Formar e reter talento é fundamental para desenvolvimento do ensino e empresas da região
A Casa do Campino, em Santarém, foi o local escolhido para a realização de uma mesa-redonda inserida na segunda edição da Inter-educa - Feira da Educação, Emprego e do Empreendedorismo. Uma iniciativa onde foi destacada a importância da existência de sinergias entre a Escola e as Empresas.
A Casa do Campino, Santarém, recebeu uma mesa-redonda com o mote “Transição de Conhecimento”, inserida na segunda edição da Inter-Educa - Feira da Educação, Emprego e do Empreendedorismo. João Teixeira Leite, vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém, foi o moderador da iniciativa, destacando a necessidade de se criarem sinergias e mais interacção entre as instituições de ensino e as empresas do concelho. O conjugar destas forças permite formar e reter talento, tornando o Ribatejo um território apetecível para os jovens e para o seu futuro, como afirmou Rogério Palmeiro, professor no Instituto Politécnico de Santarém.
Domingos Martinho, administrador do ISLA de Santarém, sublinhou a importância dos 50 anos do 25 de Abril, que permitiu o acesso ao ensino à grande maioria da população. Numa década, o número de alunos da instituição aumentou substancialmente. Em 2012/13 tinha cerca de 230 alunos e neste ano lectivo tem mais de 1500 alunos. 80% dos estágios curriculares são realizados em empresas do Ribatejo, segundo Domingos Martinho.
Elsa Benavente, directora de recursos humanos da JJ Louro Pereira, uma das mais antigas empresas de mobiliário em Portugal que conta com várias centenas de colaboradores, destacou a existência de um longo caminho a percorrer, sendo necessário mais ligações com as escolas profissionais e com o ensino superior. Elsa Benavente afirmou que há falta de soldadores, de bordadeiras e de serralheiros, trabalhos onde a empresa tem muita dificuldade em encontrar profissionais. Francisco Luís, CEO da Mocapor, uma empresa de comércio e indústria de mármores com um volume de exportação na ordem dos 82% e uma abrangência geográfica para 37 países, tem a mesma opinião. Com um volume de facturação de cerca de 12 milhões de euros, o responsável afirma que existe falta de formação prática, algo que só se consegue a trabalhar no terreno.
O paradigma da educação está a mudar e os encarregados de educação são pilares fundamentais no processo formativo de todos os jovens. Para Daniela Almeida, da FAPOESTEJO - Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação das Regiões do Oeste, Lezíria Tejo e Médio Tejo, mais importante que o lucro é a boa relação entre as escolas e entidades empregadoras, reinventando-se em várias áreas, retendo talento e fomentando a qualidade de vida na região.
A experiência de ex-alunos em painel “O sucesso depende de ti”
A tarde do segundo dia da Inter-Educa, a 17 de Abril, trouxe o debate sobre a experiência e os desafios de ex-alunos de cursos profissionais, num debate intitulado “O sucesso depende de ti”. Numa conversa moderada pelo professor José Avelino, os ex-alunos dos cursos profissionais deixaram o seu testemunho, do trajecto académico à experiência profissional.
Mariana Pereira estudou no Conservatório de Música de Santarém (CMS) desde os 10 anos até terminar o 12º ano de escolaridade. Foi no CMS que realizou o secundário, seguindo depois para a Escola Superior de Artes Aplicadas, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, para se licenciar em Música, com especialização em flauta transversal. Marco Carvalho foi aluno na Escola Profissional Vale do Tejo, onde fez a sua formação em Hotelaria, sala e bar e actualmente é um dos donos do Restaurante Terra Chã, em Rio Maior. Marco Costa Carvalho estudou no CENFIM, durante três anos, onde fez o curso de Técnico de Manutenção Industrial, equivalente ao 12º ano, e hoje trabalha na TAP Air Portugal. Samuel Santos formou-se no Centro de Emprego e Formação Profissional de Santarém, na Escola de Hotelaria de Fátima (EHF), e, actualmente, trabalha como Chef no restaurante Casa do Castelo, em Ourém. Ana Machado fez o curso na APPACDM de Santarém, depois fez um estágio em lavandaria, passando depois para empregada de serviços gerais. Actualmente frequenta o 9º ano, para se formar como Auxiliar de Acção Educativa, para realizar o seu sonho de trabalhar com crianças. Bruna Cartaxeiro, formou-se na EPTR como Auxiliar de Acção Educativa, frequentou um curso com a duração de um ano, de Acompanhamento de Crianças e Jovens, a que se seguiu a Licenciatura em Educação Básica e, por fim, fez Mestrado em Educação Pré-Escolar, habilitações que lhe permitiram ser Educadora de Infância num colégio privado em Rio Maior.
Na conversa, a opinião foi unânime, na medida em que a preparação dos cursos profissionais contém uma componente prática muito importante para preparar os alunos para a vida activa nas empresas e instituições. Quanto ao estigma que havia em relação aos cursos profissionais, os ex-alunos concordam que a visão mudou e actualmente estes cursos são considerados uma boa oferta lectiva, mesmo para quem quer seguir vida académica no ensino superior.