Sociedade | 29-03-2024 10:00

“Continua assim Domingos Chambel... que vais longe”

“Continua assim Domingos Chambel... que vais longe”
Ex-presidentes da Nersant, José Eduardo Carvalho e Maria Salomé Rafael, intervieram na última assembleia-geral para deixar alguns conselhos à actual direcção

José Eduardo Carvalho e Maria Salomé Rafael, ex-presidentes da Nersant, marcaram presença na AG e falaram para lamentar radicalismos da actual direcção e dar sugestões sobre que posturas adoptar para fazer face às dificuldades. Actuais dirigentes pareceram pouco receptivos.

José Eduardo Carvalho, ex-presidente da Nersant e actual presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), falou aos sócios na última assembleia-geral da Nersant pedindo mais discrição na forma como estão a lidar com as graves dificuldades da associação empresarial. “Há 14 anos que não entro neste auditório, nem numa assembleia-geral, e confesso que estou preocupado com a actual situação da Nersant. Gostava que esta minha intervenção colocasse um pouco de gelo nisto tudo, com base na minha experiência”, começou por dizer. “A pressão sobre a liquidez e tesouraria desta associação sempre existiu. Esta nunca foi uma associação rica. Eu nunca teria convocado esta assembleia-geral. Há dificuldades financeiras? Parece que sim; as dificuldades são insuperáveis? Não me parece; já houve dificuldades iguais a estas na história da associação? Sim, talvez piores; está a haver mais alarmismo? Está”, referiu.
José Eduardo Carvalho reconheceu que tem uma forma diferente de gerir do actual presidente da Nersant, António Pedroso Leal. “O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva convocou os ministros e disse-lhes que eles só podiam falar do passado durante seis meses. A partir dos seis meses estavam proibidos de falar do antigamente. Isto serve para todas as organizações”, vincou, acrescentando: “quando aqui cheguei estive seis meses às aranhas e aos papéis. Mais tarde, quando a associação já estava em velocidade cruzeiro recebemos a notícia que a região de Santarém ia ficar de fora dos sistemas de incentivos. Tínhamos uma quebra de rendimentos de 50% e nessa altura não havia apoios do Governo. Desistimos? Nem pensar; transmitimos que havia dificuldades? Nem pensar, de outra forma os bancos ficavam em alerta. A situação foi gerida com discrição. Não convocámos assembleias-gerais para dar conta das dificuldades como é agora o caso. Temos é de ser imaginativos a encontrar soluções para os problemas”, sublinhou.
José Eduardo Carvalho terminou a sua intervenção afirmando que no seu tempo “as equipas de trabalho eram mais coesas e tínhamos uma equipa que não deixava passar informação para o exterior. É impossível este distrito e esta região perderem o papel liderante que a associação sempre teve. Não podemos continuar a alimentar guerras nem a dividir sócios. Há uma clara divisão na estrutura associativa e isso não é bom para o futuro da Nersant”, concluiu.
As palavras de José Eduardo Carvalho parecem ter caído em saco roto. Domingos Chambel, presidente da assembleia-geral, que esteve recentemente três anos na liderança da direcção da Nersant, foi claro: “os tempos mudam e eu não sou da sua opinião de que a associação está tão dividida. Há meia dúzia de pessoas que não deviam cá estar. Sabemos bem quem tenta dividir a associação e quem a tenta fazer desaparecer”, disse. José Eduardo Carvalho, numa declaração que só foi audível para quem estava perto dele, comentou: “continua assim Domingos Chambel que vais longe”.

Uma assembleia-geral para falar de O MIRANTE

Mais de dois terços da assembleia-geral foram passados a falar de O MIRANTE e do escrutínio que tem realizado ao trabalho da actual direcção e da anterior, liderada por Domingos Chambel. “Não é normal estarmos constantemente a ser atacados pelo jornal. É permanente o ataque, hoje telefonam e logo a seguir mandam uma notícia para a rede. Vai haver uma assembleia e condicionam-na. Sabe o que me disseram os bancos quando comecei a negociar empréstimos e prazos? Nós lemos os jornais, vocês estão mesmo muito mal’. Isto é um bom serviço que se presta aos cidadãos? Um sócio que tem deveres para com uma associação e que diz mal dela todos os dias tem de se ir embora”, afirmou António Pedroso Leal, presidente da associação, continuando a sua intervenção em tom ameaçador. “Vivo muito empenhado no associativismo desportivo. A perseguição de O MIRANTE é de tal forma que já nos obrigaram a meter processos contra o jornal. Por acaso pratico artes marciais e não tenho medo de ninguém”, frisou.
António Pedroso Leal apresentou um slide com os valores que a Nersant investiu ao longo dos últimos 20 anos em publicidade no jornal. “Enquanto esta casa pagou a O MIRANTE ninguém disse mal da instituição nem dos seus dirigentes. Deixou de pagar e é todas as semanas a dizer mal. Onde é que está a ética? Não precisamos de ser criticados todos os dias. O nosso bom nome tem de ser protegido”, afirmou, concluindo: “uma vez O MIRANTE premiou-me como dirigente do ano e agora sou o palhaço de Domingos Chambel”, afirmou Pedroso Leal.

Persona non Grata
Domingos Chambel colocou à votação dos sócios uma proposta para a assembleia-geral deliberar que O MIRANTE e o seu director-geral deviam ser considerados “Persona non Grata”. Uma intervenção de Maria Salomé Rafael levou os dirigentes a emendarem a mão e a retirarem a proposta.

À margem/opinião

O rancoroso do Domingos Chambel

Domingos Chambel fez um mandato como presidente da direcção da Nersant e o seu maior trabalho foi desgastar o director executivo da associação, António Campos, até ele se despedir com justa causa. Se os tribunais funcionarem António Campos pode receber uma indemnização de mais de 200 mil euros.


Mas Domingos Chambel fez o pleno ao perder 20 funcionários durante o seu mandato: cinco não viram o seu contrato renovado, um saiu para a reforma e 14 foram à procura de emprego fora da Nersant. Só quem não conhece a Nersant acha que a associação pode sobreviver com meia dúzia de gatos pingados e sem a experiência dos funcionários do quadro que Domingos Chambel desafiou a procurarem outro rumo. Eis a lista: Ana Santos, Cátia Monteiro, Isidro Santos, Luís Amado, Sandra Pereira, Tânia Silva, Ana Carina, João Salvador, Lígia Silva, Maria Almeida, Maria João Ricardo, Patrícia Amorim, Paula Valério, Rita Oliveira, Rita Pedro, Sandra Martins, Sara Bugalho Sónia Roque, Teresa Silva e António Campos. A grande maioria eram pessoas ligadas aos projectos de empreendedorismo, com muitos anos de esperiência e de relacionamento com as empresas, num trabalho que dificilmente alguém conseguirá igualar em poucos anos.
Domingos Chambel sangrou a Nersant até ao osso e ainda tentou atingir todas as empresas, como a Terra Branca, que tinham parcerias com a associação e que davam dinheiro a ganhar em iniciativas conjuntas como está provado e já foi escrito. É verdade que a Nersant contratou outros técnicos, mas falta-lhes tempo e cultura para conseguirem render os que estavam no quadro de pessoal e demoraram muitos anos a perceber o segredo do negócio.
Domingos Chambel escolheu Pedroso Leal para o seu lugar, mas ficou lá dentro para ser o rancoroso de serviço. Pedroso Leal saiu pior que a encomenda; o seu desejo de protagonismo e o jeito que lhe dá ser presidente de uma associação empresarial é tão importante para o seu trabalho como solicitador de profissão que ou perdeu o juízo ou ficou cego pelo poder que conquistou com 80 votos, numa associação que terá cerca de três mil associados. Pelos estragos que vai fazendo, agravando a má gestão e os conflitos que Chambel semeou, ou os dois pagam a meias o funeral da associação ou tomam conta dela e contratam as Misericórdias da região para abrirem na sede da Nersant uma extensão de um lar para idosos.


A assembleia-geral extraordinária da Nersant para discutir a crise e as medidas EXCEPCIONAIS, em letra garrafal como foi escrito na convocatória, afinal foi para lavar roupa suja. Durante três horas só se discutiu o passado, as guerras internas, a relação com O MIRANTE e assistiu-se a uma forma inédita de condução dos trabalhos. Domingos Chambel parecia o presidente de todos os presidentes; chegou a dizer para uma plateia de 70 associados que os jornalistas não podiam intervir nem votar, quando na sala não havia jornalistas credenciados para assistirem à assembleia, mas sócios ou representantes devidamente identificados de empresas associadas. A postura rancorosa de Domingos Chambel em relação ao passado da Nersant foi bem visível durante a assembleia e só pode ter uma leitura: a Nersant com esta direcção nunca mais será como dantes. JAE.

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