Municípios da região têm medidas para evitar abandono escolar precoce
A percentagem de retenção ou desistência dos estudos sobe à medida que a escolaridade avança.
A nível nacional as estatísticas apontam para um aumento do número de jovens que não terminam o secundário. Constância, Ourém, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha são os municípios com números mais elevados no Médio Tejo. Na Lezíria 8,3% dos alunos não passa de ano ou desiste do ensino secundário. Municípios contrariam estatísticas com programas de combate ao insucesso escolar.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indica que a taxa de abandono precoce da educação e formação em Portugal aumentou no ano passado para 8%, quebrando a tendência gradual de diminuição que se registava desde 2017. No Médio Tejo, comparando os vários anos lectivos desde 2016/2017, verifica-se que as percentagens de retenção ou desistência escolar nas escolas públicas são muito variáveis. Analisando os dados fornecidos pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, tendo como referência o ano lectivo 2021/2022, a taxa de retenção ou desistência no 1º ciclo de escolaridade foi de 1,50% no total dos municípios que compõem a região. No 2º ciclo de escolaridade a taxa sobe para 2,60%, no 3º ciclo para 4,40% e no ensino secundário para 6,30%.
No 1º ciclo, o município do Sardoal lidera a tabela com 5,50% de retenção ou abandono escolar, seguido de Abrantes (3,30%) e Mação (2,40%). Já no 2º ciclo, Abrantes tem 6,60% dos alunos que desistem ou chumbam, seguido de Tomar (3,80%) e Entroncamento (1,90%). No 3º ciclo, o Entroncamento destaca-se com 9,80%, seguido de Abrantes com 4,40% e o Sardoal com 4,30%. No ensino secundário, o concelho de Constância é o que regista maior taxa (8,30%), seguido de Ourém (7,60%), Torres Novas e Vila Nova da Barquinha com 7,50%.
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Intermunicipal da Educação (PEDIME) continua em vigor nos municípios do Médio Tejo. Actua nos agrupamentos de escolas, municípios e comunidade intermunicipal. Um dos objectivos passa por reduzir o insucesso e o abandono escolar antes do tempo, apoiar os alunos com maiores dificuldades, promover a cultura científica, das artes e das competências metacognitivas e diversificar as ofertas profissionalizantes. Para atingir resultados, algumas das medidas passam pela inclusão dos alunos, programar visitas de estudo, dar a conhecer o património natural e cultural e tentar cativar os jovens através das actividades Ciência Viva Médio Tejo e valorizar o ensino profissional.
CIMLT envolve pais
Nos municípios que fazem parte da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) a taxa de retenção/desistência de alunos, no ano lectivo 2021/2022, foi de 4,0% no ensino básico e de 8,3% no ensino secundário. Está em vigor desde 2017 o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da Lezíria do Tejo (PIICIE LT), financiado pelo Fundo Social Europeu, no âmbito do Portugal 2020 – Alentejo 2020. De acordo com a CIMLT a abrangência do programa reflecte-se nas taxas de escolarização superiores a 100% em vários níveis de ensino, um indicador do comprometimento dos estudantes com a sua formação. Através de dez equipas multidisciplinares de intervenção comunitária este programa desenvolve actividades nos 19 agrupamentos de escolas dos municípios associados da CIMLT, com vista a reduzir o abandono e insucesso escolar desde a pré-escola ao ensino secundário.
Cada município tem uma academia de inteligência emocional que realiza avaliações e acompanhamento psicológico, workshops e acções de sensibilização e oficinas criativas de inteligência emocional em contexto de sala de aula. Os alunos podem frequentar um programa de mentoria onde são trabalhadas individualmente as metas escolares e onde se combate o absentismo. A terceira acção do programa é a educação parental positiva que consiste na implementação de grupos de pais de crianças dos 3 aos 6/8 anos e dos 8 aos 18 anos para a realização de treinos de competências parentais, acompanhamento psicológico e coaching parental para diminuir os factores de risco familiar.
Oficinas criativas de meditação mindfulness, Laboratório Móvel de Inovação e Aprendizagens, aulas que são dadas na natureza e em contextos não formais, são outras das actividades desenvolvidas com os alunos. “O balanço do projecto é referenciado como bastante positivo e de sucesso, pelos beneficiários directos (crianças, jovens, encarregados de educação, docentes, assistentes operacionais) e pelos municípios da Lezíria do Tejo e 19 agrupamentos de escola”, sublinha a CIMLT.
VFX promove sucesso escolar
Muitos municípios do país optam por ter programas próprios para incentivar os jovens a prosseguir os estudos. Em Vila Franca de Xira, por exemplo, desde 2022 que a autarquia criou a Unidade de Promoção do Sucesso Escolar. O objectivo é promover o ajustamento psicossocial e o sucesso académico junto de crianças e jovens, promovendo a sua participação e envolvimento na comunidade, e capacitar os diferentes actores da comunidade escolar para a construção de relações saudáveis, facilitadoras da aprendizagem e crescimento. No ano de 2023 esta unidade desenvolveu 14 tipologias de acções distintas, envolvendo crianças, jovens, encarregados de educação, docentes e pessoal não docente, totalizando 5.274 sessões que abrangeram 5.333 participantes.
Quanto a dados concretos sobre a taxa de abandono escolar o município remete para o Ministério da Educação.