Tomar vai perder forno romano com dois mil anos
Forno romano com cerca de dois mil anos descoberto na zona das obras do Flecheiro vai voltar a ser tapado. Presidente da câmara diz que o custo-benefício não justifica a manutenção desse achado visível e que a melhor forma de o preservar é cobri-lo com terra novamente.
Um forno romano com cerca de dois mil anos foi descoberto durante as obras do Flecheiro, em Tomar. O município organizou uma visita guiada à recente descoberta arqueológica com o arqueólogo responsável pela escavação, Carlos Batata, a 18 de Abril, no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. O que os cerca de 30 participantes da iniciativa não esperavam é que o presidente da câmara, Hugo Cristóvão, dissesse que “a melhor forma de preservar é voltar a tapar”.
O autarca explicou que “o custo-benefício não justifica”, uma vez que o custo seria superior a 50 mil euros e não garante a preservação do achado que se encontra numa zona inundável. Segundo o presidente, não é possível fazer uma caixa estanque, acrescentando que vão deixar um registo no local para memória futura. A decisão de encobrir o forno romano não agradou os participantes que esperavam a preservação do achado e a possibilidade de o voltar a visitar.
Carlos Batata explicou que o forno romano devia servir para cozer grandes quantidades de materiais como talhas, ânforas e telhas. Na visita ao achado estava visível a zona da fornalha feita de tijoleira e barro. O arqueólogo disse que ainda encontrou carvão da última queima. Próximo do forno romano, a cerca de 100 metros, foram encontrados vestígios muito destruídos das habitações dos forneiros que tinham o mesmo alinhamento, dimensões e materiais das casas típicas das urbes romanas.
Além disso, várias foram as descobertas na zona como materiais que remetiam à ocupação paleolítica com cerca de 100 mil anos. No entanto já não era novidade que o homem pré-histórico povoou o espaço da cidade, ideal para as suas actividades de agricultura, caça e pesca devido à proximidade do rio Nabão.
Carlos Batata frisou que a descoberta veio enriquecer o conhecimento sobre a história dos antepassados de Tomar, complementando-se com outros monumentos romanos como as termas medicinais junto ao pavilhão municipal, a Ponte Velha e a ponte que hoje é conhecida como o Açude das Ferrarias, além do Fórum Romano que está previsto abrir. “Tínhamos elementos suficientes para fazer um circuito de monumentos romanos”, referiu o arqueólogo a O MIRANTE, acrescentando que não vai acontecer uma vez que o forno não vai ficar visível.