Sociedade | 07-03-2024 09:00

Salomé Rafael: Sucessivos casos de justiça envolvendo políticos fragilizam o regime

Salomé Rafael: Sucessivos casos de justiça envolvendo políticos fragilizam o regime
Salomé Rafael, presidente da Escola Profissional do Vale do Tejo

O MIRANTE não acompanha a campanha eleitoral para as legislativas por razões que se prendem com a falta de actualização da lei eleitoral; até ao dia da reflexão só falaremos de eleições nos casos em que o Homem morder o cão. No entanto estamos ligados. Todas as nossas notícias reflectem o dia-a-dia das pessoas e das instituições da região. Este jornal vai para as bancas a três dias das eleições e é o nosso contributo para darmos voz a quem ajuda a gerir o território e já sabe que vai eleger políticos de quem nada pode esperar ao nível da coesão territorial porque o Sistema aparentemente não o permite.

A presidente da Escola Profissional do Vale do Tejo, Maria Salomé Rafael, considera que os casos de justiça envolvendo políticos, que se têm sucedido, fragilizam o regime e entende que tem havido algum exagero na actuação do Ministério Público. “A minha opinião, não sendo especialista, é que o Ministério Público tem exagerado em relação ao tipo de investigações que faz, às informações que envia para o exterior, que muitas vezes não são nada, pondo em causa; e temos dois exemplos neste momento, governos que têm de se demitir, quer na Madeira que a nível nacional”, diz em resposta a questões de O MIRANTE sobre o momento que o país atravessa. E acrescenta: “Por conseguinte, julgo que deve existir uma reflexão muito séria relativamente ao que tem que se fazer na Justiça. Penso que o Ministério Público tem exagerado, fundamentalmente para dizer que manda e que tem poder. E isso não subscrevo”.
Quanto à agitação social causada pelas manifestações e greves de diversas classes profissionais, como polícias, professores, médicos, enfermeiros, agricultores, funcionários judiciais e outras, a empresária admite que “existe uma insatisfação generalizada”. Assume não estar de acordo com o que considera ser “o excesso de manifestações e fundamentalmente com as manifestações dos polícias” e refere que “por muita razão que as pessoas possam ter, devem existir princípios éticos e princípios de responsabilidade”.
Sobre se temos falhado enquanto país e se tem sentido isso na sua vida, Salomé Rafael diz que Portugal tem tido altos e baixos. “Tivemos períodos muito complicados, muito difíceis, tivemos a intervenção da troika, houve quem defendesse que se fosse para além da troika. No entanto, nos últimos anos, sobretudo no que diz respeito à consolidação das contas públicas isso foi conseguido. Evidentemente que neste momento estamos num período muito conturbado. Penso que os partidos políticos não estavam muito preparados para irem a eleições tão cedo”.
A ex-presidente da Nersant concorda que é necessário um pacto de regime entre os principais partidos em torno de questões fulcrais, nomeadamente em relação à Justiça, à Educação e à Saúde. “Existem matérias em que importava esquecer aquilo que cada partido político, do ponto de vista ideológico, pensa e num sentido de grande responsabilidade tentar uma solução possível em termos de pacto de regime”, declara a empresária, que acrescenta fazer os possíveis por confiar em instituições do Estado como a Justiça e o Serviço Nacional de Saúde. “De qualquer maneira, como disse, penso que deve haver um pacto de regime sobre estas matérias para podermos melhorar significativamente. O que temos não é o ideal”.
A questão do aeroporto não tem sido muito falada nos debates entre políticos. Questionada sobre se não seria importante perceber claramente o posicionamento de cada partido sobre o assunto, nomeadamente quanto à localização, Salomé Rafael responde afirmativamente. “Aliás já devia estar decidido há muito tempo onde o aeroporto vai ficar. O aeroporto é um desígnio nacional e é evidente que todos gostavam de ter um aeroporto na sua terra, mas isso não é possível. Por conseguinte temos que ver as melhores oportunidades. Defendo que não se pode perder mais tempo. Basta ver o aeroporto de Lisboa no Verão, cheio, sem as mínimas condições para as pessoas estarem”, conclui.

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