Sociedade | 18-03-2024 21:00

Substituição de médico causa tensão entre USF de Vialonga e ULS Estuário do Tejo

A coordenadora da Unidade de Saúde Familiar Villa Longa informou publicamente que está há dois meses a tentar substituir um médico que saiu sem ter sido garantida alternativa. A Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo não gostou e alega que a médica extravasou as suas competências ao emitir um comunicado que “não é fiel à verdade”.

Os ânimos continuam tensos entre a Unidade de Saúde Familiar (USF) Villa Longa, de Vialonga, e a Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo (ULS), entidade liderada por Carlos Andrade Costa que desde o início do ano supervisiona o funcionamento dos centros de saúde e o hospital no concelho de Vila Franca de Xira.
Os dois organismos desentenderam-se desde que o médico Medina do Rosário saiu de Vialonga para dar consultas na vizinha USF de Vila Franca de Xira sem que a ULS tenha dado luz verde à contratação de uma médica para o substituir. Por isso, a coordenadora da USF de Vialonga não se conteve e veio lamentar publicamente estar há dois meses a tentar integrar uma médica para substituir Medina do Rosário mas sem sucesso.
Num comunicado emitido na última semana, Ana Isabel Correia, coordenadora da USF, informou os utentes que Medina do Rosário deixou de integrar a equipa de profissionais da USF de Vialonga e que, desde essa altura, a USF tem tentado encontrar uma resposta para a lista de utentes que tinham Medina do Rosário como seu médico de família.
“Decidimos convidar a médica Camila Ribeiro a integrar a equipa para ficar com a lista de utentes que ficou sem médico, convite que foi aceite, mas até ao momento não foi autorizada a sua vinda para a USF. A equipa solicitou várias vezes, nos últimos dois meses, que a situação se resolvesse de forma célere, sem resposta, pelo que a partir de 4 de Março a lista de utentes de Medina do Rosário deixará de ter médico de família”, avisou Ana Isabel Correia.
Os utentes sem médico de família devem agora dirigir-se à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados da Póvoa de Santa Iria para terem os cuidados de que necessitam. “Aguardamos a resolução desta situação o mais rapidamente possível para que continuemos a prestar os cuidados de qualidade que a população necessita e tem direito”, acrescenta a coordenadora da USF admitindo estar consciente do transtorno causado aos utentes.

ULS diz que comunicado não é fiel à verdade
A reacção da Unidade de Saúde Local foi quase imediata, acusando desde logo a clínica de Vialonga de estar a extravasar as suas competências. A ULS, administrada por Carlos Andrade Costa, diz que Medina do Rosário deixou de prestar serviço em Vialonga por decisão da USF e que o médico estava autorizado pelo ministro da Saúde a exercer actividade clínica até 25 horas semanais. “Actividade assistencial semanal que será realizada na USF de VFX pelo facto da USF de Vialonga ter prescindido dessas horas semanais”, explica a ULS, confessando “absoluta surpresa” pelo comunicado de Ana Isabel Correia. “Não é fiel à verdade e extravasa as suas competências enquanto funcionária desta ULS”, avisa a gestão da Unidade Local de Saúde, notando que existem imprecisões na explicação do que aconteceu.
“Camila Ribeiro concorreu, por livre e espontânea vontade, a uma vaga na UCSP da Póvoa de Santa Iria tendo apenas sido possível assinar contrato a 1 de Março. A UCSP tem inscritos utentes da freguesia de Vialonga sem médico de família atribuído e em situações passadas a USF de Vialonga também se deparou com a diminuição de médicos tendo o acompanhamento dos utentes sido assegurado pelos demais médicos da USF”, nota. A responsabilidade para encontrar um novo médico para a USF de Vialonga, confirma a ULS, é da responsabilidade daquela USF. À data de fecho desta edição de O MIRANTE o problema ainda se mantinha por resolver e os utentes de Medina do Rosário continuavam a ter de recorrer à UCSP da Póvoa de Santa Iria.

À margem

Falar é preciso

A caricata guerra de comunicados entre a USF de Vialonga e a entidade que supervisiona os centros de saúde do concelho de Vila Franca de Xira e de outros municípios, a Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, faz transparecer a ideia que, além da falta de médicos no concelho, falta também diálogo entre os diferentes organismos da saúde. Se no primeiro caso arranjar solução pode ser mais complicado, já quanto à falta de diálogo parece não haver desculpas. Se dentro da sua própria casa as entidades não se entendem nem pegam no telefone como podem os utentes ter as respostas de saúde que precisam?
Filipe Matias

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