Enfermeiro que filmava doentes vulneráveis no Hospital de Abrantes foi suspenso
Além da suspensão do enfermeiro por filmar sem consentimento doentes especialmente vulneráveis, a Unidade Local de Saúde Médio Tejo participou o caso ao Ministério Público e instaurou um processo disciplinar visando o despedimento do profissional identificado.
O conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo anunciou a suspensão de um enfermeiro do Hospital de Abrantes e participação criminal por “filmagens não consentidas a doentes especialmente vulneráveis” com “maus tratos associados”. Em comunicado, a ULS Médio Tejo, com sede em Torres Novas, disse ter recepcionado “uma denúncia anónima, por email, contendo diversos ficheiros que contêm filmagens vídeo ilícitas, sem consentimento ou conhecimento dos utentes, que desconhecem estar a ser captados”.
Nessas filmagens, indica a ULS, “são perpetrados actos absolutamente condenáveis sobre doentes especialmente vulneráveis, que colocam em causa o respeito e dignidade pela pessoa humana e a deontologia inerente à nobre missão da prestação de cuidados de saúde”. Nesse sentido, refere a ULS, “a prioridade nas últimas 24 horas foi identificar o autor das imagens, instruir procedimento disciplinar e suspensão, e instruir todo o processo criminal junto do Ministério Público (MP)” com a devida “participação às autoridades judiciais de filmagens ilícitas com actos perpetrados a utentes vulneráveis por um profissional de saúde da ULS Médio Tejo”.
Na mesma nota, o conselho de administração da ULS Médio Tejo afirma estar “profundamente chocado e consternado com o teor das filmagens” que, pelo que disse ter conseguido “para já apurar, através do seu cuidado visionamento, foram realizadas há pelo menos três anos, em vários locais de trabalho e internamento da Unidade Hospitalar de Abrantes”.
Segundo a mesma nota, o “visionamento das imagens recepcionadas, com as chefias da instituição, permitiu também identificar pelo menos um enfermeiro da Unidade Hospitalar de Abrantes da ULS Médio Tejo associado a estes actos criminosos”. A ULS indica ainda que “assim que estas denúncias anónimas foram recebidas, cerca das 21h16 de 10 de Abril, quarta-feira, reuniu de emergência nessa mesma noite” e tomou medidas, entre as quais a “suspensão imediata do profissional identificado nas filmagens da instituição”.
A par da suspensão do funcionário, foi decidida a “instauração de processo disciplinar ao profissional identificado com vista ao despedimento, dando conhecimento da abertura deste procedimento à Ordem dos Enfermeiros”, a “entrega de todo o material recepcionado ao Ministério Público” e a “formalização de queixa junto das entidades judiciais competentes” com disponibilização de “colaboração total com as autoridades na investigação” do caso.
“Um sentido pedido de desculpas aos utentes”
Tendo feito notar que a instituição “tem como missão zelar pela segurança e o bem-estar dos seus utentes”, a ULS “condena veementemente qualquer forma de abuso ou negligência infligido àqueles que estão à sua guarda e cuidados”, tendo apresentado “um sentido pedido de desculpas aos utentes e uma palavra para a comunidade servida pela instituição”. E vinca que “os comportamentos demonstrados por este profissional não representam de forma alguma o trabalho que é desenvolvido pelos profissionais de saúde da instituição”. A ULS acrescenta que está a “trabalhar activamente para identificar os utentes que foram vítimas destes actos absolutamente inaceitáveis captados nos vídeos, e empenhado, igualmente, em assegurar todo o apoio necessário às vítimas e às suas famílias”.
A administração da ULS indica ainda que, “apesar das imagens, pelo que foi possível apurar, terem cerca de três anos, portanto antes da gestão do actual conselho de administração, o mesmo irá actuar de forma enérgica para aplicar as sanções que tiverem de ser tidas, doa a quem doer”. A ULS Médio Tejo assegura estar também comprometido em “garantir que este tipo de situação nunca mais se repita, levando este caso até às últimas consequências” e a “trabalhar no reforço dos procedimentos de segurança e reforço da formação dos seus profissionais de saúde”.