Sociedade | 06-04-2024 10:00

Ana Santos é cuidadora informal dos pais sem receber qualquer apoio

Ana Santos é cuidadora informal dos pais sem receber qualquer apoio
Ana Isabel Santos é cuidadora informal dos pais desde 2022 mas não tem direito ao subsídio de cuidadora informal principal por não residir na mesma casa que os seus pais

O dia de Ana Isabel Santos, natural de Tomar, é passado a cuidar da mãe, estando oficialmente como sua cuidadora informal. Filha de uma doente de Parkinson, diz que não tem condições financeiras para viver condignamente e lamenta não receber nenhum apoio da Segurança Social porque não reside em casa dos pais.

Ana Isabel Santos, de 49 anos, natural de Tomar, leva uma vida marcada pelo cansaço, desgaste físico e psicológico. É cuidadora informal dos pais há cerca de dois anos, mas até hoje não recebeu qualquer ajuda da Segurança Social uma vez que não reside a tempo inteiro na casa da família. “De manhã vou levantar a minha mãe e passo todo o dia com ela para a ajudar nas tarefas e dar-lhe as refeições. Simplesmente não durmo com ela porque também tenho direito a ter a minha vida individual. Por causa disso não posso receber qualquer apoio”, lamenta em conversa com O MIRANTE.
Alguns dias depois da conversa com o nosso jornal o pai de Ana Santos faleceu. Actualmente, continua a cuidar da mãe, de 77 anos, a tempo inteiro. Há vários anos que a mãe foi diagnosticada com Parkinson e desde 2015 que tem problemas de deslocação devido a um esporão calcâneo no pé. Quando já estava a recuperar, caiu e partiu o fémur, o que a tornou totalmente dependente apesar de actualmente já conseguir andar de andarilho. O pai de Ana Santos também foi diagnosticado com Parkinson há cerca de três anos e recentemente desenvolveu demência. A filha viu-se obrigada a ter de recorrer ao Centro de Dia, onde o pai passou os seus dias por não conseguir tomar conta de ambos.
No ano passado Ana Santos pediu o estatuto de cuidadora informal principal, que lhe foi recusado por não residir na mesma casa, embora passe todo o dia a cuidar da família deixando a mãe deitada numa cama com seguranças, apenas para ir dormir na sua casa. A mãe tem um relógio SOS que permite alertar a filha caso necessite de ajuda. Os preços elevados das mensalidades dos lares impossibilitam que seja uma solução, além do custo com os medicamentos e produtos de higiene como fraldas, onde gasta cerca de 200 euros por mês. “É uma vida muito cansativa e desgastante, não há feriados nem férias. Não tenho direito a estar doente”, confessa.

O que diz a lei

Segundo o reconhecimento do Estatuto do Cuidador Informal na Segurança Social, e para receber apoio monetário, os cidadãos que prestem cuidados permanentes ou regulares a familiares que se encontram numa situação de dependência (pessoa cuidada) têm de residir na mesma casa com a pessoa cuidada, ter condições de saúde adequadas e disponibilidade para prestar cuidados; “não exercer actividade profissional remunerada ou outro tipo de actividade incompatível com a prestação de cuidados permanentes à pessoa cuidada”; não receber prestações de desemprego ou ser pensionista de invalidez, nem receber remuneração pelos cuidados que presta à pessoa cuidada.

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