Sociedade | 16-04-2024 07:00

Claudino Serrano é, aos 87 anos, um dos comerciantes mais antigos de Samora Correia

Claudino Serrano é, aos 87 anos, um dos comerciantes mais antigos de Samora Correia
Claudino Serrano atende clientes na drogaria Serrano há 55 anos

Em Samora Correia todos conhecem a Drogaria Serrano, aberta há 55 anos por Claudino Serrano. Um estabelecimento que mantém a traça original incluindo o balcão por onde passaram várias gerações de clientes.

Claudino Pernes Serrano tem 87 anos e é um dos comerciantes mais antigos de Samora Correia. Há cerca de 75 anos que trabalha na Avenida O Século, primeiro como empregado de uma drogaria, durante 19 anos e depois, até hoje, como dono da Drogaria Serrano, onde está há 55 anos.
Nascido e criado em Samora Correia, com mais dois irmãos, o pai era capataz da Companhia das Lezírias e a mãe dividia as lides domésticas com o cultivo de batatas num terreno de família. “Samora Correia era a rainha das batatas. Durante quatro meses vinham carros de Lisboa para levar batatas para a capital”, recorda o comerciante.
Claudino Serrano acabou a quarta classe e aos 11 anos começou a trabalhar no comércio. Aprendeu a manusear os produtos e a arranjar soluções para os clientes. Por isso, aos 30 anos decidiu aventurar-se por conta própria. Ainda esteve para emigrar mas o apego à terra falou mais alto e aceitou a proposta de um conhecido para ficar com a casa que até hoje é arrendada à Drogaria Serrano.
No meio da profissão conheceu a esposa, que trabalhava na casa de um médico. Foi a companheira de uma vida. “Faleceu aos 83 anos e faz-me muita falta. Tivemos uma filha e tenho um neto com oito anos. Fiquei abalado com a morte dela, foi repentino”, diz comovido.
Quem entra no estabelecimento dá de caras com uma balança antiga, em perfeito estado de conservação e funcional. O balcão, de madeira maciça, é o mesmo desde há 55 anos. Até o escadote, feito à mão, resistiu à passagem do tempo. Já o quiseram comprar, para levar para França, mas Claudino não cedeu.

Atendimento de excelência
A Drogaria Serrano chegou a ter três funcionárias, mais Claudino e a esposa. Hoje, o comerciante vai mantendo as portas abertas para escoar os produtos que tem em stock. Não faz mais encomendas a fornecedores. Nas prateleiras ainda tem loiças e artigos de ferragens que já raramente se encontram e isso faz com que continue a ter clientes. “Antigamente tinha clientes de Vila Franca de Xira, Salvaterra de Magos e outras terras, porque eu tinha produtos que não se encontravam noutros lados. O serviço que hoje é feito em casas como a minha não é igual ao das grandes superfícies porque quem está atrás do balcão há 20, 30, 50 anos tem conhecimento”, sublinha.
A O MIRANTE diz que nunca apanhou grandes sustos por ter o comércio aberto. Há quatro meses foi abordado por quatro mulheres na loja que tentaram vender-lhe fruta, mas era uma manobra de distracção para poderem roubar. Acabaram por levar três pratos de loiça. Noutros tempos chegaram a levar um alguidar sem pagar e no dia a seguir faziam as compras como se nada fosse.
A Drogaria Serrano está aberta de segunda a sexta-feira, e aos sábados até às 13h00. Fora da loja, Claudino Serrano gosta de ver televisão mas só “coisas alegres”. Não usa telemóvel e deixou de conduzir. Ainda recebe telefonemas pelo telefone fixo, de fornecedores e conhecidos curiosos em saber se mantém o negócio. Sem problemas de saúde Claudino Serrano sente-se acarinhado pela comunidade e gosta muito de Samora Correia.

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