Sociedade | 10-03-2024 18:00

Doar livros a bibliotecas públicas da região não é coisa do passado

Doar livros a bibliotecas públicas da região não é coisa do passado
Joanna Whitfield, responsável pela Rede de Bibliotecas do Município de Azambuja, diz que no ano passado 37 pessoas fizeram doações particulares de livros

Por ano são doadas centenas de livros a bibliotecas municipais que, após revisão, são integrados na oferta disponibilizada ao público. Há quem faça pequenas doações e quem deixe de herança o espólio da sua biblioteca particular. A propósito do Dia Internacional da Doação de Livros O MIRANTE foi conhecer alguns exemplos na região.

Há quem considere um livro um bem precioso que deve ser reutilizado quando a narrativa ou conhecimento nele vertido já foram bebidos por quem o comprou. É por isso que há quem os doe a bibliotecas públicas, onde podem voltar a ser lidos pela primeira vez. E no concelho de Azambuja não falta quem tenha esse gesto. Segundo a responsável pela Rede de Bibliotecas do Município de Azambuja, Joanna Whitfield, no ano passado, 37 pessoas particulares realizaram doações ofertando um total de 2.866 documentos. “Muitas pessoas realizam doações ao longo do ano. Recebemos ainda de 16 instituições diferentes 27 documentos”, refere a responsável a O MIRANTE, acrescentando que o maior volume de doações ocorre, por norma, no final do Verão, altura que relacionam com as arrumações realizadas no período estival.
A maioria das doações parte de pessoas com idades compreendidas entre os 30 e os 70 anos, mas nem todos os documentos, explica, são integrados na colecção municipal, “pois nem tudo tem interesse para o público ou está nas devidas condições”. Entre os que doam existem os mais generosos que chegam mesmo a deixar, como se de uma herança se tratasse, o espólio da sua biblioteca particular ao município de Azambuja. Também os livros que resultam destas doações “são sujeitos a uma selecção técnica” e só os que tiverem interesse para a comunidade e estejam em boas condições vão parar às estantes das bibliotecas municipais. Um dos casos mais recentes a verificar-se no concelho de Azambuja foi o do espólio literário do ex-presidente da câmara, Joaquim António Ramos, que, por decisão dos seus herdeiros, foi doado à autarquia após a sua morte, em 2021.

VFX encaixou num ano mais de 12 mil livros e documentos ao seu espólio
Ainda no distrito de Lisboa as bibliotecas municipais de Vila Franca de Xira receberam, em 2023, como ofertas espontâneas da comunidade, 600 livros que foram integrados na colecção do município e disponibilizados aos leitores após verificação das suas condições, entre outras, o estado de conservação, serem ou não títulos já existentes na colecção da rede municipal de bibliotecas e se o prazo da sua edição não for superior a cinco anos.
No que toca ao Museu do Neo-Realismo (MNR) a Câmara de Vila Franca de Xira diz a O MIRANTE ter recepcionado no último ano 11.800 livros, a maioria proveniente de espólios que no seu conjunto são compostos também por diversa documentação e alguns objectos dos autores. “No caso destes livros só podem, em circunstâncias normais, ser consultados presencialmente no centro de documentação do museu”, explica o município, lembrando que as doações de espólios ao MNR precisam sempre de ser aprovadas em reunião de câmara.
Uma das últimas doações ao MNR foi aprovada pelo executivo municipal a 24 de Janeiro deste ano e entre o material doado está um conjunto de documentação da Fundação Sidónio Muralha - para incorporar o espólio literário e documental do museu -, uma doação de monografias, medalhas, gráficos e fotografias do legado de António Guerra Vieira e ainda seis fotografias para incorporar a exposição “A família humana”: cinco fotografias de Rita Barros e uma fotografia de Cláudio Garrudo.

Documentos raros e monetariamente valiosos
Mais a norte, no concelho de Tomar, a responsável pela biblioteca municipal, Maria Pereira, refere ao nosso jornal que têm recebido frequentemente ofertas de vários utilizadores que contribuem para o aumento do número e qualidade do catálogo, assim como o leque de documentos a disponibilizar aos utilizadores. As doações, explica, são maioritariamente feitas por pessoas a partir dos 40 anos, tanto utilizadores como não utilizadores, que oferecem um número reduzido de exemplares e propõem doações devido à morte de familiares.
As primeiras edições e documentos raros oferecidos pelo patrono da Biblioteca Municipal, Dr. António Cartaxo da Fonseca, são algumas das ofertas mais valiosas em termos documentais que compõem o espólio da biblioteca. Em termos monetários a doação de moedas do Comendador Manuel de Mattos está entre as mais valiosas.

Maria Pereira, responsável da Biblioteca Municipal de Tomar, refere que recebem frequentemente ofertas de livros de vários utilizadores

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