Mariana Graça foi diagnosticada com ansiedade mas afinal tinha embolia pulmonar
Caso ocorreu no Hospital de Torres Novas a 1 de Abril mas não é mentira.
Carla Ferreira, mãe de Mariana Graça, de 27 anos, que sofreu uma embolia pulmonar, critica atitude do médico que atendeu a sua filha e lhe diagnosticou uma crise de ansiedade quando a jovem estava a ter uma embolia pulmonar. A mãe elogia a forma como a sua filha foi tratada no Hospital Distrital de Santarém, que rapidamente percebeu a gravidade da situação e encaminhou a paciente para o Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
Carla Ferreira tem vivido dias de angústia depois de a sua filha, Mariana Graça, de 27 anos, ter dado entrada no Hospital de Torres Novas com sintomas de cansaço extremo e falta de ar no peito. Diagnosticaram-lhe ansiedade, mas afinal o problema de saúde resultou de uma embolia pulmonar. Foi já no Hospital Distrital de Santarém, para onde a paciente foi reencaminhada, que se detectou a doença, tendo a jovem sido transferida para o Hospital de Santa Marta, em Lisboa. O MIRANTE contactou a Unidade Local de Saúde Médio Tejo que informou que, apesar de não haver qualquer reclamação formal sobre esse episódio, o conselho de administração deliberou a abertura de um processo de inquérito.
Uma semana antes de ir ao hospital Mariana Graça sofreu um entorse num pé e na segunda-feira, 1 de Abril, levantou-se com uma dor forte no peito e um cansaço que não era habitual. Durante a tarde deslocou-se ao Hospital de Torres Novas e o médico que a atendeu desvalorizou a situação, afirma a mãe. Mandou fazer um raio-x ao pé e à perna mas não aguardou pelo resultado dos mesmos tendo reencaminhado Mariana para o Hospital de Santarém para ser observada por um psiquiatra. Tanto a jovem como a mãe só souberam que ia ser transferida de ambulância quando os bombeiros chegaram para a levar. E só tiveram conhecimento que estava referenciada pelo médico para ser observada na especialidade de psiquiatria quando chegaram a Santarém.
Na carta, a que O MIRANTE teve acesso, o médico do Hospital de Torres Novas refere que a doente estava muito ansiosa, com uma crise de ansiedade. “Nem tenho palavras para descrever a forma como a minha filha foi tratada por este médico. De forma completamente displicente. Assim que chegou a Santarém o psiquiatra disse logo que o problema de saúde da minha filha não era da sua especialidade”, recorda.
Mariana foi logo encaminhada para fazer um electrocardiograma e a médica cardiologista foi muito clara após o resultado dos exames: a situação era grave e a jovem estava a ter uma embolia pulmonar. “Fiquei muito assustada com as palavras da médica”, confessa. No dia seguinte, depois de estabilizada, Mariana Graça foi encaminhada para o Hospital de Santa Marta, em Lisboa, onde lhe fizeram um cateterismo que durou mais de três horas. “A minha filha estava sedada mas tinha que estar acordada durante o exame. Os médicos não conseguiram contabilizar o número de coágulos que eliminaram e estavam espalhados pelos pulmões”, conta sem esconder a angústia. Entretanto, Mariana foi transferida para a Unidade de Cuidados Intermédios do Hospital de Santarém, de onde deverá ter alta nos próximos dias.
“O que se passou não pode acontecer”
A mãe conta a O MIRANTE que a filha teve uma tromboflebite aos 15 anos e desde essa altura que sempre que tem uma dor forte desmaia. “Os médicos diagnosticaram uma síndrome de choque na minha filha em que, por algum motivo, o corpo não reconhece a dor e sempre que se magoa a reacção do corpo é desmaiar. Ela torceu o pé e uma semana depois desmaiou. Quando recuperou os sentidos tinha sintomas de cansaço extremo e falta de ar e por isso deslocou-se ao Hospital de Torres Novas”, explica Carla Ferreira, residente na Golegã.
“O que se passou com o médico no Hospital de Torres Novas não pode acontecer. A minha filha acabou por ter sorte em ter ido para Santarém, onde foi muito bem tratada. Mas imagino as outras pessoas que lá estavam e foram atendidas por este médico. Estas situações têm que ser denunciadas porque a minha filha poderia ter morrido devido à falta de sensibilidade e cuidado do médico em causa”, criticou Carla Ferreira.