Uma guerra por um médico em Vialonga que envolve a Póvoa de Santa Iria
A Unidade de Saúde Familiar de Vialonga e a Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo não se entendem sobre a necessidade de substituir um médico que saiu de Vialonga. Depois das queixas da coordenadora da USF, agora é a vez da comissão de utentes fazer ouvir a sua voz numa carta pública.
A Comissão de Utentes de Saúde de Vialonga está preocupada com o desentendimento existente entre a gestão da Unidade de Saúde Familiar (USF) Villa Longa, de Vialonga, e a Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo (ULS), entidade liderada por Carlos Andrade Costa, que ainda não deu luz verde à contratação de um médico pela USF para substituir outro que foi trabalhar para o Centro de Saúde de Vila Franca de Xira.
Numa carta aberta endereçada especificamente a Carlos Andrade Costa, presidente do conselho de administração da ULS Estuário do Tejo que, desde o início do ano, é a entidade que supervisiona o funcionamento do hospital e dos centros de saúde no concelho de Vila Franca de Xira, a Comissão de Utentes de Saúde de Vialonga alerta para a importância da administração da ULS “dar rapidamente provimento” aos pedidos que lhe foram enviados quer pela médica Camila Ribeiro, quer pela coordenação da USF de Vialonga, tendo em vista a sua transferência dos quadros da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados da Póvoa de Santa Iria para os da USF de Vialonga. “Evitando assim que à já extensa lista de utentes sem médico de família se somem mais 1.900 inscritos, ao mesmo tempo que permite a uma jovem profissional sentir-se realizada por trabalhar no Serviço Nacional de Saúde”, apela a comissão de utentes.
A ULS e a USF estão em confronto desde que o médico Medina do Rosário saiu para dar consultas na vizinha USF de Vila Franca de Xira sem que a ULS tenha dado luz verde à contratação de uma médica para o substituir em Vialonga. Por isso, a coordenadora da USF de Vialonga não se conteve e veio lamentar publicamente estar há dois meses a tentar integrar uma médica para substituir Medina do Rosário.
A comissão de utentes lembra que Camila Ribeiro cumpriu o seu internato na equipa liderada por Medina do Rosário e que por isso já conhece os seus utentes, valorizando ainda que Camila Ribeiro “foi a única médica a aceitar preencher uma vaga na área da ULS do Estuário do Tejo e que o fez por pretender ser posteriormente mobilizada para a equipa da USF de Vialonga”, refere.
Guerra de comunicados
A coordenadora da USF, Ana Isabel Correia, só pode falar publicamente mediante autorização da administração da ULS e devido a essa lei da rolha a profissional não pode prestar declarações a O MIRANTE. No entanto informou os utentes num comunicado dizendo que a USF tem tentado encontrar uma resposta para a lista de utentes que tinham Medina do Rosário como médico de família mas sem êxito. A ULS respondeu com um comunicado a acusar a médica de extravasar as suas competências. “Não é fiel à verdade e extravasa as suas competências enquanto funcionária desta ULS”, avisou a gestão da Unidade Local de Saúde, que à data de fecho desta edição ainda não tinha respondido à carta aberta da comissão de utentes.
“Camila Ribeiro concorreu, por livre e espontânea vontade, a uma vaga na UCSP da Póvoa de Santa Iria tendo apenas sido possível assinar contrato a 1 de Março. A UCSP tem inscritos utentes da freguesia de Vialonga sem médico de família atribuído e em situações passadas a USF de Vialonga também se deparou com a diminuição de médicos tendo o acompanhamento dos utentes sido assegurado pelos demais médicos da USF”, acrescentava a ULS Estuário do Tejo.