João Fernandes: “Custos e demora da Justiça são graves e tiram-me o sono”
O MIRANTE não acompanha a campanha eleitoral para as legislativas por razões que se prendem com a falta de actualização da lei eleitoral; até ao dia da reflexão só falaremos de eleições nos casos em que o Homem morder o cão. No entanto estamos ligados. Todas as nossas notícias reflectem o dia-a-dia das pessoas e das instituições da região. Este jornal vai para as bancas a três dias das eleições e é o nosso contributo para darmos voz a quem ajuda a gerir o território e já sabe que vai eleger políticos de quem nada pode esperar ao nível da coesão territorial porque o Sistema aparentemente não o permite.
Só há democracia quando os seus pilares fundamentais são acessíveis a todos e no seu estado actual a Justiça não garante um acesso pleno e fácil a toda a comunidade. A convicção é de João Fernandes, líder da bancada do Bloco de Esquerda na Assembleia de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho. Questionado por O MIRANTE sobre o actual estado do país e da região, o autarca lamenta que actualmente a Justiça se paute pela demora no tratamento dos processos e que a falta de recursos humanos ainda a torne mais lenta. “Vivemos num país em que a Justiça trabalha com um atraso recorrente e isso afasta as pessoas da Justiça, criando um sentimento de que a lei não é para aplicar”, lamenta.
Para João Fernandes a Justiça tira-lhe mais o sono que os actuais problemas da Saúde: “Comparado com a saúde, o problema da Justiça é mais complicado e há mais receio de corrigi-lo. Não são só os professores, médicos e enfermeiros que fazem greve. São também os oficiais de justiça e o que estão a emitir é um grito de alerta. Não podemos ter uma Justiça célere e que melhore investigue e condene quando faltam recursos humanos nessa área e as suas reivindicações não são escutadas”.
O autarca diz que há capacidade de melhorar a resposta de Saúde no país e em particular na região, entendendo que há meios para isso; o que falta é uma melhor gestão. Numa altura em que parecem banalizar-se as manifestações e reivindicações nas ruas, o autarca diz que isso é sinal de que a comunidade está atenta e a lutar pelos seus direitos, notando que o silêncio nunca significou progresso social.
“Sempre vi com normalidade a contestação popular e a luta de rua, é assim que sinto que se faz política. As manifestações são uma parte do discurso político e das reivindicações. É um sinal de que a sociedade ainda está activa e acredita que faz sentido protestar, dizer o que pensa, com a expectativa de mudança, porque numa democracia adormecida isso não aconteceria, estaríamos todos em casa à espera do próximo passo”, defende João Fernandes.