Sociedade | 02-03-2024 12:00

Salvaterra Fight Club forma com base na disciplina e respeito

Salvaterra Fight Club forma com base na disciplina e respeito
Salvaterra Fight Club treina todos os dias na sede do Clube Desportivo Salvaterrense

Salvaterra Fight Club é a mais recente associação do concelho de Salvaterra de Magos. Desenvolve as modalidades de Muay Thai e Jiu-Jitsu na sede do Clube Desportivo Salvaterrense. Disciplina, respeito e companheirismo são alguns dos valores praticados na associação.

Tálisson Santos e Caio Rosa, em conjunto com Nuno Nunes, são os responsáveis por fazer nascer em Salvaterra de Magos uma associação de artes marciais e desportos de combate onde se ensina valores como disciplina, respeito e companheirismo, antes dos socos e pontapés. O MIRANTE assistiu a um dos treinos de Muay Thai, que juntou cerca de duas dezenas de atletas de várias faixas etárias no novo ginásio na sede do Clube Desportivo Salvaterrense. “Sim, mestre” foram as palavras de ordem ao longo da hora e meia que durou a sessão.

Tállison Santos, natural do Brasil, foi para Salvaterra de Magos aos 12 anos. Actualmente tem 31 anos e o seu grande amor é a sua filha. Técnico de Informática de Gestão, exerce a profissão de militar da GNR e começou a treinar Muay Thai aos 15 anos num ginásio em Salvaterra de Magos, com o mestre Rui Molero. Caio Rosa, também natural do Brasil, iniciou os treinos na mesma altura. O primeiro foi campeão nacional em 2012 de amadores e Caio Rosa campeão nacional e vice-campeão várias vezes. Tállison Santos foi incentivado a dar treinos desde cedo e chegou a ser treinador-adjunto em campeonatos uma vez que era o aluno mais graduado. Conta que o desporto não era reconhecido, que não havia oferta e que agora os praticantes têm outras condições.
Quando o seu mestre saiu do ginásio passaram a treinar na garagem da casa de Caio Rosa, onde surgiu a ideia de criarem a própria equipa, apelidada de CT Team. Os treinos arrancaram no ginásio onde tudo começou a convite do professor Luís Afonso, que conhecia os jovens desde a infância. O Muay Thai teve quatro alunos durante o primeiro ano e meio, mas quando o primeiro atleta a competir, Diogo Silva, se sagrou vice-campeão nacional em São João da Madeira, apareceram dezenas de interessados. Em Setembro de 2023 reuniram com o vereador do desporto, Paulo Cação, que sugeriu criarem uma associação e mudarem-se para a sede do Salvaterrense. Tállison Santos aceitou o desafio e estreou-se no associativismo como presidente. “Os atletas de desportos de combate não se podem dar ao luxo de treinar uma vez ou duas por semana”, explica.
Quebrar o estereótipo de que as artes marciais são “desportos agressivos e arruaceiros” é a missão que carrega com Caio Rosa e Nuno Nunes, professor de Jiu-Jitsu: “aqueles miúdos que gostam de brigar na escola gastam a energia toda aqui e acabam por se transformar em miúdos calmos que só querem saber de treinar e competir. Os pais ficam admirados e sabem que não admitimos esse tipo de atitudes lá fora”, revela. Colocar Salvaterra de Magos no mapa através de um eventual campeonato nacional ou de seminários com atletas que foram campeões do mundo ou da europa é outro dos grandes objectivos para a comunidade conhecer a associação e experimentar um desporto que, na sua opinião, é uma mais-valia a todos os nivéis.

Duas campeãs nacionais de Jiu-Jitsu
Paula Dias é irmã de Nuno Nunes e Lara Maria é esposa. Aos 53 e 40 anos, respectivamente, praticam Jiu-Jitsu todos os dias depois do trabalho. São as únicas mulheres da turma e embora não seja um jogo de força precisam de estar preparadas, dizem. O trajecto começou no ginásio onde Nuno Nunes conheceu Tállison e Caio e onde tinha a sua equipa 2Brothers BFC. Paula Dias conta que o desporto se tornou um vício: “estimula-nos muito física e mentalmente porque temos de pensar no que o adversário vai fazer para nos defendermos e contra-atacar. Temos de pensar sob pressão e às vezes quando estamos quase sem respirar”, explica.
A cunhada, Lara Maria, perdeu 30 quilos que ganhou com a gravidez e o primeiro ano de treinos foi o mais difícil. “Todos os dias ia para casa com vontade de chorar e desistir mas por vergonha não o fiz. E ainda bem”, salienta. Ao contrário de Paula, que esquece tudo no tatami, não é fã da competição por causa do nervosismo e do facto de poder não dar tudo no tapete. “Todos os dias podemos ir mais longe e às vezes o nosso maior inimigo é a nossa mente”, defende Paula Dias, que compara o Jiu-Jitsu à vida: “o ego é muito amassado mas temos de nos erguer e continuar”.
Ambas são faixa azul e afirmam que todas as competições a que se propõem são uma conquista mas que as maiores conquistas são as pessoais. “Dá-nos força, coragem e capacidade de relativizar as pequenas coisas. Os treinos são uma obrigação diária como ir buscar o filho à escola ou ir trabalhar”, refere Lara Maria.

Lara Maria (à esquerda) e Paula Dias são campeãs nacionais de Jiu-Jitsu e treinam todos os dias na sede do Clube Desportivo Salvaterrense.

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