Sociedade | 06-05-2024 21:00

Peregrinações a Fátima ajudam a sobrelotar Centro de Recolha de Animais de Ourém

Peregrinações a Fátima ajudam a sobrelotar Centro de Recolha de Animais de Ourém
António Pereira, veterinário municipal de Ourém, com a cadela mascote Maria Inês no Centro de Recolha Oficial de Animais de Ourém

O Centro de Recolha Oficial de Animais de Ourém tem estado sobrelotado com animais abandonados, alguns dos quais vão com os peregrinos que os encontram no caminho para Fátima e os alimentam. O veterinário municipal de Ourém revela que há quem não coloque o chip obrigatório nos cães para não vir a ser responsabilizado.

O Centro de Recolha Oficial de Animais de Ourém tem 20 animais a mais do que a sua lotação e já não consegue alojar mais do que os 60 que acolhe actualmente. Desde Janeiro o centro chegou aos 75 animais, mas conseguiu que alguns fossem adoptados, senão a situação seria caótica. Uma das situações que mais complica o trabalho do centro são as peregrinações, diz o veterinário municipal, António Pereira, explicando que os peregrinos quando se deslocam para Fátima encontram muitas vezes um cão vadio que alimentam e que os segue até ao santuário. Depois quando voltam para casa o animal fica na cidade.
António Pereira, profissional há 33 anos e autoridade veterinária no concelho de Ourém há 25 anos, esteve à conversa com O MIRANTE a propósito do Dia Mundial da Medicina Veterinária, que se assinalou a 27 de Abril, e contou que normalmente são os habitantes que contactam o centro para ir recolher animais abandonados. Quando chegam são imediatamente desparasitados e pesados, passando por um período de quarentena para avaliar se apresentam alguma doença, sendo depois divulgados para adopção. “Temos tido resultados muitíssimo bons”, refere, esclarecendo que em 2023 foram recolhidos 461 animais (323 cães e 138 gatos), sendo que 377 foram adoptados (253 cães e 124 gatos).
O estado em que os animais chegam é muito variável, desde os que chegam em boas condições aos muitíssimo maltratados, resultado de atropelamentos, violência e queimaduras. “Os animais que são adoptados depois de terem sofrido maus tratos são os animais mais agradecidos e dedicados aos donos porque lhes dão estabilidade, comida, condições e carinho”, conta. Há animais que entram no centro com doenças que acarretam custos mais elevados, nomeadamente fracturas ou doenças como a Leishmaniose, sendo necessário decidir se o animal é recuperável ou sujeito a eutanásia por ter lesões irrecuperáveis e assim evitar o seu sofrimento.
“Ainda não temos protocolo com alguma clínica. Tudo o que fazemos é por carolice e pago com os donativos das pessoas”, explica o veterinário. Além disso, têm também animais vítimas de maus tratos que são recolhidos no âmbito da acção do Ministério Público e das autoridades. “É obrigatório todos os cães terem microchip, mas as pessoas não o põem deliberadamente para depois poderem abandonar os cães sem haver rasto”, diz António Pereira, realçando que também é obrigatória a vacina da raiva para três anos, o boletim sanitário e respectivo registo na base de dados no Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC). O município oferece o registo electrónico, a vacina para a raiva, esterilização e desparasitação aos animais que são adoptados no centro.

É preciso alguém para ajudar o tratador e os donativos
são bem-vindos

O balanço do programa de esterilização também teve resultados muito positivos em 2023 com 81 cães e 75 gatos esterilizados, sendo que neste ano já contam com 83 esterilizações. O veterinário afirma que não organizam campanhas de adopção, uma vez que o espaço é visitado regularmente por pessoas de todo o país devido às condições e disponibilidade que o centro dá aos visitantes para conhecerem os animais. António Pereira alerta ainda que todas as doações são bem-vindas, como camas e cobertores, brinquedos, produtos de higiene para o espaço e, essencialmente, comida para animais jovens e bebés.
Os dois funcionários do CRO Ourém, Jaquelina Simões e Luís Curdia, são o grande pilar do canil-gatil com uma disponibilidade total e uma paixão genuína pelos animais, conta, acrescentando que têm também dois animais mascote: o cão Lucky e a cadela Maria Inês. Encontrar mais tratadores para ajudar Luís Curdia tem sido uma grande dificuldade. O equipamento conta ainda com a ajuda de duas jovens voluntárias, assíduas, que ajudam sempre que é necessário e passeiam os animais, além de outros voluntários que também participam quando têm disponibilidade.

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