Sociedade | 11-03-2024 10:00

Cheias rápidas e incêndios industriais põem à prova a Protecção Civil de VFX

Cheias rápidas e incêndios industriais põem à prova a Protecção Civil de VFX
Ricardo Cândido, bombeiro de Alhandra, junto da Ford encomendada na década de 1980 na Flórida, Estados Unidos da América, que é uma relíquia da corporação

Município de Vila Franca de Xira celebrou Dia da Protecção Civil no Pavilhão do Cevadeiro com demonstrações e exposições abertas a toda a comunidade. Riscos climáticos são as maiores preocupações para o futuro.

A ocorrência de cheias repentinas, o combate a incêndios urbanos, florestais e industriais de grandes dimensões são as principais preocupações na lista da Protecção Civil Municipal (PCM) de Vila Franca de Xira. Numa altura em que as alterações climáticas trazem cada vez maiores e mais prolongadas ondas de calor os meios em Vila Franca de Xira estão a preparar-se para fazer face aos imprevistos.
Uma garantia que o município e o coordenador municipal da PCM, António Carvalho, deixaram a O MIRANTE à margem de um evento no pavilhão do Cevadeiro no primeiro fim-de-semana de Março que visou sensibilizar a comunidade para a importância da Protecção Civil e ao mesmo tempo dar a conhecer alguns dos meios envolvidos no socorro à população.
Depois de um surto de legionella, uma pandemia, um fogo num complexo de armazéns no Sobralinho há dois anos e um grande incêndio numa fábrica de paletes em Castanheira do Ribatejo no final do ano passado, a Protecção Civil de VFX não esconde que os fenómenos climáticos e os riscos industriais estão no topo das suas prioridades.
“Temos muita indústria no nosso concelho e temos especializado o nosso conhecimento a acudir a eventos de carácter industrial. Não tenho dúvidas que temos hoje em VFX o melhor dispositivo de socorro e protecção da nossa história democrática”, afiançou Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira.
Recentemente foram adquiridos para a PCM novas viaturas, estilo buggy, propositadamente para conseguir aceder aos novos - e estreitos - passadiços ribeirinhos entre a Póvoa de Santa Iria e o Parque das Nações para acudir quem precisa. “Também começámos a articular com as escolas um conjunto de simulacros onde, no ano passado, estiveram envolvidos 15 mil alunos. Cada pessoa é um agente de protecção civil e é um caminho que a sociedade tem de fazer para assegurar a sua resiliência”, explicou o autarca. A concretização da central única de bombeiros no concelho até ao final deste ano é também motivo de entusiasmo para os responsáveis, que acreditam que vai melhorar a resposta a quem precisa.
António Carvalho acrescentou que também o rio Tejo e a ferrovia são áreas onde é preciso vigilância e formação para actuar da melhor maneira. “Temos uma ferrovia muito importante e por isso temos feito formação específica para intervenção em comboios. E também é vital termos essas formações no socorro a náufragos porque cada vez temos mais entidades a fazer passeios no Tejo e estamos em articulação com a capitania do Porto de Lisboa para fazermos esse apoio à intervenção deles”, explicou.

Uma testemunha do fogo do Chiado

Na actividade promovida no Pavilhão do Cevadeiro estiveram envolvidas todas as entidades da Protecção Civil, incluindo Autoridade Marítima, corpos de bombeiros, Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública, onde além de exposições de equipamentos e viaturas também a população pôde participar em jogos, um simulador sísmico para sentir a trepidação associada a um tremor de terra, lições em suporte básico de vida, kits de emergência e demonstrações das forças de segurança.
Em exposição esteve também uma viatura de combate a incêndios da corporação de Alhandra com muita história, tendo servido, entre outras ocasiões, naquele que foi considerado um dos maiores incêndios urbanos da história contemporânea portuguesa: o fogo do Chiado, em Lisboa, em 1988, que destruiu 18 edifícios e queimou uma área equivalente a oito campos de futebol. Também esteve no grande fogo da antiga Fábrica do Arroz já no final da década do século passado e ainda hoje ajuda a corporação como suporte de segunda linha caso seja preciso. Da marca Ford, com um motor de oito mil cilindros cúbicos e 210 cavalos movidos por uma caixa automática, a viatura foi encomendada em 1984 a uma firma da Flórida, Estados Unidos da América, tendo sido paga pela corporação com a ajuda da câmara e de várias empresas da zona de Alhandra.
Natural de Alhandra, Ricardo Cândido seguiu os passos do pai que é bombeiro há 45 anos. “O bichinho ficou e quero ajudar quem precisa”, diz, lembrando a importância deste tipo de eventos junto da comunidade. “Para dar a conhecer o nosso trabalho às pessoas e ao mesmo tempo tentar arranjar mais bombeiros para o futuro porque está escasso, ninguém quer ser bombeiro”, lamentou.

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