Sociedade | 04-03-2024 10:00

Agricultores de Vila Nova de São Pedro desesperados com gado à solta que destrói culturas

Agricultores de Vila Nova de São Pedro desesperados com gado à solta que destrói culturas
Agricultores estiveram reunidos com as autarquias locais, DRAP e DGAV em Março do ano passado na esperança de ser encontrada uma solução para o problema

Explorações de gado continuam a pôr em causa a segurança de pessoas e a destruir áreas de cultivo dos agricultores da zona de Vila Nova de São Pedro, que desesperam com os prejuízos. A Direcção-Geral de Veterinária e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas prometeram tomar medidas mas quase um ano depois não há efeitos práticos.

Os agricultores de Vila Nova de São Pedro e alguns de Manique do Intendente, no concelho de Azambuja, estão desesperados com o gado bravo de ganadarias locais, pertencentes à mesma família, que a partir do final da tarde se encontra à solta e invade propriedades agrícolas, causando avultados prejuízos nas culturas. O problema arrasta-se há décadas e nem o grito de revolta que deram numa reunião em Março de 2023, na qual estiveram presentes representantes da Direcção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV), surtiu qualquer efeito prático.
“As pessoas não aguentam mais esta situação que está para ser regularizada há uma série de anos. A partir de uma certa hora da tarde e noite é vacas por todo o lado, nas estradas, nas vinhas, e ninguém faz nada”, refere a O MIRANTE o vitivinicultor Jorge Correia, que recentemente investiu mais de 100 mil euros na plantação de quatro hectares de vinha em Vila Nova de São Pedro. Segundo afirma, os restantes agricultores, tal como ele, têm que “andar durante a noite” a vigiar os seus terrenos para ver se os animais não os estão a invadir. As ganadarias têm, ao todo, cerca de 300 cabeças de gado. Ainda recentemente, conta, foram dar com 11 vacas na vinha de um primo seu. “Quando vou dar volta à vinha tenho de ter cuidado porque se as assusto arrancam-na toda a tentarem fugir”, sublinha para depois criticar a “inacção das autoridades” perante os pedidos constantes dos agricultores.
Em Março passado, recorde-se, O MIRANTE esteve presente numa reunião em Manique do Intendente que juntou agricultores, representantes do município de Azambuja, Junta da União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa, DGAV, Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) e Guarda Nacional Republicana. Nesse encontro ficou acordado que a família responsável pelas ganadarias iria ser notificada por incumprimento às normas de bem-estar animal, que também implicam que estes não provoquem danos a terceiros, e que iriam fazer prospecção no terreno para identificar os locais onde se encontram os animais. “Já ninguém acredita que vão fazer alguma coisa porque até agora ninguém fez nada”, lamenta o agricultor salientando que os prejuízos são muitos e continuam a crescer.
Contactado pelo nosso jornal, o presidente da união de freguesias, Avelino Correia, diz que as queixas têm sido quase diárias e que o próprio enviou há cerca de duas semanas uma missiva à DGAV a lembrar que o problema continua. “Disseram-me que estavam a tratar, mas não tenho conhecimento do que estarão a fazer”, ressalva. A O MIRANTE a DGAV confirma o “levantamento exaustivo sobre os locais de permanência dos animais” que, refere, se encontravam com boa condição corporal. Mais acrescenta esta entidade que nas situações sem autorização para a actividade “foi efectuada notificação ao produtor” e, ainda, criado um grupo de trabalho para apurar “as causas da fuga dos bovinos e determinar quais as explorações envolvidas que possam ter viabilidade para regularização e quais devem ser notificadas para apresentarem um plano de despovoamento”.

Proprietários equacionaram avançar com queixa-crime contra população

Em 2020, ano em que o problema do gado bravo à solta já tinha sido notícia em O MIRANTE, uma responsável pela ganadaria instalada em Vila Nova de São Pedro disse ao nosso jornal que ia avançar com uma queixa-crime por difamação contra os populares que se queixaram do sobressalto que era andar na rua com toiros bravos à solta. Referiu ainda que a culpa da situação é dos proprietários de terrenos contíguos que abrem o portão e permitem a saída dos seus animais, embora nunca tivesse presenciado tal situação.

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