Sociedade | 04-04-2024 10:00

Nersant hipoteca pavilhão ao ex-presidente que emprestou dinheiro em condições insólitas

Nersant hipoteca pavilhão ao ex-presidente que emprestou dinheiro em condições insólitas
Domingos Chambel

A nova direcção da Associação Empresarial da Região de Santarém aceitou fazer uma hipoteca voluntária do pavilhão de exposições ao anterior presidente, aceitando assim que Domingos Chambel fez três empréstimos, dois deles enquanto era presidente e outro já depois de sair.

A escritura da hipoteca valida esses empréstimos e deixa a associação com mais um ónus na sua difícil situação financeira para a qual contribuiu Domingos Chambel e a ter de pagar juros de mora se não liquidar os 317 mil euros no prazo.

A Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant tinha até quarta-feira, 3 de Abril, para pagar 317 mil euros ao anterior presidente da direcção, Domingos Chambel. O dinheiro foi emprestado pelo empresário que agora é presidente da assembleia-geral da associação em três transferências em Dezembro de 2022, em Abril de 2023 e em Outubro de 2023 e eram para pagar no prazo de 90 dias a contar de 3 de Outubro, que foi alargado por mais 90 dias, que vencem esta quarta-feira, 3 de Abril. Os empréstimos serviram para evitar o colapso financeiro da associação que vive com grandes dificuldades financeiras para as quais contribuiu a gestão do próprio ex-presidente.
Se a dívida não for paga a associação, que só tem dinheiro para salários para dois meses, vai ter uma situação ainda mais difícil. É que o não pagamento implica o encargo de uma taxa de 4% sobre a quantia em atraso até integral pagamento. E a hipoteca só será levantada quando a dívida estiver paga na totalidade.
O curioso neste caso é que só no final de Janeiro deste ano de 2024, cerca de cinco meses após Domingos Chambel ter sido substituído no cargo de presidente da direcção por Pedroso Leal, é que foi feita a favor de Chambel a hipoteca do pavilhão da associação para garantia do pagamento da dívida. A escritura da hipoteca voluntária é assinada por Pedroso Leal e pelo seu vice-presidente da direcção, Manuel Bartolomeu, que atestam os empréstimos, dois deles, no total de 217 mil euros, feitos ainda antes de serem eleitos. A alienação de património é uma competência da direcção, mas carece de autorização do conselho geral. No entanto a escritura de hipoteca não menciona ter havido essa autorização prévia.
Na última assembleia-geral da associação o ex-presidente deu a entender que os empréstimos não honoravam a entidade, mas de facto não é assim, já que são exigidos à Nersant juros de mora e o pagamento de despesas com honorários, escrituras, registos prediais, incluindo o seu cancelamento, bem como as despesas que em caso de incumprimento Domingos Chambel tenha de fazer para reaver o crédito, incluindo despesas com advogados, custas judiciais e quaisquer outras relacionadas com o incumprimento.
Na assembleia-geral de 20 de Março para falar da situação da Nersant, em que não foi votada qualquer medida, à excepção de um voto de confiança na direcção metido a martelo quase no final, Pedroso Leal disse por várias vezes que esta direcção estava a trabalhar com transparência, desvalorizando as notícias de O MIRANTE sobre a difícil situação da associação. Apesar de a questão do empréstimo ter sido levantada por um associado as explicações foram vagas, escondendo-se que havia uma hipoteca nem que o incumprimento implicava o pagamento de juros.
A Nersant tem sede em Torres Novas mas a escritura foi feita em Abrantes onde Domingos Chambel reside e é empresário.

À margem / opinião

Pedroso Leal pode pagar caro aventura associativa em que se meteu

Domingos Chambel emprestou por um curto período de tempo cerca de 300 mil euros à Nersant mas meses depois pediu e recebeu como garantia do pagamento desse empréstimo a hipoteca do pavilhão da associação avaliado em dois milhões de euros. As condições leoninas que fazem parte da escritura do empréstimo só comprovam a falta de escrúpulos de Domingos Chambel e o receio manifestado por muitos associados, e ex-colegas de direcção, que foi criado quase desde a sua tomada de posse, que levam a crer que a intenção de Domingos Chambel é acabar com a associação levando-a à falência.
A forma prepotente como tem atacado os seus antecessores acusando-os de má gestão, de gastos inúteis e outras atordoadas, que foi atirando em entrevistas aparentemente dadas por escrito, só comprovam a sua conduta imprópria para um dirigente associativo. António Pedroso Leal, que foi a escolha de Domingos Chambel para o substituir na presidência da direcção, se não pedir a demissão pode pagar caro a aventura associativa em que se meteu.

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