Sociedade | 07-04-2024

A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Ricardo Gonçalves com Maria Margarida Neuparth, que recebeu a condecoração em nome da família Torres Paulo

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

O presidente do Moçarria Aventura Clube, João Pedro Duarte, recebeu a medalha da ciclista olímpica Maria Martins, do presidente da assembleia municipal, Joaquim Neto

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

A medalha atribuída a Fernando Diniz Ferreira foi entregue por Pedro Canavarro à filha do homenageado, Isabel Araújo Ferreira

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Cacilda Maria do Rosário Rei recebeu a medalha do repórter de imagem José Carlos Lucas das mãos do vice- -presidente João Leite

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

António Rhodes Sérgio com a condecoração outorgada ao tio Ricardo Rhodes Sérgio e entregue pelo vereador Nuno Russo

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Olga Moreira evocou a mãe, Serafina Moreira

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

António Júlio Santos, homem do teatro escalabitano, com uma neta e o vereador Nuno Domingos

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

O investigador Miguel Castanho, aqui com a vereadora Beatriz Martins, enalteceu os valores da Liberdade

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

O empresário agrícola Joaquim Pedro Torres, criador da feira Agroglobal, com o vereador Alfredo Amante

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

O industrial António Cruz Costa com o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

As filhas de António Jaime Carvalho, Teresa Carvalho e Maria Amélia Macedo, com Joaquim Neto

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Ricardo Gonçalves condecorou José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

O empresário José Pereira Manata exortou as pessoas a lutarem em prol das suas terras

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Jorge Justino, ex-presidente do Instituto Politécnico de Santarém

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Gonçalo Eloy, Maria José Eloy e o vereador Nuno Russo na homenagem ao empresário José Júlio Eloy

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Hélia Dias, directora da Escola Superior de Saúde de Santarém, com Ludgero Mendes

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Manuela Magalhães Mota com um neto e a vereadora Beatriz Martins

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O historiador Vítor Serrão evocou a memória do pai, Joaquim Veríssimo Serrão

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Jorge Custódio, historiador e homem ligado à defesa do património

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Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém

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A importância da liberdade e da família destacados na entrega de medalhas de Santarém

Nuno Domingos, vereador da Cultura da Câmara de Santarém

A poucos metros do antigo quartel de onde saiu a coluna de Salgueiro Maia para ajudar a derrubar a ditadura o município de Santarém homenageou individualidades e instituições que se distinguiram na sua área de actuação.

A Câmara de Santarém homenageou 19 personalidades e instituições com medalhas municipais que assinalam o seu trabalho em prol da comunidade. A cerimónia de entrega das distinções decorreu no Convento de São Francisco, no Dia de São José, feriado municipal. Um reconhecimento ao mérito que sensibilizou os laureados ou os familiares que, por eles, receberam a condecoração. Os agradecimentos ao município e também a familiares, colaboradores e amigos cruzaram os discursos, tendo sido exaltados por vários oradores os valores da família, da amizade e da liberdade. Ou não se estivesse num espaço localizado paredes-meias com o antigo quartel da Escola Prática de Cavalaria, de onde saiu a coluna militar de Salgueiro Maia há 50 anos para ajudar a derrubar a ditadura.
O premiado investigador do Instituto de Medicina Molecular, Miguel Castanho, (Medalha de Mérito na área da Ciência) deu o mote confessando a “honra enorme” pela distinção do seu trabalho e a satisfação por a receber num espaço histórico, próximo do quartel de onde saiu Salgueiro Maia em 25 de Abril de 1974. “Não há progresso sem pensamento crítico e sem pensamento científico e isso só é possível em liberdade e em democracia”, disse, referindo que a cerimónia, “cinquenta anos depois de um grande acontecimento que nos trouxe a liberdade de expressão e de pensamento, é muito significativa e tem uma leitura histórica”.
Também de liberdade falou Jorge Custódio (Medalha de Ouro do Município de Santarém), historiador que coordenou o projecto de candidatura de Santarém a património mundial, já lá vão mais de duas décadas. “Nada teria sido possível se não tivesse lutado”, afirmou, sublinhando que a primeira luta foi contra a ditadura, na sua juventude, onde tinha como parceiros outros jovens escalabitanos. Uma “luta alicerçada pela família e também pelos valores de Abril” porque “sem esses valores não é possível continuar a trilhar na senda do progresso”.

A vantagem de ter nascido no meio de livros
Outro historiador, Vítor Serrão (Medalha de Ouro do Município de Santarém), encarou a homenagem como um estímulo para continuar o seu trabalho, evocando o pai, o também historiador Joaquim Veríssimo Serrão, com quem diz ter aprendido tudo. Assumiu como uma vantagem ter nascido “no meio de livros” e numa cidade que tem “um conjunto extraordinário” de património, reconhecendo que “muitos dos que foram hoje aqui galardoados tiveram que lutar muito arduamente para abrir os respectivos caminhos”. E sublinhou que Santarém “é também capital de liberdade e palco ideal para acolher esta multidisciplinaridade tão vasta”.
José Manuel Constantino (Medalha de Ouro do Município de Santarém), natural de Amiais de Baixo e presidente do Comité Olímpico de Portugal, mencionou os sacrifícios que os pais tiveram que fazer, “em tempos difíceis”, para darem formação académica ao filho. “Onde quer que estejam, porventura nunca imaginariam que o Zé Manel teria esta distinção pelas autoridades da terra onde nasceu. Dona Odete, senhor Manel Constantino, aqui estou. Espero que tenham orgulho no vosso filho como eu tenho em vocês”. Destacou ainda que o município o tem enchido de mimos, já que esta não foi a primeira distinção: “Sinto muito orgulho por o rapaz que saiu da terra aos 17 anos saber que a câmara municipal da terra onde nasceu reconhece o mérito da sua acção”.
O antigo presidente do Politécnico de Santarém, Jorge Justino (Medalha de Prata), deixou uma declaração de amor: “Ninguém pode abalar a minha verticalidade, o meu amor pelo Instituto Politécnico de Santarém, pela cidade e região de Santarém”. E deixou claro que esses sentimentos se mantêm “fortes e inalteráveis” e que vai continuar a pugnar pelo desenvolvimento da cidade e da região.
Do mundo académico veio também Hélia Dias, directora da Escola Superior de Saúde de Santarém, que recebeu a Medalha de Ouro do Município. Deixou palavras de apreço aos seus antecessores no cargo tal como aos presidentes do Politécnico de Santarém que acreditaram nesse projecto e o têm feito crescer. “Acreditem que a nossa missão continua a ser missão de serviço de formar melhores profissionais e, sobretudo, levarmos o nome da cidade a todo o lugar do mundo porque até esse privilégio já tivemos. Muito obrigada. Sinto-me verdadeiramente honrada. (…) continuemos o nosso caminho na procura de sermos felizes mas também fazermos cada um que está à nossa volta feliz”.
O empresário agrícola Joaquim Pedro Torres (Medalha de Mérito), criador da emblemática feira Agroglobal, partilhou a distinção, que considerou “muito importante”, com um vasto conjunto de pessoas, entre familiares, amigos e colaboradores, dizendo que teve a sorte de a sua actividade se desenrolar em meio agrícola. “Todos aqueles com quem trabalhei foram lições de vida”, vincou.

“Nunca desistam de trabalhar em prol das vossas terras”
Empresário em Amiais de Baixo, José Pereira Manata (Medalha de Mérito) tem um extenso currículo como benemérito e elemento activo do associativismo local. Cedeu terreno ao Clube Desportivo Amiense para a construção do seu pavilhão gimnodesportivo, foi presidente do Clube Desportivo Amiense ao longo de vários anos e um dos fundadores da Associação de Solidariedade Social e de Melhoramentos de Amiais de Baixo. Foi também presidente da Junta de Freguesia de Amiais de Baixo durante o mandato de 1989-1993.
“Nunca me passou pela cabeça ser condecorado pelo município de Santarém”, confessou o empresário de Amiais de Baixo, agradecendo ao presidente da câmara Ricardo Gonçalves e ao seu amigo e conterrâneo Joaquim Neto, presidente da Assembleia Municipal de Santarém. “Fiz sempre o melhor que era possível”, disse, agradecendo também à esposa e aos filhos, presentes na cerimónia. “Nunca desistam de trabalhar em prol das terras em que nasceram”, concluiu.
O industrial de Amiais de Cima António Cruz Costa (Medalha de Mérito) ainda iniciou o discurso dizendo que trabalha num sector muito difícil, o dos curtumes, com grandes diferenças entre o passado e o presente, mas a voz embargou-se com a emoção e abandonou o púlpito sob uma grande salva de palmas.
António Júlio dos Santos (Medalha de Mérito), também conhecido como Palhaço Pantufa, leva décadas a alegrar a criançada mas na sessão emocionou-se nos agradecimentos a familiares, amigos e colegas que com ele têm partilhado esse longo percurso ligado ao teatro.
Alguns dos premiados não puderam estar presentes para receber a distinção, casos da ciclista olímpica Maria Martins (Medalha de Mérito), representada pelo presidente do Moçarria Aventura Clube, João Pedro Duarte, e do empresário do ramo automóvel Jaime Carvalho (Medalha de Mérito), representado pelas filhas Maria Amélia Macedo e Teresa Carvalho.

Lágrimas de saudade
Outras personalidades foram distinguidas a título póstumo como o advogado, ex-ministro e fundador do PPD Joaquim Magalhães Mota e o empresário José Júlio Eloy (ambos com a Medalha de Ouro); e ainda o fotógrafo Fernando Diniz Ferreira, o repórter de imagem José Carlos Lucas, o cabo dos Forcados Amadores de Santarém Ricardo Rhodes Sérgio e a associativista de Almoster Serafina Moreira, todos no sector da Cultura. As medalhas foram recebidas por familiares, alguns visivelmente emocionados.
Gonçalo Eloy destacou que “é tão bom quando se lembram dos nossos”, dizendo que o pai, José Júlio Eloy, foi um apaixonado por Santarém que se envolvia totalmente nas causas em que acreditava. Olga Moreira, filha de Serafina Moreira, agradeceu a homenagem: “A minha mãe, que levou uma vida plena de trabalho para os outros, no sítio onde está certamente estará muito satisfeita, muito orgulhosa”.
Isabel Araújo Ferreira recebeu o prémio que distinguiu o pai, Fernando Diniz Ferreira, homem que deixou para a posteridade fotografias icónicas de Santarém. A viúva de José Carlos Lucas, Cacilda do Rosário Rei, emocionou-se ao evocar o repórter de imagem da RTP, natural de Vale de Figueira. A viúva de Magalhães Mota, Maria Manuela Magalhães Mota, não conseguiu falar.
Maria Margarida Neuparth, neta de Alfredo Torres Paulo (Medalha de Prata), recordou o médico falecido em Alcanede em 1987, que sempre manteve uma dedicação extrema aos seus pacientes. Durante mais de 50 anos salvou centenas de vidas numa época em que subsistiam fracas condições de vida e escassos recursos.
António Rhodes Sérgio, sobrinho do cabo dos Forcados Amadores de Santarém, Ricardo Rhodes Sérgio, deixou um apelo sobre o destino da medalha conferida a título póstumo: “É um pedido que fazemos: isto é para estar no museu do grupo [de forcados] de Santarém. O museu do grupo de Santarém está aberto três vezes por ano. O museu do grupo de Santarém é história, é cultura. São mais de 100 anos de uma instituição. Não sei se na nossa terra existe mais alguma com este tempo. Tragam-na para o centro da cidade”.

Distinguir a excelência, a perseverança e o altruísmo

O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, abriu a série de discursos, destacando o percurso de vida dos galardoados e o seu contributo para o engrandecimento da cidade e do concelho. “Estas medalhas simbolizam mais do que simples reconhecimento; elas representam os valores da excelência, da perseverança e do altruísmo. Cada um dos homenageados demonstrou um compromisso excepcional e alcançou grandes feitos nas suas áreas de actuação, enriquecendo assim a história do nosso concelho”.
Ricardo Gonçalves considerou que “ao longo dos anos Santarém tem sido abençoada com uma riqueza de talentos imensa, com pessoas que nos deixam exemplos de generosidade e espírito cívico marcantes”, referindo ser “importante lembrar as muitas gerações que vieram antes de nós e cujo trabalho e sacrifício ajudaram a construir a Santarém que hoje conhecemos e amamos”.
O autarca não esqueceu o suporte que a família e amigos constituíram nos trajectos de vida dos homenageados, que mencionou como exemplos: “Devemos, tal como o fizeram todos os homenageados de hoje, esforçar-nos para ser modelos de excelência cívica, para inspirar os outros a seguirem o nosso exemplo e trabalhar sempre em conjunto para enfrentar os desafios que nos aguardam”.

Padre António Vieira presente pela voz de Nuno Domingos

O vereador Nuno Domingos, que preside ao grupo de trabalho que aplica o Regulamento Municipal de Condecorações do Município por delegação do presidente da câmara, agradeceu essa incumbência no discurso com que encerrou a cerimónia, pela oportunidade de se envolver num processo que reputou da maior importância: “Reconhecer os maiores de nós, aqueles que mais se distinguiram e que, por isso, cuja vida é exemplo”. E destacou o privilégio de ter podido contar com “uma equipa de pensadores de excelência”: o presidente da Assembleia Municipal de Santarém, Joaquim Neto; o padre Joaquim Ganhão; Pedro Canavarro e Ludgero Mendes.
Nuno Domingos recorreu a um texto de um dos seus escritores favoritos, o padre António Vieira, para exaltar os méritos dos premiados com a seguinte reflexão: “Morrer de cem anos, e meninos, escura profecia; Se meninos, como hão-de morrer de cem anos; E se morrem de cem anos, como são meninos? Morrer de cem anos, e ser de cem anos, não é a mesma coisa. Os anos medem-se pela sua duração, a idade computa-se pela vida: Bem podem logo morrer de cem anos, e ser meninos; porque cada um não é dos anos que dura, é dos anos que viveu”.
O vereador da Cultura continuou, citando o padre António Vieira: “Se se houver de fazer este computo em cada um de nós; Se se houverem de abater e descontar do tempo das nossas vidas todos aqueles dias que passamos conforme o apetite, e não conforme a razão, como é certo que na hora da morte havemos de achar as contas muito desiguais: Os anos de que morremos, muitos; os dias que vivemos, poucos”. E concluiu, aí já por palavras suas, que “não é este o caso dos nossos homenageados: Pois todos os dias de sua vida, são de vida sua, porque vividos intensamente, não os desperdiçaram”.

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