Jorge Ferreira Dias volta à reunião da Câmara de Abrantes após cumprir pena de prisão com pena suspensa
Ex-construtor civil regressou à sala do Edifício Pirâmide onde em 2021 entrou com uma vara e agrediu autarcas e uma funcionária municipal em plena reunião de câmara. Jorge Ferreira Dias terminou a 3 de Março o cumprimento da pena a que foi condenado.
O antigo empresário de construção civil Jorge Ferreira Dias foi à última reunião do executivo municipal de Abrantes, a 5 de Março, informar que já cumpriu a pena a que foi condenado estando em liberdade desde 3 de Março, dizendo a quem governa Abrantes que não se esqueça que ele foi um dos maiores empresários daquele concelho “destruído pela câmara”. Jorge Ferreira Dias foi condenado em 2021 pelo Tribunal de Santarém a um ano e seis meses de prisão com pena suspensa por dois anos por ter invadido a reunião da Câmara de Abrantes e por agressões a autarcas e a uma funcionária municipal.
“Estive preso mas não se esqueçam, donos de Abrantes, do que me fizeram. Desde 1991 que sofro com esta casa por causa de uns prédios que a câmara se comprometeu a fazer uma urbanização e nem os desenhos fizeram”, afirmou o antigo empresário alegando que a câmara municipal o fez “perder milhões de euros”.
Jorge Ferreira Dias alegou ainda que a Justiça favoreceu o município de Abrantes nos processos que o envolvem e que a autarquia conseguiu enganar as autoridades, nomeadamente no dia em que o ex-empresário interrompeu a reunião camarária entrando na sala com uma vara. “Nunca quis bater em ninguém, agora os senhores bateram e há provas disso. Há gravação de tudo o que aconteceu e esconderam isso”, disse, rematando dirigindo-se ao presidente do município: “Não se esqueça que sou Jorge Ferreira Dias, um dos maiores empresários de Abrantes que foi destruído pela câmara”.
Em 2021, recorde-se, o Tribunal de Santarém absolveu-o do crime de ofensas à integridade física ao presidente da câmara, porque considerou que os ferimentos que o autarca sofreu num lábio não foram intencionais. No entanto, o tribunal não teve dúvidas que o ex-empresário tinha a intenção de interromper a sessão, que decorria no Edifício Pirâmide, levando uma vara que é usada na pastorícia para puxar as patas das ovelhas.
Um longo conflito com episódios caricatos
O ex-construtor civil, que ficou conhecido por em 2012 ter tentado invadir a câmara municipal com cinco burros em sinal de protesto, tem afirmado que continuam a correr processos na Justiça que o envolvem. Uma situação rejeitada pelo presidente do município, Manuel Valamatos, que vincou na última reunião do executivo, em resposta a Jorge Ferreira Dias, que consultado o gabinete jurídico daquela autarquia “não existe qualquer processo de natureza civil ou criminal que tenha como parte as construções Jorge Ferreira Dias Lda. ou Jorge Ferreira Dias nem o município”.
O autarca socialista, que herdou um litígio com Jorge Ferreira Dias iniciado pelo ex-presidente de câmara Nelson de Carvalho, quis ainda salientar que nunca teve nenhum processo com o empresário que estivesse relacionado com questões do Urbanismo. “Não tenho nada contra o senhor”, sublinhou Manuel Valamatos.
O longo litígio que opõe o ex-construtor civil à Câmara de Abrantes teve origem no início deste século, com um desentendimento sobre a posse de um terreno na cidade. Jorge Ferreira Dias imputa responsabilidades da sua ruína empresarial à Câmara de Abrantes devido a várias questões, entre outras, com o facto da autarquia lhe ter movido um processo judicial por questões relacionadas com uma parcela de terreno na freguesia de São Vicente, que foi desanexada do Olival da Barata e cedida pelo município a um investidor privado. O empresário alegou que o terreno lhe pertencia e considerou existir uma apropriação indevida de um bem que era seu, através da falsificação de documentos, por parte da autarquia, na altura liderada pelo socialista Nelson de Carvalho. No Outono de 2020 soube-se que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria (TAFL) absolveu a Câmara de Abrantes no processo intentado pelo empresário, em que este pedia uma indemnização de mais de seis milhões de euros à autarquia por danos morais.