Preços dos vinhos são escandalosos
Frederico Falcão vai para o segundo mandato na ViniPortugal. Fica chocado com os preços dos vinhos nos restaurantes e com as margens de lucro de 400%.
Com uma vida ligada sempre ao vinho, Frederico Falcão, que já foi presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, fica chocado com os preços das cartas de vinhos nos restaurantes onde chegam a ser praticadas margens de lucro de 400%. Não se envergonha de dizer que já bebeu vinhos de mesa e que um vinho caro não é necessariamente melhor que outro mais barato. É um apaixonado por espumantes e acredita que já não compensa fazer vinho a martelo. Desconfia que a mudança das direcções regionais de agricultura para as comissões de coordenação e desenvolvimento regional vai correr mal porque quando há muitos a mandar não há um rumo.
Um vinho para ser bom tem que ser regional, DOC ou reserva?
Não necessariamente. Mas os vinhos classificados têm a garantia de um controle de qualidade. À partida são vinhos que não têm defeitos porque são mais controlados. Há vinhos não certificados com bastantes defeitos, mas pode haver alguns com qualidade.
Quando vai a um restaurante o que pensa quando vê os preços dos vinhos?
Os preços dos vinhos nos restaurantes começam a ser um escândalo, sobretudo em Lisboa, que se vale do efeito turismo e de os estrangeiros terem poder de compra superior ao nosso. Ao subirem demasiado os preços estão a castigar o sector. Há uns anos os restaurantes praticavam cerca de 100% de margem e achávamos muito. Agora vêem-se margens de 200%, 300% ou 400%. Já é demais. Pegam em vinhos que compram relativamente baratos e metem nas cartas a preços astronómicos, é um abuso. Isso prejudica bastante o sector porque baixa o consumo. Parece que é o vinho que tem que pagar o que não ganham na refeição.
Qual é que tem de ser a estratégia para o futuro dos vinhos portugueses?
Estamos a trabalhar em 21 mercados e vamos ter alguns ajustes, mas em termos de linha de actuação não vai mudar muito daquilo que estamos a fazer. Já estamos relativamente bem posicionados no trabalho com os líderes de opinião, com jornalistas, com importadores. Temos que fazer um trabalho um bocadinho mais profundo para chegar aos consumidores, às pessoas que vão ao supermercado, ao restaurante ou à loja de vinhos.