iniciam o levantamento há pessoas que consideram que não existe o perigo de acidente”, avisa a polícia, lembrando a importância da sua actuação na prevenção dos atravessamentos no dia-a-dia mas também quando, no último ano, impediu uma tentativa de suicídio no local quando uma pessoa se colocou em plena linha à espera do comboio. A pessoa foi retirada do local e encaminhada para apoio clínico. A O MIRANTE, a polícia aconselha a população a ser paciente, estar atenta à sinalização existente e que apenas inicie o atravessamento quando a sinalização acústica e luminosa está totalmente desligada.
Também o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Ricardo Carvalho, já disse estar preocupado com a segurança naquela passagem de nível. “Apelamos a toda a comunidade para que não facilite e redobre a atenção sempre que a tiver de atravessar”, disse o autarca a O MIRANTE aquando de mais um atropelamento no local no final do ano passado. “É uma passagem muito movimentada e as pessoas têm de perceber que é preciso muito cuidado. Incluindo não estar perto da linha porque só a deslocação do ar provocado pela passagem dos comboios de alta velocidade cria uma sucção do ar que é perigosa”, refere Ricardo Carvalho que, ele próprio, sofreu na pele a morte de um familiar naquele local quando era criança.

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