Novo fôlego para a Cabana dos Parodiantes com a ajuda da anterior dona do negócio
Rúben Roque, 34 anos e Guilherme Matos, 28, são os novos donos da Cabana dos Parodiantes, espaço mítico em Salvaterra de Magos que fechou em Fevereiro. Os jovens arrendaram o imóvel onde está o estabelecimento e foram buscar a anterior dona para ajudar a fazer os “Barretes”.
A Cabana dos Parodiantes, que encerrou em Fevereiro ao fim de meio século, em Salvaterra de Magos, vai reabrir com os empresários Rúben Roque, 34 anos, de Salvaterra de Magos, e Guilherme Matos, 28, do Porto Alto, ambos com outros negócios de restauração. Os empresários e amigos de uma década estão a reabilitar o espaço que se prevê que abra a 1 de Junho. Dada a proximidade à família Andrade, dos Parodiantes de Lisboa, a ex-dona do negócio, Sofia Andrade, estará envolvida na produção de “Barretes”, pastéis de laranja, amêndoa, ovos e açúcar, que apenas eram produzidos na Cabana dos Parodiantes, revelou Rúben Roque a O MIRANTE.
Rúben Roque explica que o conceito de petiscaria/cervejaria se vai manter e que as tertúlias culturais que Fernando Andrade, irmão de Sofia, organizava até falecer em 2019, aos 54 anos, vão voltar, embora não saibam se mensalmente ou bimestralmente. Os empresários vão manter a estrutura do espaço, mas melhorá-la e dar-lhe um toque de modernidade. A cobertura do edifício está a ser substituída e a esplanada será climatizada para refeições no Inverno; as imagens dos Parodiantes de Lisboa estão a ser replicadas por se encontrarem em mau-estado e daqui a um ano ambicionam criar uma sala exterior ligada a uma galeria de arte para dar oportunidade a artistas locais de exporem os seus trabalhos.
A grande aposta está na cozinha e em equipá-la, para assegurar a produção de “Barretes”. Rúben Roque quer recorrer ao pai, que tem um grupo de empresas, para que os “Barretes” cheguem às grandes superfícies e lojas gourmet. Já há equipa formada, entre ajudantes de cozinha, pasteleiros, empregados de mesa e de balcão, num total de sete funcionários.
Rúben Roque conta que com 19 anos já era proprietário de um bar em Salvaterra de Magos e que há cinco estava “apalavrado” com a dona da Cabana dos Parodiantes ficar com o espaço. A sua mãe tem um negócio de decoração ao lado, da mesma senhoria. Diz, em tom de brincadeira, que não há nenhuma receita para um negócio singrar “sem ser a do barrete”.
Sofia Andrade disse a O MIRANTE em Fevereiro que o negócio não estava a correr bem há ano e meio. Apesar de servirem refeições, “o café e o Barrete” eram o padrão de consumo. Contou que o espaço significa a sua infância e adolescência, uma vez que o pai, Rafael, e a tia, Julieta, eram quem geria o negócio na ausência dos irmãos José e Rui Andrade. Sofia Andrade recordou entusiasmada que por ali passaram figuras como Ruy de Carvalho, Paulo Gonzo e a falecida actriz e esposa de Mário Soares, Maria Barroso. “Tínhamos uma relação de família por isso é que também vamos colocar a Sofia a fazer barretes”, refere Rúben Roque.
A história da rádio e do humor em Portugal está intimamente ligada aos Parodiantes de Lisboa e aos irmãos José e Rui Andrade, naturais de Salvaterra de Magos e membros do grupo que animou a rádio durante 50 anos. Em 1973 remodelaram a pastelaria “Sol da Lezíria”, que era dos pais, e onde já se fabricavam os pastéis desde 1946, e deram o nome “Cabana dos Parodiantes”, tendo os pastéis passado a ser os “Barretes”. Um outro descendente da família, Fernando Andrade, esteve à frente do negócio até falecer. A Cabana dos Parodiantes estava entregue, até fechar, à irmã Sofia e ao companheiro.